Martin Luther King Jr. foi um ativista pelos direitos civis e pela igualdade de direitos entre negros e brancos nos Estados Unidos. Sua atuação como líder das manifestações antirracistas ocorreu entre a segunda metade da década de 1950 e a primeira metade da década de 1960.
A grande capacidade de discursar em público e de mobilizar grandes massas de pessoas para a realização de protestos pacíficos deu a King uma notoriedade internacional, a qual foi brutalmente interrompida com o seu assassinato em 1968.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Formação cristã e início da luta pelos direitos civis
- 2 - Caso Rosa Parks
- 3 - Marcha para Washington e o discurso “Eu tenho um sonho...”
Formação cristã e início da luta pelos direitos civis
Luther King nasceu em 1929, no dia 15 de janeiro, na cidade de Atlanta, Georgia. Era filho de um casal protestante batista. Seu pai era pastor e foi essa mesma vocação que King seguiu. Sua formação como estudioso de Teologia ocorreu no Seminário Teológico Crozer, no estado da Pensilvânia.
Quando ainda era estudante de Teologia, King conheceu uma jovem chamada Coretta Scott, estudante de música, com que se casou algum tempo mais tarde. Uma das maiores preocupações de King, assim como da grande maioria dos negros dos Estados Unidos daquela época, era a questão da segregação racial. Essa questão estava intimamente ligada ao passado da parte sul dos Estados Unidos.
A história dos EUA, assim como a do Brasil e de outros países do continente americano, foi marcada pela utilização do trabalho escravo negro em grandes lavouras de matérias-primas, como o algodão. Essas lavouras encontravam-se na região sul do país, que era, no século XIX, eminentemente agrária. Com a Guerra Civil Americana, travada na década de 1860, as diferenças entre a parte norte (antiescravista) e parte sul dos EUA (pró-escravista) ficaram ainda mais acentuadas.
Com a vitória do norte e a abolição da escravidão, os estados do sul, onde grande parte da população era negra, passaram a desenvolver legislações que impedissem a ascensão dos negros ao mesmo patamar de direitos que os brancos. Além disso, qualquer indício de resistência dos negros às medidas adotadas pelos estados era reprimida com as ações de grupos violentos, como a seita Ku Klux Klan, que perseguia e matava negros, e incendiava suas casas.
Em 1954, Luther King mudou-se com sua esposa para a cidade de Montgomey, no estado do Alabama, um dos mais racistas do período. King foi com a missão de ser pastor da Igreja Batista daquela cidade, mas ao mesmo tempo em que desempenhava suas funções religiosas, ele também observava as políticas de segregação racial e estudava as filosofias de protesto não violento, como aquelas desenvolvidas pelo líder indiano Mahatma Gandhi. No ano seguinte, King começou a ter projeção nacional como ativista antirracista em virtude do caso Rosa Parks,
Caso Rosa Parks
Em 1º de dezembro de 1955, um acontecimento de grande importância ocorreu na cidade em que residia Luther King, Montgomery. Uma senhora chamada Rosa Parks seguia viagem em um ônibus. No entanto, existia segregação racial até mesmo no uso coletivo dos ônibus de Montgomery. Havia espaços delimitados para negros e para brancos. No caso de todos os bancos para brancos serem ocupados, os negros, sentados, deveriam levantar-se e ceder seu assento aos brancos que estavam em pé. Foi o que ocorreu com Rosa Parks. O motorista do ônibus em que viajava exigiu que ela se levantasse para que um branco se sentasse. Ao recusar veementemente a ordem, Rosa Parks foi presa.
A prisão de Parks provocou a indignação generalizada dos negros de Montgomery e de outras cidades dos EUA. Martin Luther King foi um dos principais articuladores dos protestos em defesa de Rosa Parks, sobretudo em virtude do carisma e prestígio que tinha na cidade em decorrência de seu posto de pastor. Os sucessivos protestos e ações jurídicas movidos contra a empresa de ônibus de Montgomery culminaram na libertação de Rosa e na abolição, por determinação da Suprema Corte dos EUA, da segregação racial do transporte público daquela cidade.
Nos anos seguintes, King já era figura pública conhecida, aclamada por seus simpatizantes e odiada por aqueles que eram contrários à dessegregação racial. Em 1957, o pastor King formou a Conferência da Liderança Cristã no Sul, organização de cristãos negros do sul dos EUA que se tornou o carro-chefe na batalha contra o racismo nesse país.
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Marcha para Washington e o discurso “Eu tenho um sonho...”
As atuações em Montgomery, como dito, deram projeção nacional a Martin Luther King. No início dos anos 1960, o líder dos negros do sul estadunidense passou a organizar manifestações cada vez maiores em outras regiões do país, chamando atenção da imprensa internacional. King possuía uma voz firme e uma boa retórica, o que lhe garantia ter domínio sobre seu público. Seus discursos passaram a ser ouvidos por outros movimentos organizados que também defendiam uma postura pacifista, como aqueles que eram contra a Guerra do Vietnã, por exemplo, que acabaram também lutando pelos direitos dos negros e vice-versa.
Entre os discursos de Martin Luther King, o mais célebre foi pronunciado em 28 de agosto de 1963 na capital americana, Washington. Cerca de 250.000 pessoas marcharam para Washington para fazer a maior manifestação da época em prol de direitos iguais para brancos e negros. Essas 250.000 pessoas ouviram o discurso que ficou caracterizado pela repetição da frase: “I have a dream”, isto é, “Eu tenho um sonho”, no qual King expressou o desejo da convivência harmônica e amistosa entre negros e brancos, como pode ser visto no trecho abaixo:
Eu tenho um sonho que um dia essa nação levantar-se-á e viverá o verdadeiro significado da sua crença: “Consideramos essas verdades como autoevidentes que todos os homens são criados iguais.” Eu tenho um sonho que um dia, nas montanhas rubras da Geórgia, os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos descendentes de donos de escravos poderão sentar-se juntos à mesa da fraternidade.
No ano seguinte, em 1964, Martin Luther King recebeu o Prêmio Nobel da Paz como reconhecimento por sua luta e sobretudo pela estratégia de luta: a manifestação pacífica. Data desse ano também a publicação de seu livro “Why We Can't Wait” (“Por que não podemos esperar”).
Morte na cidade de Memphis, Tennessee
No dia 4 de abril de 1968, Martin foi assassinado em Memphis, Tenessee, por James Earl Ray, na sacada do Hotel Lorraine, com um tiro. Inicialmente, alegou-se que Ray, que era presidiário fugitivo, havia sido contratado para matar King, mas as investigações sobre o caso nunca chegaram a confirmar essa hipótese. O motivo mais exato para a ação de Ray estava em seu declarado ódio racial contra os negros, dos quais Martin Luther King era o representante máximo nos EUA à época.