Quando hoje são estudados os conteúdos sobre o Egito Antigo na escola ou se assiste a filmes relacionados com a antiguidade médio-oriental, em que são exibidos os caracteres da escrita hieroglífica, ou escrita sagrada, desenvolvida pelos egípcios, mal se sabe como se deu o processo de desvendamento dessa escrita. A história dos estudos sobre a cultura, a política e a organização geral da civilização egípcia está associada diretamente à figura do arqueólogo francês Jean-François Champollion e seu trabalho com a Pedra de Roseta.
Até a segunda metade do século XIX conhecia-se muito pouco sobre a complexidade da civilização egípcia, bem como das demais civilizações do Médio Oriente e norte da África. Foi a partir da invasão do Egito pelas tropas napoleônicas, durante o processo revolucionário francês em 1799, que começou o contato de estudiosos europeus com documentos egípcios antigos. Na ocasião de sua conquista, Napoleão ordenou a oficiais e estudiosos franceses que registrassem e acomodassem as lápides (blocos de pedra) com inscrições antigas encontradas próximas à cidade de Alexandria.
Uma dessas lápides era a Pedra de Roseta, encontrada na cidade de Roseta, a 65 quilômetros de Alexandria, por um dos soldados de Napoleão. Essa lápide é constituída de basalto preto e tem 114 cm de altura e 72 cm de largura. As inscrições nela gravadas datam aproximadamente de 196 a. C., isto é, da época em que a cultura alexandrina (ou helenística) ainda estava fortemente presente no Egito.
A estrutura das inscrições começou a ser estudada em 1801 quando se descobriu que havia três tipos de escrita que eram típicas do Egito daquele período: a escrita demótica, a escrita hieroglífica e a escrita grega. Entretanto, a interpretação dos hieróglifos ali contidos só foi realizada em 1822 por Jean-François Champollion, que conseguiu, pela primeira vez, ler a palavra “Ptolomeu V” em um trecho da pedra.
A lápide conhecida como Pedra de Roseta foi encontrada pelo exército de Napoleão no Egito, em 1799.
O trabalho de Champollion foi reconhecido como um marco nos estudos de História Antiga, pois foi através dele que as interpretações sobre a organização administrativa egípcia em seus vários períodos, bem como o contato e as impressões que essa civilização teve de outras, como a grega, a romana, a hebraica, a persa e muitas outras, foram ampliadas.
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* Créditos da imagem: Shuttersotck e rook76