Expansionismo alemão e a Conferência de Munique

A política de expansionismo alemão levou os países europeus a reunirem-se em Munique na conferência que debateu a questão dos Sudetos (ex-Tchecoslováquia).

Chegada de Chamberlain a Londres após as negociações em Munique, em 1938
Chegada de Chamberlain a Londres após as negociações em Munique, em 1938

A Conferência de Munique foi um encontro realizado por quatro grandes nações europeias (Reino Unido, França, Itália e Alemanha) em setembro de 1938, com o objetivo de debater os interesses territoriais de Adolf Hitler sobre a região dos Sudetos, na Tchecoslováquia. Durante essa conferência, Reino Unido e França impuseram a política de apaziguamento, na qual promoveram concessões ao expansionismo da Alemanha a fim de evitar um conflito na Europa.

Expansionismo alemão

A Conferência de Munique foi consequência da tensão criada na Europa pela política de expansionismo territorial promovida por Hitler durante a década de 1930. Essa política fazia parte de um elemento da ideologia nazista chamado “lebensraum”, conhecido em português como “espaço vital”.

Esse elemento da ideologia nazista defendia a formação de um grande império germânico nos territórios do Leste Europeu que historicamente eram ou haviam sido povoados por povos de origem germânica (arianos). A construção desse império (chamado de Terceiro Reich), segundo Hitler, era um direito do povo alemão por causa de sua “superioridade” em comparação com os outros povos.

De acordo com a ideia de “espaço vital”, os alemães (arianos) deveriam ser sustentados pelo trabalho dos povos “inferiores” (principalmente os eslavos). A constituição desse território almejado pelos nazistas incluiria os territórios que pertenciam à Alemanha até a Primeira Guerra Mundial, além de outros territórios de outras nações.

O primeiro passo para que a ideia do “espaço vital” fosse implementada seria o fortalecimento militar da Alemanha. No entanto, a militarização desse país estava proibida pelo Tratado de Versalhes, imposto pelos países vencedores da Primeira Guerra Mundial. Hitler passou, então, a desobedecer as determinações desse tratado.

A reação de britânicos e franceses com o desrespeito alemão ao Tratado de Versalhes foi bastante moderada e não passou de reprovações em declarações diplomáticas. Além disso, Reino Unido e França foram condescendentes com a política expansionista de Hitler, uma vez que realizaram concessões territoriais para impedir que as tensões existentes resultassem em declaração de guerra. Essa atitude de Reino Unido e França ficou conhecida como política de apaziguamento e manifestava o temor de ambos os países com a possibilidade de início de um novo conflito de grandes proporções na Europa.

Anexação da Áustria e Tchecoslováquia

Os dois primeiros alvos da política de expansionismo de Hitler foram Áustria e Tchecoslováquia. A Áustria era culturalmente um país muito próximo da Alemanha e, durante a década de 1930, o Partido Nazista Austríaco (apoiado pelo Partido Nazista Alemão) cresceu sua influência de forma considerável. Pressões e intimidações dos alemães ao governo austríaco levaram à renúncia de Kurt Schuschnigg da função de chefe de Estado austríaco. Em seguida, Hitler promoveu a invasão da Áustria e, a partir de um referendo, consolidou a anexação do território austríaco.

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Muitos austríacos que foram contrários à anexação à Alemanha foram perseguidos pelos nazistas (como aconteceu com o próprio Kurt Schuschnigg). Apesar disso, Reino Unido e França não protestaram contra as ações expansionistas dos alemães. Assim, o próximo alvo de Hitler foi a região dos Sudetos, que pertencia a então Tchecoslováquia.

Hitler utilizava como justificativa para a sua demanda sobre os Sudetos a existência de grande número de alemães étnicos na região. O interesse do líder nazista em relação a esse território é explicado pelos historiadores pela intenção de controlar a infraestrutura industrial existente na região (a maior da Tchecoslováquia). Essas indústrias seriam importantíssimas para o esforço de guerra que Hitler planejava para os próximos anos.

O interesse alemão sobre os Sudetos levou, então, quatro grandes nações europeias a reunirem-se para estipular um acordo. Os representantes foram Adolf Hitler (Alemanha), Benito Mussolini (Itália), Neville Chamberlain (Reino Unido) e Édouard Daladier (França). O primeiro-ministro francês não estava disposto a realizar concessões a Hitler, porém, foi convencido por Chamberlain a permanecer com a política de apaziguamento para evitar um conflito.

A postura de Hitler na conferência foi intimidatória, e, depois de finalizadas as negociações, ele saiu saiu como grande vencedor: Reino Unido e França permitiram a ocupação germânica nos Sudetos e, além disso, entregaram a Hitler o controle sobre grande parte da produção de carvão, ferro e energia elétrica da Tchecoslováquia para a Alemanha. A grande interessada, a Tchecoslováquia, não participou das negociações e foi totalmente sacrificada pelo apaziguamento britânico e francês.

A postura de Chamberlain em Munique foi vista como fraqueza, pois não conseguiu impor-se sobre a Alemanha e permitiu o sacrifício da Tchecoslováquia por uma falsa paz que durou pouco menos de um ano (a guerra começou em setembro de 1939). Áustria e Tchecoslováquia só recuperaram a soberania sobre seus territórios depois da Segunda Guerra Mundial.

Por: Daniel Neves Silva

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