Concílio de Trento

O Concílio de Trento foi realizado entre 1545 e 1563, e reuniu o clero da Igreja Católica para reafirmar seus dogmas e elaborar ações para conter o avanço do protestantismo.

Convento de Santo Estevão, onde aconteceu o Concílio de Trento.
Convento de Santo Estevão, em Trento, onde aconteceu o concílio que definiu a resposta da Igreja Católica à Reforma Protestante.

O Concílio de Trento foi uma reunião do clero da Igreja Católica, entre os anos de 1545 e 1563, para reafirmar os ensinamentos doutrinários do catolicismo que foram questionados pelas novas religiões cristãs originárias da Reforma Protestante, de 1517, bem como para elaborar ações missionárias com vistas a conter o avanço protestante na Europa e difundir a fé católica para as outras regiões que estavam sendo descobertas por meio da expansão marítima, como a América e a Ásia.

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Resumo sobre o Concílio de Trento

  • O Concílio de Trento foi uma reunião do clero católico, que aconteceu entre 1545 e 1563, que reafirmou os dogmas da Igreja questionados pela Reforma Protestante, bem como estabeleceu ações para conter o avanço do protestantismo e possibilitar a expansão da fé católica pelo mundo.

  • Os objetivos do concílio foram: defender os ensinamentos da Igreja Católica, reforçar a infalibilidade do papa e promover ações missionárias em outras partes do mundo, como a América e a Ásia.

  • Uma das grandes decisões do Concílio de Trento foi a criação do Tribunal da Santa Inquisição e da Companhia de Jesus.

  • O concílio teve como consequência a presença inquisitória em vários reinos europeus e a presença de padres jesuítas nos novos continentes conquistados pelos europeus.

Leia também: Martinho Lutero monge que propôs a primeira reforma na Igreja Católica

História do Concílio de Trento

A Reforma Protestante, iniciada em 1517, teve enorme impacto religioso, pois o domínio católico sobre o cristianismo estava em xeque. A doutrina católica era debatida e criticada, bem como novos ensinamentos cristãos não reconhecidos pelo Vaticano ganhavam força na Europa.

Essa reforma não se restringiu ao âmbito religioso, mas alcançou a economia e a política. Os burgueses logo aderiram à nova fé, pois as religiões protestantes não condenavam o lucro oriundo de um trabalho justo. Além disso, os reis aproveitaram os questionamentos ao poder do Papa para desvincular seus reinos de qualquer interferência católica.

O Papa Paulo III decidiu agir e convocou um concílio, ou seja, uma reunião do clero católico, para discutir sobre a doutrina e ações que pudessem reforçar o poder da Igreja Católica, conter o avanço protestante e conquistar novos fiéis. O concílio aconteceu na cidade italiana de Trento.

Essa reação da Igreja Católica contra a Reforma Protestante foi chamada de Contrarreforma. O Concílio de Trento começou com Paulo III, e seus sucessores deram continuidade aos trabalhos.

O concílio é uma assembleia realizada pela Igreja Católica e convocada pelo Papa para discutir algum tema oportuno ou definir diretrizes a serem seguidas pelo clero do mundo inteiro. Após o encerramento do concílio, são divulgados documentos que orientam e ordenam as ações eclesiais nas paróquias católicas.

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Objetivos do Concílio de Trento

O Concílio de Trento foi convocado para:

  • reforçar os dogmas católicos;

  • reconhecer e corrigir erros cometidos; e

  • apontar caminhos para que a fé católica se fortalecesse na Europa e se expandisse para outras regiões do mundo.

O Papa João Paulo II esteve em Trento participando das celebrações do 450º aniversário do concílio, em 1995, e falou a respeito dos seus objetivos:

“‘Convocado para iniciar a reforma dentro da Igreja e, em conjunto, para esclarecer questões dogmáticas fundamentais que foram objeto de controvérsia, o Conselho nunca perdeu a esperança de poder curar a amarga discordância que havia surgido após a Reforma Protestante. A própria sede do Conselho, esta cidade de Trento incluída no império de Carlos V, havia sido escolhida "para facilitar o encontro, para fazer a ponte, oferecer o abraço da reconciliação e da amizade’ (Discurso de Paulo VI à Igreja Tridentina, Ensinamentos de Paulo VI,II [1964] 157). Infelizmente, tudo o que poderia ser feito no momento era estabelecer a divisão. Mas a tensão para restaurar a comunhão plena nunca teria falhado, e hoje, após as grandes indicações ecumênicas do Concílio Vaticano II, é sentida como uma prioridade pastoral da Igreja.”

A Igreja Católica precisava restabelecer a divisão interna, a comunhão, evitando assim que novas fraturas ocorressem. Para isso, os participantes do concílio decidiram pela reafirmação dos valores tradicionais da fé católica, refutando as novas críticas recebidas.

As novas doutrinas cristãs questionaram os sacramentos, em especial a Eucaristia e a Confissão. Os teólogos protestantes também criticaram a transubstanciação, que é a presença real de Jesus Cristo no pão e vinho consagrados na missa, e o fato de a confissão ser feita por um sacerdote, que era pecador tanto quanto o fiel. As novas religiões cristãs acreditavam no diálogo direto com Deus, sem intermediários, e, por isso, a confissão não teria validade.

