A II Guerra Mundial alterou completamente a configuração do mundo. O chamado pós-guerra impunha grandes desafios às populações e governantes de todo o mundo. A grande devastação provocada na Europa e na Ásia necessitava de amplos esforços de reconstrução econômica e social.
Por outro lado, as potências vencedoras, principalmente os EUA e a URSS, que haviam se aliado para lutar contra o nazifascismo, tornaram-se potências rivais logo após o fim do conflito, opondo o capitalismo ocidental ao chamado comunismo soviético, na configuração do que ficou convencionado chamar de mundo bipolar.
A criação da Organização das Nações Unidas (ONU) ainda nos meses finais da II Guerra Mundial era uma tentativa de instituir um organismo capaz de manter a paz e a segurança internacionais, bem como promover o desenvolvimento da cooperação entre os povos em vários aspectos.
Entretanto, esse esforço de unificação de ações governamentais em nível internacional coexistiu com as rivalidades do pós-guerra.
O mundo colonial europeu desmoronou rapidamente, levando ao surgimento de vários novos países na África e na Ásia. A Europa viu-se dividida entre as esferas de influência dos EUA e da URSS. O Ocidente europeu aproximou-se dos EUA, que retiraram suas tropas do continente. A porção oriental da Europa estava sob influência da URSS e das tropas de seu Exército Vermelho que se manteve nos territórios ocupados para lutar contra os nazistas.
Para expressar essa divisão do continente europeu, o primeiro-ministro inglês expôs a metáfora, em 1946, de que havia uma “Cortina de Ferro” que se estendia do mar Báltico até o mar Adriático, separando o chamado “mundo livre” (o do capitalismo ocidental) e o “mundo comunista” (sob influência do chamado comunismo soviético).
O mundo dividido pela “Cortina de Ferro” viveria ainda a denominada Guerra Fria. Através dessa guerra sem confrontos diretos, EUA e URSS pretendiam influenciar vastas extensões do planeta com seus sistemas socioeconômicos. O medo de uma nova Guerra Mundial substanciava-se na detenção de um grande arsenal nuclear por ambos os países.
O pós-guerra caracterizou-se também pela criação de mecanismos de cooperação internacional entre os países das duas esferas de influência.
Cartaz feito para divulgar o Plano Marshall
Na esfera de influência dos EUA, a expansão de seu sistema socioeconômico ocorreu através de alguns mecanismos de cooperação internacional criados já nos anos finais da II Guerra Mundial. Enquanto as tropas lutavam nos campos de batalhas, negociações econômicas entre os grandes grupos financeiros de ambos os lados em conflito ocorriam na Suíça, no Banco de Pagamentos Internacionais. O objetivo era manter a integração econômica e ampliá-la, mesmo durante o desenrolar da II Guerra Mundial.
No imediato pós-guerra, um plano de cooperação e de recuperação econômica e social foi proposto pelos EUA à Europa Ocidental. Totalizando um montante de 18 bilhões de dólares, o Plano Marshall foi essencial para a reconstrução socioeconômica da Europa e para conter o avanço do chamado comunismo soviético. No aspecto militar, a criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) tinha por objetivo fazer frente à presença das tropas soviéticas em solo europeu.
Selo húngaro feito para homenagear os países do Comecon *
Para responder a essas ações do ocidente capitalista no pós-guerra, a URSS firmou, em 1955, o Pacto de Varsóvia, que unia as forças militares da Albânia, Bulgária, Tchecoslováquia, Alemanha Oriental, Hungria, Polônia e Romênia. Economicamente, os países da esfera de influência soviética organizaram-se em torno do Comecon, instituído em 1949 e responsável pela integração econômico-financeira dos países considerados socialistas.
O principal símbolo dessa divisão do mundo foi a cidade de Berlim, na Alemanha. A criação do Muro de Berlim, que dividiu a cidade por quase 30 anos, expressou a tensão existente entre os dois blocos.
Durante a Guerra Fria, não houve conflitos diretos entre EUA e URSS, mas ambos participaram de vários conflitos indiretos. A Guerra da Coreia (1950-1953) e a Guerra do Vietnã (1965-1973) foram os principais exemplos da participação indireta dos dois países em conflitos armados durante a Guerra Fria. A eclosão da Revolução Chinesa, em 1949, contribuiu para acirrar essa divisão do mundo, já que o novo regime instalado em Pequim também se declarava comunista.
A configuração de um mundo bipolar, polarizado entre EUA e URSS, foi a principal característica do pós-guerra, dando início à chamada Guerra Fria, que iria ter seu fim apenas no início da década de 1990, com a derrocada da União Soviética.
Detalhe de um memorial da guerra na Inglaterra
*Crédito da Imagem: rook76 e Shutterstock.com.
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