Marcha para o Oeste nos EUA

A Marcha para o Oeste foi o processo de expansão territorial dos Estados Unidos ao longo dos séculos XVIII e XIX. De uma pequena porção de terra na Costa Leste, os Estados Unidos se tornou uma das maiores nações do planeta, conquistando inúmeros territórios e alcançando a Costa Oeste, banhada pelo Pacífico.

A Marcha para o Oeste foi realizada por dois meios: diplomacia e guerra. No primeiro caso, os Estados Unidos negociaram a compra de territórios vastos de França, Espanha e Rússia ao longo do século XIX. No caso da guerra, os mexicanos foram as vítimas, sendo derrotados em dois conflitos. Os maiores perdedores, no entanto, foram os indígenas, pois foram expulsos de suas terras e vítimas de um genocídio.

Leia mais: Lei do Homestead — promulgada nos EUA em 1862, impulsionou a Marcha para o Oeste

Tópicos deste artigo

• 1 - Resumo sobre a Marcha para o Oeste dos EUA
• 2 - O que foi a Marcha para o Oeste dos EUA?
• 3 - Contexto histórico da Marcha para o Oeste dos EUA
• 4 - Principais acontecimentos da Marcha para o Oeste dos EUA
  • → Diplomacia na Marcha para o Oeste dos EUA
  • → Conflitos com o México na Marcha para o Oeste dos EUA
• 5 - Destino Manifesto
  • → Videoaula sobre Destino Manifesto
• 6 - Consequências da Marcha para o Oeste dos EUA
• 7 - Exercícios sobre a Marcha para o Oeste dos EUA

Resumo sobre a Marcha para o Oeste dos EUA

• A Marcha para o Oeste dos EUA foi o processo de expansão territorial do país ao longo dos séculos XVIII e XIX.
• Por meio dessa expansão, os EUA deixaram de ser um país resumido a uma faixa na Costa Leste, banhada pelo Atlântico, e se estenderam até a Costa Oeste, banhada pelo Pacífico.
• A expansão territorial norte-americana se deu por meio da diplomacia ou da guerra.
• O governo norte-americano comprou territórios da França, Espanha e Rússia.
• Territórios foram tomados do México por meio de dois conflitos.
• Os indígenas foram os grandes perdedores desse processo, pois foram expulsos de suas terras e vítimas de um genocídio.

O que foi a Marcha para o Oeste dos EUA?

A Marcha para o Oeste foi a expansão territorial pela qual os Estados Unidos passaram ao longo do século XIX. Esse fenômeno levou o país a anexar territórios a oeste, dominando um território que se estendia da Costa Leste, banhada pelo Atlântico, até a Costa Oeste, banhada pelo Pacífico.

O território original norte-americano baseado nas terras que formaram as Treze Colônias foi acrescido de uma série de territórios conquistados por meio da compra ou por meio da guerra. Ao longo desse processo, os grandes prejudicados foram os indígenas, que perderam suas terras, tiveram seus modos tradicionais de vida afetados e experimentaram uma violência ímpar, que resultou em uma grande redução populacional indígena.

Contexto histórico da Marcha para o Oeste dos EUA

Entende-se que a Marcha para o Oeste é um fenômeno iniciado tão logo os Estados Unidos conquistaram a sua independência da Inglaterra. A independência dos EUA foi anunciada pelas Treze Colônias em 1776, mas só foi reconhecida pela Inglaterra no Tratado de Paris, assinado em 1783.

O reconhecimento inglês teve relação com a derrota que a Inglaterra sofreu na Guerra de Independência dos Estados Unidos, entre 1776 e 1781; e foi acompanhado da cessão de um vasto território para os norte-americanos. Essas terras estavam a oeste dos Montes Apalaches e se estendiam até o Rio Mississípi, formando um território cobiçado pelos norte-americanos.

Antes da independência, a ocupação dessas terras tinha sido alvo de polêmica entre ingleses e colonos, pois o governo inglês proibia a ocupação delas para evitar problemas com os indígenas. Os colonos desejavam expandir-se a essas terras para poder explorá-las, e, tão logo foi possível, sua ocupação se iniciou.

