Os espetáculos teatrais na Idade Média eram caracterizados por fortes elementos de caráter religioso. O tema central das apresentações eram as cenas de Natal, da Paixão, da Ressureição de Cristo e da vida dos Santos. Essas manifestações teatrais chamavam-se ludus e no começo eram realizadas no interior das igrejas. Com o passar do tempo o público teatral aumentou e as encenações exigiram que as representações fossem feitas em locais maiores, passando então a ser utilizado o adro (na frente) das igrejas ou um palco era construído para essa finalidade.
No século XII, os espetáculos litúrgicos passaram a se chamar mistérios, do latim ministerium; no sentido de agir, a palavra também significa drama. Com essa nova formação, o francês ocupou o lugar do latim, mas apesar desse ocorrido as características religiosas continuaram a ser temas constantes dos espetáculos teatrais. Aos poucos, nota-se nos temas teatrais o desligamento com os aspectos religiosos, tornando o enredo cada vez mais temporal. À medida que prosseguiu a temporalização, surgiram os temas cômicos, nesse momento as representações saíram dos adros das igrejas para as praças públicas das cidades.
No período medieval não existiam as casas de espetáculos e muito menos os teatros, com isso um palco provisório era confeccionado, espalhavam-se bancos nas praças para o povo e eram construídos camarotes ornamentados pela nobreza. Nos dramas litúrgicos, os atores eram os clérigos jovens: nas peças profanas eram os mascarados da cidade, artistas errantes. Do teatro dito profano, a peça mais popular era a Farsa do advogado Pathelin, de autoria desconhecida, a comédia era baseada na crítica feroz contra a esperteza dos advogados.
Outros gêneros do teatro profano foram a sotie e a moralidade. A sotie era uma sátira onde todos os personagens diziam a verdade porque estavam loucos, enquanto que a moralidade era uma apresentação de cunho moralista, onde os personagens simbolizavam o bem e o mal e nessa alegoria o bem sempre prevalecia.