Harriet Tubman

Harriet Tubman foi uma mulher afro-americana que nasceu escravizada, mas garantiu sua liberdade ao fugir de sua terra natal, Maryland. Em liberdade, engajou-se na luta contra a escravidão atuando, durante anos, como guia na Underground Railroad, a rede secreta que abrigava escravizados em fuga. Participou da Guerra Civil Americana e defendeu o direito das mulheres de votar.

Leia mais: Estados Unidos no século XIX

Tópicos deste artigo

Juventude

Harriet Tubman nasceu originalmente como Araminta Ross, em Dorchester County, no atual estado de Maryland, Estados Unidos. Seu nascimento aconteceu no começo da década de 1820, mas não se sabe a data com precisão porque ela, enquanto escravizada, não tinha certidão de nascimento e, portanto, não sabia o ano correto do seu aniversário.

Nascida originalmente como Araminta Ross, Harriet Tubman foi uma das grandes mulheres que lutaram contra a escravidão.[1]
Nascida originalmente como Araminta Ross, Harriet Tubman foi uma das grandes mulheres que lutaram contra a escravidão.[1]

Durante a sua juventude, ela era frequentemente chamada de Minty, e era filha de Harriet Green e Benjamin Ross. A mãe de Harriet/Araminta era escrava da família Brodess, sendo propriedade, primeiro, de Mary Brodess e, depois, de Edward Brodess (filho desta). Assim, Tubman nasceu escravizada, e por toda a sua juventude foi marcada pelos traumas dessa instituição.

A primeira experiência de Tubman com a escravidão se deu na sua infância, quando ela foi obrigada a cuidar do filho de vizinhos dos Brodess. Ela era obrigada a ninar a criança durante toda a noite, e não poderia dormir. Se a criança chorasse e acordasse a mãe, Tubman era punida com chicotadas.

Na adolescência, ela sofreu um acidente que mudou sua vida pra sempre. Ela estava no caminho de um armazém, quando tentou ajudar um escravo em fuga que cruzou seu caminho. O capataz que estava no encalço do rapaz em fuga lançou o peso de metal contra ele, mas esse peso acertou em cheio na cabeça de Tubman.

Além da cicatriz, acredita-se que Tubman teve uma concussão muito séria, pois ficou desacordada por alguns dias. Depois desse acontecimento, ela passou a ter dores de cabeça muito fortes e a sofrer episódios de narcolepsia, uma doença que causa sono profundo na pessoa, mesmo durante o dia.

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Vida na escravidão

Enquanto pertencia aos Brodess, o trabalho em que Harriet Tubman mais se encaixou foi a lenharia. Seu trabalho era duro, e entre suas atividades estava a coleta de lenha na mata. Esse trabalho a deixou fisicamente resistente, também desenvolvendo habilidades de artesania, e, ainda, deixou-a determinada a conquistar sua liberdade.

Nesse trabalho ela conheceu John Tubman, um afro-americano que era livre. Os dois tiveram um romance e casaram-se, acredita-se, entre 1844 e 1845. Nesse período ela contratou um advogado para investigar o passado de sua família, e esse advogado descobriu que sua mãe deveria ter sido liberta aos 45 anos de idade, assim como qualquer descendente dela que nascesse após ela ter essa idade.

No entanto, os Brodess, donos de Harriet Green e de Harriet Tubman, decidiram não conceder a liberdade para a primeira, o que trouxe mais convicção para a segunda de que era necessário fugir. Acredita-se que foi nessa época que ela mudou seu nome, abandonando o Araminta Ross e adotando o Harriet Tubman.

No final da década de 1840, boatos começaram a surgir de que Harriet Tubman seria vendida por seus donos. Isso implicava alguns riscos, como o de ser comprada por um dono mais cruel, além o de que ela poderia ser enviada para o sul dos Estados, deixando-a distante de sua família. Isso reforçou seu desejo de fugir em busca de sua liberdade.

Inicialmente, ela convenceu dois de seus irmãos a fugirem também, mas seu marido, John Tubman, recusou-se e ameaçou denunciá-la. Essa tentativa de fuga de Tubman e seus irmãos, Ben e Henry, fracassou porque eles a obrigaram a retornar. No entanto, ela não desistiu, e, pouco tempo depois, fugiu novamente, dessa vez, sozinha.