Esse desejo de expansão ficou nítido pela Northwest Ordinance ou Lei do Noroeste, que determinava, em 1787, que um território seria anexado como estado norte-americano caso chegasse à população de 60 mil habitantes. O século XIX ficou marcado por uma política de expansão territorial agressiva dos Estados Unidos.

Nessa expansão, os norte-americanos forçaram a realocação dos indígenas, além da diplomacia e da guerra, a fim de expandirem o seu território.

Principais acontecimentos da Marcha para o Oeste dos EUA

Para que a expansão territorial acontecesse, os Estados Unidos incentivaram as pessoas a se estabelecerem nesses locais. Na época, tais locais eram considerados inóspitos, distantes da Costa Leste, de difícil deslocamento e que, ainda, contavam com o risco de povos indígenas hostis. À medida que a expansão se dava, o governo criou meios para garantir sua ocupação.

O principal deles foi o Homestead Act, de 1862, que concedia 160 hectares de terra para quem decidisse se estabelecer no oeste norte-americano. Para garantir a terra, a pessoa deveria se comprometer a fazer uso dela por, no mínimo, cinco anos. Essas terras foram ocupadas, em grande parte, por imigrantes vindos da Europa.

→ Diplomacia na Marcha para o Oeste dos EUA

Por meio da diplomacia, os Estados Unidos adquiriram três vastos territórios no continente norte-americano:

• Luisiana, adquirida dos franceses em 1803;
• Flórida, adquirida dos espanhóis em 1819;
• Alasca, adquirido dos russos em 1867.

Os Estados Unidos adquiriram a Luisiana dos franceses, em 1803, pagando um total de 15 milhões de dólares pelo território. Atualmente, a área corresponde a um pequeno estado norte-americano, mas, na época, ela englobava territórios que hoje incluem diversos estados: Iowa, Missouri, Arkansas, Oklahoma, Kansas, Nebraska, Colorado, Wyoming, Montana, Minnesota, Dakota do Norte e Dakota do Sul.

O território gigantesco foi vendido pelos franceses porque o país precisava levantar fundos para financiar as guerras napoleônicos em curso na Europa. Pouco mais de uma década depois, o governo norte-americano negociou a compra da Flórida dos espanhóis. O país europeu enfrentava um enfraquecimento na América e via seu território sendo invadido por colonos norte-americanos. Para evitar um conflito, decidiu vender o território por cinco milhões de dólares.

Por fim, o governo norte-americano, ainda, adquiriu o Alasca, no noroeste da América do Norte, em 1867, pagando 7,2 milhões de dólares. O Alasca pertencia à Rússia, que enfrentava dificuldades financeiras e temia que o território fosse invadido e tomado pelos britânicos, que ainda dominavam o Canadá. Para evitar a perca do território sem compensação, os russos decidiram vendê-lo.

→ Conflitos com o México na Marcha para o Oeste dos EUA

Outra parte significativa do território norte-americano foi adquirida por meio da guerra e o grande prejudicado, além dos indígenas, foram os mexicanos. A origem do conflito entre norte-americanos e mexicanos teve relação com o Texas, território do México herdado dos espanhóis quando os mexicanos conquistaram a sua independência, em 1821.

Em 1823, o governo mexicano passou a permitir a entrada de colonos norte-americanos no Texas para incentivar a povoação e o desenvolvimento local. Uma série de desentendimentos começaram a se estabelecer, pois os colonos norte-americanos não obedeciam às determinações do governo mexicano, e, em 1830, a entrada de novos imigrantes norte-americanos foi proibida.

Em 1836, os colonos norte-americanos se rebelaram no Texas, anunciando a formação da República do Texas. O governo mexicano enviou tropas para o Texas, realizando um grande massacre de imigrantes norte-americanos. Esse evento foi seguido de uma resposta dos norte-americanas, que enviaram suas tropas, derrotando as forças mexicanas e forçando o país a ceder o Texas para os Estados Unidos.

