Blitzkrieg

A Blitzkrieg foi uma estratégia militar adotada pela Alemanha Nazista, durante os primeiros anos da Segunda Guerra Mundial.

Panzer usado pelos alemães em Blitzkrieg.
Os Panzers foram de suma importância para a eficácia da Blitzkrieg durante o início da guerra.[1]

A Blitzkrieg foi uma estratégia de guerra utilizada pela Alemanha Nazista nos anos iniciais da Segunda Guerra Mundial. A estratégia era baseada no ataque rápido às linhas inimigas, na rápida penetração do seu território e no cerco aos exércitos adversários, forçando-os à rendição ou à aniquilação. Em 1939, ela foi colocada em prática na Polônia, levando à rápida vitória nazista. A partir de então, ela foi utilizada com sucesso até 1942.

Após a Operação Barbarossa, o relevo, as condições das estradas soviéticas e o clima do país impossibilitaram a Blitzkrieg, levando os nazistas às suas primeiras derrotas na guerra.

Leia também: Dia D — tudo sobre uma das maiores operações da Segunda Guerra Mundial

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Blitzkrieg

  • Blitzkrieg, ou guerra relâmpago, é o nome da estratégia militar utilizada pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial.

  • A surpresa era uma peça fundamental na Blitzkrieg, uma vez que ela só seria eficiente se os alemães avançassem rapidamente nas defesas inimigas.

  • A Blitzkrieg penetrava em pontos fracos na linha adversária, concentrando suas forças neles.

  • Seu objetivo não era derrotar rapidamente os exércitos inimigos, mas sim cercá-los e cortar suas redes de comunicação e suprimentos.

  • A Blitzkrieg ocorria por meio do ataque combinado entre força aérea, unidades blindadas, artilharia e infantaria.

  • Iniciava-se com bombardeios aéreos e de artilharia nos aeroportos, nas redes de comunicação e nas de transporte do inimigo.

  • Os bombardeios estratégicos eram seguidos pelo ataque de colunas de Panzers e, por fim, pela ocupação do território pela infantaria.

Contexto histórico da Blitzkrieg

Entre 1914 e 1918, ocorreu a Primeira Guerra Mundial, quando as forças da Entente, formada por França, Rússia, Reino Unido, Estados Unidos, Itália, Brasil, entre diversos outros países, enfrentaram a aliança composta pelo Império Alemão, o Império Austro-Húngaro, o Império Turco-Otomano e a Bulgária.

Em 11 de novembro de 1918, a Alemanha se rendeu, e, no ano seguinte, os vencedores impuseram aos germânicos o Tratado de Versalhes. Pelo tratado, a Alemanha foi obrigada a reduzir seu efetivo do exército a cem mil voluntários; foi proibida de ter força aérea e marinha de guerra; perdeu suas colônias e parte do seu território; e foi obrigada a pagar pesadas indenizações aos vencedores.

O tratado e a instabilidade política interna provocaram grave crise econômica na década de 1920, e grupos radicais, de esquerda e direita, se fortaleceram. Na década de 1920, foi fundado o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores da Alemanha, que ficou popularmente conhecido como Partido Nazista.

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Durante toda a década de 1920, o Partido Nazista foi pouco votado nas eleições alemãs, nunca obtendo mais do que 5% dos votos. Em 1929, ocorreu a Quebra da Bolsa de Nova Iorque, que provocou uma crise global e atingiu em cheio a economia alemã. A crise radicalizou ainda mais o país, e, nas eleições de 1933, os nazistas conseguiram 288 assentos no Parlamento, o que tornou o partido o maior da casa, elegendo Adolf Hitler para chanceler.

Hitler ignorou todas as cláusulas militares do tratado e passou a ampliar as forças armadas da Alemanha desde o início de seu governo. Foi nesse contexto que a Blitzkrieg passou a ser desenvolvida.

Veja também: Batalha de Kursk — a maior batalha de blindados da Segunda Guerra Mundial

Qual é a origem da Blitzkrieg?

