Durante a segunda metade do século XIX, iniciou-se o processo de neocolonialismo que resultou na ocupação do continente africano pelas potências industrializadas da Europa. A ocupação da África veio acompanhada de movimentos de resistência, os quais surgiram em praticamente todas as partes desse continente.
Tópicos deste artigo
Neocolonialismo
Na segunda metade do século XIX, a Europa passava por intensas transformações tecnológicas que resultaram em inúmeros avanços no consumo de energia, na produção industrial etc. Esse avanços contribuíram para o desenvolvimento do capitalismo e levaram as nações europeias a novas demandas por fontes de matérias-primas e novos mercados consumidores.
Essa demanda fez com que as nações europeias gradativamente promovessem a ocupação do continente africano com o intuito de explorá-lo economicamente. Essa ocupação visando à exploração da África foi justificada como uma missão civilizatória que tinha como objetivo levar, juntamente com o cristianismo, os benefícios da civilização aos povos “atrasados”.
A missão civilizatória defendida pelos europeus baseava-se em ideais racistas da época, as quais afirmavam que o homem branco era naturalmente “superior” ao homem negro. No entanto, esses argumentos eram utilizados para esconder o real e único interesse dos europeus: a imposição de exploração econômica intensa sobre a África.
A ocupação do continente africano foi, por fim, organizada e estabelecida pelos países europeus a partir da Conferência de Berlim, realizada pelo primeiro-ministro alemão, Otto von Bismarck. Os dois únicos países que não foram ocupados pelos europeus nesse período foram Etiópia e Libéria.
Resistência africana
A ocupação do continente africano não aconteceu de maneira pacífica. Houve tentativas de resistência organizada por diferentes povos em todas as partes da África. A resistência buscava expulsar os invasores europeus ou, ao menos, tentar diminuir a influência dos europeus quando não fosse possível expulsá-los.
No entanto, em todos os casos, a vitória dos europeus ocorreu, principalmente, por causa da superioridade dos seus armamentos em relação aos africanos. Veja a seguir alguns exemplos de movimentos de resistência que aconteceram no continente africano.
-
Líbia
A Líbia, localizada no norte da África, foi invadida pelos italianos em outubro de 1911. Os invasores atacaram quatro grandes cidades líbias, Trípoli, Benghazi, Homs e Tobruk, e conquistaram-nas dos turcos otomanos, que até então dominavam o país. No entanto, a ação italiana provocou um grande levante de líbios que buscava a expulsão dos invasores.
A resistência líbia foi, a princípio, vitoriosa em impedir a expansão dos italianos, que ficaram reclusos a essas quatro cidades. No entanto, após a Primeira Guerra Mundial, os italianos deram início a uma ofensiva que gradativamente resultou na conquista da Líbia em definitivo.
-
Costa do Ouro
A região chamada de Costa do Ouro (atualmente Gana) era habitada pelo povo ashanti. Os ashanti organizaram um dos maiores movimentos de resistência enfrentados pelos britânicos no continente africano. Os primeiros conflitos entre britânicos e ashantis remontam ao século XVIII. A conquista parcial da região aconteceu em 1874, após uma grande ofensiva britânica na região, mas o controle definitivo sobre a Costa do Ouro só ocorreu oficialmente em 1896. Nessa época, os líderes ashanti haviam concordado em encerrar a disputa com o Reino Unido. Para consolidar seu poder na região, os britânicos prenderam e mandaram esses líderes para as ilhas Seychelles, localizadas no meio do Oceano Índico.
-
Madagascar
Na década de 1880, o Reino de Madagáscar era independente e liderado pelo primeiro-ministro Rainilaiarivony. Nessa época, estava sendo instituído em Madagáscar um programa de modernização para que o país pudesse desenvolver-se e, assim, evitar o domínio das potências europeias.
No entanto, politicamente pressionados por uma classe colonialista francesa e temendo o crescimento da influência britânica em Madagáscar, os franceses iniciaram o ataque ao país. A chegada dos franceses provocou o início das duas guerras dos malgaxes (habitantes de Madagáscar) contra esses invasores.
Com a derrota e a consequente destituição do governo malgaxe, o domínio dos franceses em Madagáscar foi consolidado e só chegaria ao fim em 1960.