Leia mais: O lento processo de abolição da escravidão no Brasil

Vida em liberdade

A fuga de Harriet Tubman aconteceu por meio da Underground Railroad, uma rede secreta que fornecia ajuda às pessoas que fugiam da escravidão. Essa rede era responsável por levar os escravizados para locais onde a escravidão era proibida nos Estados Unidos ou então para o Canadá. A Underground Railroad só atuava nos estados do norte dos Estados Unidos.

Depois disso, Harriet Tubman se estabeleceu na Filadélfia, realizando trabalhos domésticos para sobreviver. Cerca de um ano depois de estar em liberdade, ela decidiu se envolver com a Underground Railroad, transformando-se em guia que resgatava quem estivesse em fuga da escravidão. Na prática, ela resgatava essas pessoas dispostas a fugirem e as guiava para liberdade em segurança.

Era uma atividade de altíssimo risco e que poderia custar-lhe a vida, caso ela fosse capturada. No entanto, Tubman foi uma das guias mais bem-sucedidas da Underground Railroad. Ela realizou dezenas de viagens na década de 1850, e existem diferentes dados a respeito de quantas pessoas ela resgatou da escravidão. Alguns historiadores falam em cerca de 70 pessoas libertas, mas outros falam que até 300 pessoas conquistaram a liberdade com ajuda de Tubman.

Propriedade onde Harriet Tubman e seus familiares residiram em Auburn, no estado de Nova York.
Propriedade onde Harriet Tubman e seus familiares residiram em Auburn, no estado de Nova York.

Também na década de 1850, ela conseguiu resgatar sua família, que estava em Maryland, levando-a para o Canadá, mas, tempos depois, todos se mudaram para a residência de Tubman em Auburn, no estado de Nova York. Ela foi também à procura de seu marido, para que ele se mudasse para junto dela, mas, quando o reencontrou, ele estava em um novo casamento.

O trabalho de Tubman disseminou pânico em muitos escravistas que temiam que seus escravizados fugissem. Sua identidade nunca foi revelada, e, na época, acreditava-se que o guia que levava os escravos à liberdade fosse um abolicionista branco. A fama de Tubman foi tão grande, que ela ficou conhecida como Black Moses (Moisés Negro, em tradução livre), uma referência ao Moisés bíblico.

Outros feitos

Além de ter atuado de maneira destacada na luta contra a escravidão, Tubman se uniu ao esforço de guerra para derrotar os sulistas na Guerra de Secessão ou Guerra Civil Americana, entre 1861 e 1865. Nesse conflito, nortistas e sulistas lutaram, por quatro anos, em um conflito que causou 600 mil mortes.

Harriet Tubman entendeu que o conflito era uma boa forma de lutar contra a escravidão nos Estados Unidos, e, por isso, aderiu aos exércitos da União (nortistas). Ela atuou como enfermeira e também coordenou uma rede de espionagem que obtinha informações privilegiadas das forças sulistas.

Em junho de 1863, Harriet Tubman e James Montgomery lideraram uma tropa de 150 soldados negros em um ataque contra fazendas sulistas às margens do Rio Combahee, no estado da Carolina do Sul. Esse ataque foi responsável por destruir linhas de suprimentos dos sulistas e por libertar 750 escravos.

Depois da guerra, Tubman dedicou-se a ações de caridade, ajudando afro-americanos a garantirem uma vida mais digna, lutando para que eles tivessem acesso à educação, por exemplo. Ela também engajou-se politicamente na luta feminista que reivindicava o direito de voto para as mulheres. Passou os últimos anos de sua vida em um lar de idosos, que ela criou, em Auburn.

Leia mais: Os vários tipos de escravidão

Morte

Em 1869, Tubman casou-se com Nelson Davis, um homem negro que lutou na guerra civil pela União. O marido de Tubman trabalhava como pedreiro, e eles permaneceram casados até o ano de 1888, quando então ele faleceu de tuberculose. Tubman e Davis adotaram uma filha, Gertie. Harriet Tubman faleceu muitos anos depois, em 1913, também vítima de tuberculose. Seu enterro foi realizado com honrarias militares.

Créditos da imagem:

[1] neftali e Shutterstock

Por: Daniel Neves Silva

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