A Prússia, antigo Estado que foi o responsável pela Unificação da Alemanha, tinha uma tradição militar baseada em rápidos e pesados ataques ao inimigo. Essa antiga tática é considerada, por muitos pesquisadores, como o embrião da Blitzkrieg.

Heinz Guderian, general do exército alemão, é considerado um dos principais idealizadores das táticas que, posteriormente, ficaram conhecidas como Blitzkrieg. Na década de 1930, ele foi defensor da chamada “guerra mecanizada” e da criação das “divisões Panzer”, compostas majoritariamente por tanques de guerra.

Os primeiros tanques de guerra e aviões de combate foram utilizados na Primeira Guerra Mundial, e, no período entreguerras, houve grande desenvolvimento dessas duas tecnologias. Ao chegar ao poder, em 1933, Hitler ignorou o Tratado de Versalhes e passou a ampliar o exército, além de recriar a força aérea e a marinha de guerra alemã.

Em 1936, com a eclosão da Guerra Civil Espanhola, Hitler enviou aviadores alemães, a Legião Condor, e unidades de blindados para auxiliar as tropas nacionalistas, comandadas pelo general Francisco Franco. A guerra foi a oportunidade para Hitler testar novas teorias de guerra, entre elas a Blitzkrieg.

Em 26 de abril de 1937, por exemplo, a Legião Condor praticou o primeiro grande bombardeio de área da história, destruindo boa parte da cidade basca de Guernica com toneladas de explosivos e bombas incendiárias. O bombardeio de área foi largamente utilizado durante a Segunda Guerra Mundial, muitas vezes como uma das etapas da Blitzkrieg, antecedendo às invasões das tropas terrestres.

Cidade de Guernica destruída por um bombardeio da Luftwaffe, uma etapa da Blitzkrieg, em 1937.
Cidade de Guernica destruída por um bombardeio da Luftwaffe, uma etapa da Blitzkrieg, em 1937.

O termo Blitzkrieg não foi utilizado pelas forças armadas alemãs e não esteve presente em nenhum manual das três forças. Usualmente, a tática de guerra nazista era chamada pelo seu alto comando de Bewegungskrieg, ou “guerra de manobra”. A palavra Blitzkrieg passou a ser largamente utilizada pela propaganda nazista, comandada pelo ministro Joseph Goebbels, e pela mídia ocidental, principalmente após a rápida conquista da Polônia em 1939.

Quais os objetivos da Blitzkrieg?

O principal objetivo da Blitzkrieg era derrotar rapidamente as forças inimigas, causando o menor número possível de baixas entre os soldados do Reich. Militarmente, o objetivo principal era furar, em um ou mais pontos, a linha de defesa do inimigo, penetrando em seu território e evitando confrontos diretos com grandes unidades. Estas eram cercadas, havendo o corte de suas linhas de comunicação e de fornecimento de suprimentos, o que as forçaria à rendição.

Saiba mais: Cerco a Leningrado — o brutal bloqueio nazista imposto a uma das mais importantes cidades soviéticas

Como funcionava a Blitzkrieg?

A Blitzkrieg se iniciava com bombardeios aéreos, em pontos estratégicos, que buscavam cortar as redes de comunicação dos exércitos, destruir infraestruturas defensivas, desorganizar as tropas adversárias, e, algumas vezes, criar o pânico entre a população inimiga, fazendo esta abandonar as cidades, congestionando as estradas e dificultando a mobilização das tropas de defesa.

A Luftwaffe e a artilharia destruíam inicialmente os aeroportos e aviões inimigos, muitas vezes ainda no solo, garantindo a supremacia alemã nos céus. Também eram atacados baterias antiaéreas, pontes, ferrovias, rodovias, portos, centrais telefônicas, entre outras estruturas vitais para a resistência adversária.

Após a primeira onda de ataques à infraestrutura, as unidades blindadas furavam a defesa inimiga em um ou mais Schwerpunkt (centro de gravidade ou ponto focal), utilizando veículos blindados concentrados em pontos fracos da defesa, penetrando em território inimigo e cercado grandes unidades, no que os alemães chamaram de Kesselschlacht, algo como “batalha de caldeirão”. