Entre as civilizações que floresceram no Oriente Próximo, os persas figuraram entre as mais importantes. A importância conferida à civilização persa deriva de vários fatores, como a capacidade de expansão territorial e de anexação e assimilação de outros povos; a organização política (na qual o sistema de satrapias destacou-se); e os confrontos que empreenderam contra a antiga Hélade (isto é, o conjunto de cidades-estado da Grécia Antiga) e contra o Império Macedônico, comandado por Alexandre, o Grande.
A civilização persa teve seu desenvolvimento nos planaltos iranianos. Tal região foi povoada também pelos povos medos, que durante muito tempo submeteram os persas ao seu jugo. Em meados da década de 550 a.C., o então príncipe dos persas, Ciro, o Grande, derrotou o reino dos medos e anexou-o ao seu reino. Outros reinos da região do médio-oriental também foram progressivamente submetidos e incorporados por Ciro, como os reinos da Lídia e da Babilônia.
O ímpeto dos persas, comandados por Ciro, também derivava do zoroastrismo, a religião desenvolvida pelo poeta e profeta Zoroastro (ou Zaratustra), considerada uma “religião de Luz”. O filho e herdeiro de Ciro, Cambises, prosseguiu as campanhas de conquista do reino persa, expandindo ainda mais os seu domínios por meio de regiões como o Egito. Entretanto, à medida que os persas dominavam outros povos, muitos magos que possuíam ampla influência social passaram a conspirar contra a figura do rei e a criar uma série de dificuldades durante o poderoso reinado de Cambises. Entretanto, esse rei conseguiu sustentar a organização de seu reino até o ano de sua morte, em 529 a.C.
Cambises não deixou herdeiros. Para ocupar o seu lugar, foi escolhido Dario, da linhagem persa dos Aquemênidas, ou simplesmente Dinastia Aquemênida. Dario foi o responsável pela sistematização dos territórios conquistados anteriormente e por alçar o reinado persa à condição de império. Um dos dispositivos administrativos criados por Dario foi o sistema de satrapias, uma espécie de governos regionais do império persa. Cada uma delas era gerenciada pelo sátrapa, nomeado pelo rei, que tinha poder sobre os exércitos regionais e era encarregado de controlar o sistema de tributação. Ao todo, 20 satrapias foram criadas por Dario. Foi também obra de Dario a construção da cidade de Persépolis, que foi o centro do império persa durante muito tempo.
Para tornar mais eficiente o sistema de tributação, Dario também desenvolveu um sistema monetário, no qual circulavam moedas de ouro chamadas de “dáricos”. O “dárico” é, possivelmente, a primeira moeda a circular no mundo. Para fiscalizar todo esse sistema, o rei ainda dispunha de funcionários, quem eram chamados de “olhos e ouvidos do Rei”. Esses funcionários eram de alta confiança e fiscalizavam os sátrapas por meio de viagens constantes a cada satrapia.
O império de Dario chegou a estender-se pela Anatólia, onde se encontra a atual Turquia, e procurou expandir-se em direção às cidades-estado gregas. As Guerras Médicas, ou Guerras Persas, resultaram dessa tentativa de expansão. Os herdeiros de Dario (que passou a ser conhecido como Dario I), indo de Xérxes I a Dario III, procuraram sustentar o império e, vez ou outra, manter os gregos sobre o seu controle. O império persa caiu no século IV a.C., sob o reinado de Dario III, diante da expansão macedônica iniciada com Felipe e completada pelo seu filho, Alexandre, o Grande. O historiador alemão Johan Droysen, em sua clássica obra sobre Alexandre, assim narra a intuição que Dario III teve quando soube da organização militar de Felipe da Macedônia:
“Formava-se no Ocidente a tempestade que aniquilaria a Pérsia. Os sátrapas das províncias marítimas já haviam enviado mensageiros anunciando que o rei da Macedônia concluíra a paz e uma aliança com todos os Estados da Hélade, e que seu exército se preparava para invadir as províncias da Ásia Menor na primavera seguinte. Dario desejava evitar a guerra a qualquer custo. Talvez pressentisse que o gigantesco império, vetusto e carcomido, só esperava para desmoronar, um choque vindo de fora. Incapaz de tomar uma decisão, ele contemporizou e deixou passar o momento oportuno para antecipar-se ao ataque, que temia.” [1]
O ataque veio e, em poucos anos, o vasto império persa foi completamente subjugado e incorporado por Alexandre.
NOTAS
DROYSEN, J.G. Alexandre, o Grande. Rio de Janeiro: Contraponto, 2010. p. 58.
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