Helenismo

O que se entende por Helenismo consiste na definição que se dá ao legado cultural do Império de Alexandre, o Grande, para o mundo.

Acima, o prédio moderno que ocupa o lugar da antiga biblioteca de Alexandria, no Egito
Acima, o prédio moderno que ocupa o lugar da antiga biblioteca de Alexandria, no Egito

Leia o trecho a seguir:

“Raros são os indivíduos e os povos aos quais é concedido o privilégio de uma missão superior ao simples fato de existir uma função mais alta do que as que bastam para a vida vegetativa. Todos são chamados. Mas a história só confere imortalidade àqueles que ela escolhe para fazer deles os pioneiros de suas vitórias e os artesãos de seu pensamento. Ela lhes permite brilhar como astros solitários, no crepúsculo do eterno devir.” [1]

Esse é o parágrafo de abertura da obra “Alexandre, o Grande”, do historiador alemão Johan Gustav Droysen, publicada originalmente em 1833. Percebe-se que, logo nas primeiras frases do livro, o autor já destaca (sem mencionar o nome de Alexandre) que o livro tratará de um personagem histórico de grande envergadura, daqueles que raramente aparecem na História. Pois bem, o historiador Droysen foi o responsável pela cunhagem da expressão helenismo. Esse livro sobre Alexandre, o Grande encerra uma das mais brilhantes compreensões sobre esse período da História Antiga.

O conceito de helenismo remete ao termo “Hélade”, que era usado na Antiguidade Clássica em referência ao conjunto das cidades-estado gregas. Daí provém também o termo “heleno”, que é como os gregos daquele período reconheciam-se. O helenismo, segundo nos informa Droysen e outros historiadores que o sucederam, compreende o período da História Antiga que ficou marcado pela expansão do império de Alexandre. Sabemos que esse império abrangeu uma vasta região, que ia do sul da Europa, passando pelo Egito, Ásia Menor, planícies iranianas até chegar à Índia.

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A cultura helenística ficou caracterizada pela acumulação de conhecimentos das mais variadas civilizações que Alexandre conquistou. Todas essas civilizações, como a egípcia, a indiana e a persa, foram absorvidas pelos gregos durante o período alexandrino, resultando em uma profícua rede de intercâmbio cultural.

Além da propagação do espírito livre e das noções de racionalismo helênico, desenvolvido pela filosofia, os gregos também souberam preservar os elementos das demais culturas. Um exemplo dessa capacidade de preservação foi a construção das cidades que levavam o nome do imperador, as chamadas “Alexandrias”. A mais famosa delas foi a Alexandria do Egito, na qual foi construída uma das mais importantes bibliotecas da Antiguidade, onde se acomodavam os rolos de papiro com informações sobre ciências, religiões, filosofia, engenharias etc.

O helenismo, ou período helenístico, estendeu-se durante séculos, permanecendo até mesmo na época em que o Império Romano passou a se tornar a grande potência civilizacional. A concentração de sabedoria que o Império de Alexandre soube erigir constituiu a base, inclusive, para os estudiosos muçulmanos e cristãos na Idade Média, bem como para os renascentistas dos séculos XIV e XV.
 

NOTAS

[1] DROYSEN, Johan G. Alexandre, o Grande. Rio de Janeiro: Contraponto, 2010. p. 35.


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Por: Cláudio Fernandes

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