O Concílio de Trento reforçou os sacramentos da Igreja (Batismo, Eucaristia, Confirmação, Matrimônio, Ordem, Unção dos Enfermos e Confissão) e defendeu a continuidade do uso do latim nas missas e na leitura da Bíblia. Outro objetivo do concílio era reforçar o poder do Papa. As religiões protestantes questionaram esse poder e as decisões proferidas pelo Sumo Pontífice. A Contrarreforma veio reafirmar que o papa é infalível, isto é, não falha em suas funções e não se engana em questões ligadas à fé e à moral. As decisões do Papa tinham validade e deveriam ser cumpridas por todos os católicos.

Veja também: Calvinismo: o protestantismo de João Calvino

As decisões estabelecidas no Concílio de Trento

Mulher sendo queimada na fogueira pela Santa Inquisição, uma das decisões do Concílio de Trento.
Uma das decisões estabelecidas pelo Concílio de Trento foi o Tribunal da Santa Inquisição, que buscava condenar as heresias.

As decisões estabelecidas no Concílio de Trento, além do reforço doutrinário, envolveram ações práticas, como a criação do Tribunal da Santa Inquisição, um órgão jurídico que analisaria e julgaria os casos de heresia e outras práticas contrárias aos ensinamentos da Igreja. Alguns julgamentos terminaram na condenação à morte na fogueira. Os casos mais conhecidos são as mortes de Joana D’arc e Giordano Bruno.

Outra decisão foi a fundação da Companhia de Jesus, por Santo Inácio de Loyola, que deu origem aos padres jesuítas. Esses religiosos atuaram como missionários e participaram das expedições marítimas lideradas por espanhóis e portugueses, que, a partir do século XV, começaram a conquistar novas terras, como a América e o sul da Ásia.

A Reforma Protestante possibilitou a tradução da Bíblia para outras línguas nacionais, e o fiel poderia fazer a leitura e a sua própria interpretação dos textos sagrados. O Concílio de Trento determinou a permanência do latim como língua utilizada nos escritos bíblicos e nas celebrações. Somente a Igreja Católica poderia fazer a interpretação da Sagrada Escritura.

Para controlar a circulação de livros contrários à fé católica, o concílio publicou o Index librorum prohibitorum, ou seja, uma lista de publicações que o fiel católico não poderia ler. Isso não foi motivo para impedir a circulação desses livros, mas os tornaram clandestinos. A leitura era feita às escondidas e sua circulação também. A imprensa teve um papel fundamental na divulgação dos livros escritos na época.

Outras decisões do concílio foram a condenação da venda de indulgência e a construção de seminários para melhor formar os sacerdotes, com ensinos rígidos e os afastando de desvios morais.

Consequências do Concílio de Trento

O Concílio de Trento se encerrou em 1563 e promoveu importantes reformas na Igreja Católica. A infalibilidade do papa foi mantida, após décadas de questionamentos, e o Tribunal da Santa Inquisição foi instalado em vários reinos cujos monarcas eram católicos. Os padres jesuítas tiveram participação importante no desembarque europeu na América, ao catequizar os índios e dar início à formação cristã do novo continente.

Exercícios resolvidos

Questão 1 - Sobre o Concílio de Trento, assinale a alternativa correta.

A) Foi um concílio organizado pela Igreja Anglicana para contra-atacar as perseguições vindas dos reis católicos.

B) O Concílio de Trento reconheceu a existência das igrejas protestantes e abriu diálogo com elas, que enviaram representantes para participar do concílio.

C) Em Trento, a Igreja Católica se reuniu em concílio para responder aos ataques que as novas igrejas protestantes fizeram à doutrina católica e apoiar a ação dos padres missionários.

d) Os calvinistas cercaram a cidade italiana de Trento e prenderam os religiosos que participaram do concílio.

Resolução

Alternativa C. A Igreja Católica, entre os anos de 1545 e 1563, reuniu-se em concílio, na cidade italiana de Trento, para agir contra os ataques que começaram desde a Reforma Protestante, bem como para expandir por outras terras a fé católica, por meio do trabalho missionário dos padres jesuítas.

Questão 2 - A Reforma Protestante, iniciada em 1517, provocou uma ruptura no cristianismo na Europa Ocidental. Até essa data, a Igreja Católica respondia pela doutrina e ensinamento cristão no Ocidente. A Reforma permitiu a abertura de novas igrejas cristãs. A reação da Igreja Católica contra esse movimento veio por meio do:

A) Concílio de Trento.

B) Concílio Vaticano II.

C) Concílio de Jerusalém.

D) Concílio de Niceia.

Resolução

Alternativa A. O Concílio de Trento foi a resposta da Igreja Católica aos ataques que as novas doutrinas cristãs fizeram aos seus ensinamentos. Pode ser chamado também de Contrarreforma, pois agiu contra a Reforma Protestante. Nos 18 anos de duração do concílio, o clero católico reforçou seus dogmas e investiu na evangelização dos novos povos habitantes dos territórios colonizados pelos europeus na América e na Ásia.

Por: Carlos César Higa

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