Desde os períodos mais remotos, a formação dos grandes centros urbanos fez com que a produção de lixo se tornasse um dos mais importantes problemas das cidades. Afinal, tendo a capacidade de agrupar grandes coletivos, as cidades geram uma capacidade de consumo e produção de restos que tornam o lixo um incômodo que interfere no cotidiano, na saúde e na própria estética urbana.
Na Antiguidade, existem relatos que a cidade de Roma, mesmo contendo sistema de esgoto, era marcada por ruas onde o lixo era lançado na porta das casas. Na Baixa Idade Média, as péssimas condições de higiene e a presença de lixo e esgoto a céu aberto facilitaram enormemente a proliferação da temida Peste Negra. No início da Idade Moderna, a situação não avançou de forma significativa.
O problema do lixo urbano, por incrível que pareça, só passou a ser tratado pelas autoridades públicas há pouco mais de cem anos. No ano de 1884, Eugène Poubelle, então prefeito da cidade de Paris, estabeleceu um decreto obrigando que os donos de prédios fornecessem latas de lixo aos locatários dos apartamentos e salas. Em reação à novidade imposta pelo prefeito, os parisienses passaram a chamar suas primeiras latas de lixo de “boîtes Poubelle”, o que em português significaria “latas de Poubelle”.
Essa primeira ação foi o início de outros projetos de limpeza urbana que passaram a fornecer melhores condições higiênicas às cidades. No Brasil, as ações iniciais de limpeza das vias públicas aparecem na época do governo imperial. No ano de 1830, uma lei da capital imperial estipulava que houvesse o “desempachamento” das ruas da cidade. No caso, além de retirar o lixo, a lei de natureza “higiênica” determinava que as mesmas ruas fossem livradas dos mendigos, loucos, desempregados e outros animais ferozes.
Uma das primeiras ações organizadas para o serviço de recolhimento do lixo urbano apareceu no Brasil quando o governo imperial contratou o francês Aleixo Gary para transportar o lixo produzido no Rio de Janeiro para a ilha de Sapucaia. O sobrenome do contratado acabou sendo utilizado para a designação feita a todos os funcionários que realizam a coleta de lixo nas cidades.
Em termos culturais, o ofício de coletor de lixo foi por muito tempo desacreditado em terras brasileiras. Não raro, temos pessoas que reconhecem os garis como profissionais que exercem uma atividade de pouco prestígio ou importância. Atualmente, tendo em vista as campanhas de conscientização ambiental e o agravo do problema gerado pelos “lixões”, a ação dos garis é de grande importância para que realizemos a separação e reciclagem dos rejeitos que nós produzimos.
Por Rainer Gonçalves Sousa
Colaborador Alunos Online
Graduado em História pela Universidade Federal de Goiás - UFG
Mestre em História pela Universidade Federal de Goiás - UFG