Assim como a CIA e a KGB, agências secretas dos Estados Unidos da América e da ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, respectivamente, tornaram-se lendárias e temidas no contexto da Guerra Fria, o serviço secreto israelense, concentrado na agência Mossad, também semeou uma onda de temor e de controvérsias pelo mundo a partir da década de 1970.
Mossad é a abreviatura em iniciais hebraicas do nome “Instituto para Inteligência e Operações Especiais”. Essa agência foi fundada em 1949, dois anos após o reconhecimento internacional do Estado de Israel pela Organização das Nações Unidas (ONU). O intuito da criação da Mossad foi o de mesclar recursos de inteligência civil e militar com treinamento tático especializado em missões especiais para solidificar o sistema de segurança, espionagem e contraespionagem de Israel.
Desde a década de 1950, as operações da Mossad tornaram-se notórias e controversas. Um dos exemplos foi a captura do nazista Adolf Eichmann em solo argentino, mas sem a anuência das autoridades desse país. A operação que tornou a Mossad temida foi a retaliação aos membros da organização terrorista palestina conhecida como Setembro Negro. Essa operação recebeu o nome de “Cólera de Deus”.
O Setembro Negro havia perpetrado, em 05 de setembro de 1972, o sequestro e a morte de nove membros da delegação israelense em Munique, na Alemanha, durante a realização dos jogos olímpicos nessa cidade. O plano de retaliação contraterrorista, proposto pela Mossad, foi apresentado à premiê Golda Meir, que o sancionou ainda em 1972.
O programa da Operação Cólera de Deus consistia na localização, infiltração e assassinato de pessoas ligadas ao Setembro Negro em qualquer parte do mundo. A primeira morte dessa operação foi a de Wael Abdel Zwaiter, que foi baleado onze vezes por dois agentes da Mossad em seu apartamento em Roma.
O segundo alvo foi o Dr. Mahmoud Hamshari, representante do segmento francês da OLP (Organização para Libertação da Palestina), que, à época, tinha conexões diretas com o Setembro Negro. Hamshari morreu em consequência dos ferimentos provocados por uma bomba plantada em sua casa por agentes da Mossad infiltrados em Paris.
Outras mortes ocorreram nos anos seguintes, como a do professor Basil al-Kubaissi, que era suspeito de fornecer armas ao Setembro Negro. Basil foi morto a tiros quando voltava para a sua casa no Chipre. Outro alvo foi o chamado “Príncipe Vermelho”, Ali Hassan Salameh, chefe da Força 17, unidade de elite da Autoridade Nacional Palestina, e considerado o mentor do atentado de Munique. Entretanto, a operação da Mossad contra ele foi malsucedida em virtude de uma série de pistas falsas, talvez plantadas pelo próprio “Príncipe Vermelho”.
As ações da Mossad relacionadas com a Operação Cólera de Deus até hoje são postas em questão por organizações internacionais. Entretanto, as estratégias de contraterrorismo e espionagem continuam entre as mais eficazes do mundo.