Com o advento das transformações que o sistema capitalista causou nas sociedades ocidentais dos séculos XVIII e XIX, observamos nesse período a proeminência de uma série de teorias que buscavam dar sentido a tais mudanças. O liberalismo surgiu nos fins do século XVII, como um sistema de pensamento que viria justificar a ordem burguesa de seu tempo e, ao mesmo tempo, lançar as bases que constroem o mundo contemporâneo.
O pensamento liberal parte de uma concepção inicial onde os homens são definidos enquanto seres livres e de igual capacidade. Tal pressuposto se baseia na idéia de que a capacidade de pensar racionalmente seja um instrumento nato de qualquer homem. Mediante esse princípio de igualdade, os homens teceriam suas relações a partir da criação de instituições que regulassem a busca de seus interesses. Assim, os liberalistas vêem no Estado uma instituição de origem racional, que conseguiria preservar os princípios de igualdade do homem.
Segundo Locke, um dos fundadores do pensamento liberal, a falta de recursos para a sobrevivência seria a mais importante questão que colocaria em risco a convivência harmônica entre os homens. A sobrevivência, sendo uma questão primordial na relação do homem e o mundo exterior, seria possível na medida em que o trabalho proporcionasse o seu sustento. Assim, no momento em que o homem adquirisse algo por meio do trabalho, as riquezas trazidas alcançadas pelo seu esforço seriam de sua propriedade.
Estendendo essas concepções para o campo econômico, o pensamento liberal, principalmente em Adam Smith, pregou uma idéia de que a conservação das liberdades é primordial para o bom funcionamento da economia. Assim, a livre concorrência de mercado, a quebra dos monopólios e o fim das áreas de exploração colonial seriam pontos importantes para o desenvolvimento saudável da economia.
Focado em tais princípios, o liberalismo se desenvolveu de modo a responder e dar continuidade às configurações do sistema capitalista. Mesmo contando com forte oposição ideológica, não podemos limitar a compreensão dessa corrente de pensamento como simples meio de justificativa à ordem burguesa, mas como um sistema de pensamento que buscou responder, dialogar, com as questões de seu tempo.