A mitologia nórdica foi o conjunto de histórias relacionadas às crenças religiosas dos escandinavos durante a Era Viking. Essas histórias foram passadas de geração em geração pelos bardos, os contadores de histórias. O conhecimento acerca dessa mitologia foi registrado, principalmente, pelo poeta islandês Snorri Sturluson em um livro chamado Edda em Prosa.
Quais são os principais registros da mitologia nórdica?
O mais famoso registro sobre a mitologia nórdica conhecido atualmente é a Edda em Prosa. Escrita pelo poeta islandês Snorri Sturluson por volta de 1220, essa obra buscava ser um manual de conhecimento para os poetas surgidos na Islândia do século XIII. O grande feito de Sturluson foi sistematizar a visão de mundo dos nórdicos em um texto extenso que aborda desde a criação do mundo até a destruição do universo no Ragnarök, evento semelhante ao apocalipse cristão.
Muitos historiadores criticam o registro de Sturluson alegando que a sua visão de mundo cristã poderia ter alterado elementos da mitologia nórdica, uma vez que a Islândia da época do autor já professava o cristianismo desde o ano 1000. Apesar disso, a Edda em Prosa ainda é considerada o principal documento sobre esse tema. O livro é dividido em quatro capítulos, e o principal deles –Gylfaginning (O logro de Gylfi) – conta a história de um rei sueco chamado Gylfi, que, em uma conversa com Hárr (supostamente outro nome de Odin), toma conhecimento da narrativa de todos os eventos desde a criação.
Outro registro importante foi a Edda Poética, que consistia em uma série de poemas na língua nórdica antiga agrupados em manuscrito. Conhecidos como Codex Regius, esses escritos foram localizados em uma fazenda islandesa em 1643. Alguns historiadores atribuem à Edda Poética maior importância que ao texto em prosa por causa da quantidade de histórias registradas em seus manuscritos.
Outras fontes de conhecimento em mitologia nórdica são as sagas islandesas (literatura típica da Islândia), crônicas históricas escritas por nórdicos ou estrangeiros, monumentos etc. Entre esses monumentos, destacam-se as runas, pedras com escritos nórdicos entalhados.
Figuras míticas importantes da mitologia nórdica
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Valquírias: mulheres sobrenaturais que serviam a Odin. A principal função delas era escolher os guerreiros que deveriam morrer na batalha e, em seguida, enviá-los para Valhalla. Esses escolhidos, então, lutariam contra os gigantes de fogo no Ragnarök. Segundo Langer, o termo valquíria deriva do nórdico valkyrja e significa “aquela que escolhe os mortos”|1|.
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Elfos: seres humanoides que faziam parte da crença escandinava. Acredita-se que os nórdicos prestavam adoração aos elfos porque estariam relacionados aos deuses nórdicos|2|.
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Gigantes: eram considerados, em geral, inimigos dos humanos. Nos poemas, Thor luta bastante contra os gigantes. Langer afirma que os nórdicos consideravam os gigantes seres “sujos, cabeludos, feios e estúpidos”|3|.
Deuses nórdicos
Os nórdicos possuíam uma série de deuses, como Odin, Thor, Loki, Freyja, Týr, Balder, Heimdall, Forseti. O principal deles, Odin, era considerado o pai de todos e o mais poderoso da mitologia nórdica. Ele possuía somente um olho, que havia sido arrancado para que o deus pudesse beber da fonte de Mimir e, assim, adquirir o conhecimento de todas as coisas.
Thor, o deus trovão, era o mais adorado pelos escandinavos. Além do cinturão que aumentava sua força, a principal arma e símbolo desse deus era o martelo chamado Mjöllnir. Os historiadores acreditam que o martelo de Thor tornou-se um símbolo para os nórdicos como forma de resistir à cristianização sofrida a partir do século X.
Loki era filho de gigantes e, por isso, muitos historiadores acreditam que ele não era considerado propriamente um deus para os vikings. Astuto, ele tramava constantemente contra os outros deuses nórdicos. Loki possuía três filhos: Hel, Fenrir e Jörmungandr, os catalisadores da destruição do universo.
O Ragnarök referia-se aos eventos catastróficos que levariam ao fim do universo na mitologia nórdica. Considerado pelos nórdicos da Era Viking um acontecimento futuro, ele seria antecedido por três ciclos sucessivos de inverno chamados de Fimbulvetr. Após o Ragnarök, um novo universo surgiria a partir da destruição do antigo. Muitos historiadores afirmam que o Ragnarök não fazia parte da crença nórdica e teria sido acrescentado pelos cristãos, que se basearam no livro bíblico do apocalipse.
|1| LANGER, Johnni. Valquírias. In: LANGER, Johnni (org.). Dicionário de mitologia nórdica: Símbolos, mitos e ritos. São Paulo: Hedra, 2015, p. 538-539.
|2| BARREIRO, Santiago. Elfos (Álfar). In: LANGER, Johnni (org.). Dicionário de mitologia nórdica: Símbolos, mitos e ritos. São Paulo: Hedra, 2015, p. 154-155.
|3| LANGER, Johnni. Gigantes. In: LANGER, Johnni (org.). Dicionário de mitologia nórdica: Símbolos, mitos e ritos. São Paulo: Hedra, 2015, p. 210.