Dez anos depois, os dois países se desentenderam pelo controle da Califórnia. A região também pertencia ao México, mas passou a ser cobiçada pelos Estados Unidos por sua importância para o comércio marítimo na Costa Oeste. O novo conflito recebeu o nome de Guerra Mexicano-Americana, estendeu-se de 1846 a 1848 e resultou em nova derrota para o México.

Na soma dos conflitos, os Estados Unidos conquistaram do México os territórios que correspondem aos seguintes estados: Texas, Novo México, Arizona, Utah, Nevada e Califórnia.

Leia mais: Doutrina Monroe — associada à Marcha para o Oeste, buscou dar legitimidade à expansão territorial dos EUA

Destino Manifesto

A expansão territorial dos Estados Unidos e a ocupação desses territórios pelos colonos norte-americanos foram incentivadas por uma ideologia que teve muita força nesse país durante os séculos XVIII e XIX: o Destino Manifesto.

Essa ideologia afirmava que os Estados Unidos e os norte-americanos haviam sido escolhidos por Deus para ocupar os territórios no oeste. O objetivo disso seria civilizar essas terras, levando o modo de vida norte-americano e o cristianismo para “locais selvagens” habitados por indígenas pagãos.

Essa ideologia embasou o desejo de expansão sem limites dos colonos norte-americanos e foi usada para atenuar as violências que eles cometeram contra os indígenas, os mexicanos e a natureza. Caso queira saber mais sobre essa ideologia, leia nosso texto.

→ Videoaula sobre Destino Manifesto

Consequências da Marcha para o Oeste dos EUA

Entre as consequências da Marcha para o Oeste nos Estados Unidos, destacaram-se:

• Crescimento territorial dos Estados Unidos.
• Realização da reforma agrária para incentivar a ocupação do oeste.
• Genocídio indígena, pois a expansão fez com que os indígenas fossem expulsos de suas terras e, frequentemente, fossem mortos por colonos e agentes do governo norte-americano.
• Aumento populacional dos Estados Unidos por conta da imigração.
• Acirramento das tensões entre os estados do Norte e do Sul na questão do trabalho escravo.
• Rompimento temporário nas relações diplomáticas entre Estados Unidos e México.
• Extermínio de bisões como forma de afetar o principal alimento dos indígenas norte-americanos.

Exercícios sobre a Marcha para o Oeste dos EUA

Questão 01

Os conflitos territoriais entre Estados Unidos e México foram motivados, a princípio, por qual território:

A) Califórnia

B) Novo México

C) Arizona

D) Texas

E) Nevada

Resposta:

Letra D

Os conflitos entre Estados Unidos e México se iniciaram por conta do Texas. Esse território pertencia ao México, mas passou a receber imigrantes norte-americanos com a autorização do México. Os problemas de relacionamento entre os norte-americanos e o governo mexicano resultaram em um conflito, em 1836, que fez com que o Texas fosse anexado pelos Estados Unidos.

Questão 02

A Luisiana foi adquirida pelo governo norte-americano em 1803. Esse território foi adquirido pelos Estados Unidos de quem?

A) Inglaterra

B) Espanha

C) Rússia

D) França

E) Países Baixos

Resposta:

Letra D

A Luisiana, um vasto território dominado pelos franceses, foi vendida aos Estados Unidos, em 1803, por 15 milhões de dólares. A venda do território se deu pela necessidade de a França obter fundos para financiar as guerras em curso na Europa.

Créditos da imagem

^[1]Everett Collection e Shutterstock

Fontes

KARNAL, Leandro (org.). História dos Estados Unidos. São Paulo: Contexto, 2018.

MINSTER, Cristopher. The American-Mexican War. Disponível em: https://www.thoughtco.com/the-mexican-american-war-2136186

MINSTER, Cristopher. The Texas Revolution and the Republic of Texas. Disponível em: https://www.thoughtco.com/the-texas-revolution-2136252