Ao longo da história ocidental, em especial a partir da Idade Média, as sociedades secretas passaram a ter papel fundamental e, por vezes, decisivo nos grandes acontecimentos. Foi o caso das ordens de cavalaria (a ordem dos templários, por exemplo) e das corporações de ofício, instituições em que se originaram as lojas maçônicas (o termo maçom remete a construtor de casas, pedreiro). Essas sociedades secretas, com o irromper da modernidade, converteram-se em agrupamentos de nobres, burgueses, intelectuais, etc. Entre elas, uma das mais célebres foi a sociedade secreta dos carbonários, cujos integrantes participaram ativamente do processo de Unificação Italiana.
Como a maior parte das sociedades secretas, os carbonários mesclavam rituais religiosos (associados ao catolicismo) com programas políticos e atividades culturais. Desse modo, entre os seus integrantes, encontravam-se desde poetas até guerrilheiros e políticos. As reuniões, naturalmente, ocorriam em segredo e, geralmente, em cabanas de carvoeiros (daí o nome “carbonário”, pois provém de carbono, carvão.)
A Carbonária, como também era conhecida essa sociedade secreta, formou-se na cidade de Nápoles, na Itália, em 1810, em meio à onda das guerras napoleônicas. Do ponto de vista estritamente político, os carbonários combatiam ardentemente a estrutura do Estado Absolutista, sobretudo o modelo de absolutismo que exercia o império austríaco, que, à época, era soberano de vários reinos e principados italianos.
Em grande parte, os carbonários receberam o estímulo político dos ideais da Revolução Francesa e do nacionalismo incitado por Napoleão Bonaparte. Entretanto, apesar de serem profundamente antiabsolutistas, os líderes da Carbonária evitavam a guinada ao radicalismo revolucionário, pois temiam que a ordem institucional fosse completamente rompida, como ocorreu na fase do terror jacobino durante a Revolução Francesa.
A ação dos carbonários atravessou o século XIX. Desde a revolta napolitana, com líderes como Michele Morelli e Giuseppe Silvati, passando pela revolta da Lombardia, comandada pela Federazione Italiana e pelos integrantes do jornal carbonário Il Conciliatore, e chegando, enfim, aos líderes da Unificação, como o camisa-vermelha Giuseppe Garibaldi e o grande articulador do Risorgimento, Giuseppe Mazzini.