A história do Império Romano foi iniciada com a fundação de Roma, que aconteceu em 753 a.C. com a união das aldeias latinas da região do Lácio, na Itália. Nesse período inicial, essa cidade adotou como sistema político a monarquia, que se estendeu até 509 a.C., quando o rei Tarquínio, o Soberbo foi deposto pelo senado romano.
Fundação de Roma
No século VIII a.C., a Península Itálica, região em que a cidade de Roma foi fundada, era habitada por diferentes povos. Dessa península, os etruscos habitavam o norte, diversos italiotas habitavam a região central e os gregos habitavam o sul. Roma foi oficialmente fundada em 753 a.C., após Rômulo ter unificado as vilas latinas que existiam na região do Lácio.
A fundação de Roma, a partir da junção das grandes aldeias latinas da região, ocorreu, conforme o relato do historiador francês do século XIX, Fustel de Coulanges, em um processo ritualístico da religião tradicional dos latinos em que a escolha da cidade foi feita com a interpretação de presságios e sua fundação oficializada em um ritual com os pater, os chefes das tribos latinas|1|.
A respeito da formação dessa cidade, os romanos antigos acreditavam em uma lenda que dava à fundação de Roma um caráter mitológico. Nessa lenda, Rômulo e Remo eram filhos de Réia Sílvia com o deus Marte e foram abandonados em um cesto no Rio Tibre por um usurpador, que havia tomado o poder de Alba Longa, uma cidade lendária do Lácio.
Segundo esse mito, Rômulo e Remo teriam sido encontrados e amamentados por uma loba e, logo em seguida, foram encontrados por um pastor de ovelhas que os criou até a idade adulta. Ao tornarem-se adultos, Rômulo e Remo retornaram a Alba Longa e devolveram o trono para Numitor, de quem eram netos, partindo, em seguida, para fundar uma nova cidade.
Um desentendimento (cuja causa tem várias versões na lenda romana) levou Rômulo a assassinar Remo. Rômulo, então, nomeou de Roma a cidade e tornou-se seu primeiro rei. Essa lenda procurava associar a cidade romana com os deuses (Rômulo e Remo eram filhos de Marte) para evidenciar sua predestinação a tornar-se poderosa e afirmar que os romanos possuíam a proteção dos deuses.
Características do período
Nesse período, Roma possuía uma monarquia cujos reis eram escolhidos pelos membros do senado romano. O estudo acerca desse período da história romana é extremamente complicado pela ausência de fontes que deem maior embasamento sobre detalhes importantes. Do período monárquico, sabe-se, até então, que existiram sete reis de origens diversas, como reis latinos, sabinos e etruscos.
O rei era o chefe administrativo, militar e religioso da cidade, e sua escolha era feita por eleição do senado. Após a morte do rei, o poder retornava ao senado, que governava temporariamente até que um novo rei fosse escolhido. O senado romano foi formado pelos principais chefes das tribos latinas que haviam fundado a cidade em 753 a.C.
A sociedade romana era composta pelos seguintes grupos: patrícios, plebeus, clientes e escravos. Os patrícios eram os descendentes dos pater, os chefes tribais dos latinos que fundaram a cidade. Eles representavam a aristocracia da cidade de Roma, eram donos das terras e somente eles poderiam ter acesso aos cargos políticos. O oposto aos patrícios eram os plebeus, que não possuíam direitos políticos, tinham pouca ou nenhuma terra e sobreviviam de seu trabalho.
Os clientes eram o outro grupo que formava a sociedade romana. Eles eram formados por plebeus e estrangeiros que prestavam serviços diretamente para uma família patrícia. Isso lhes rendia uma condição financeira mais confortável e proteção. Por fim, os escravos eram a base da sociedade, porém, nesse período, não eram numerosos em Roma.
Roma sofreu grande influência de seus vizinhos, etruscos e gregos, com cada um desses povos deixando sua contribuição para o crescimento e desenvolvimento dessa cidade. Dos gregos, os romanos herdaram a base de sua cultura e religião, além de terem aprendido noções de arquitetura (a arquitetura romana tornou-se famosa em razão de suas obras de grande qualidade).
A partir da influência dos etruscos, os romanos conseguiram desenvolver o seu comércio e aprenderam técnicas de manejo do solo, como a drenagem de pântanos. Nas últimas décadas do período monárquico, inclusive, a cidade de Roma foi governada pelos etruscos. Contudo, os historiadores não sabem ao certo quando se iniciou o domínio desse povo.
Fim da monarquia
O período da monarquia romana foi finalizado em 509 a.C., quando o rei de origem etrusca Tarquínio, o Soberbo, foi deposto de sua função e expulso da cidade. A partir desse momento, uma grande alteração nos quadros políticos de Roma aconteceu, e o poder político passou a ser concentrado no senado e na figura dos cônsules. Essa mudança marcou também o início do período republicano, que se estendeu até 27 a.C.
|1| COULANGES, Fustel de. A Cidade Antiga. São Paulo: Martin Claret, 2007, p. 146-148.
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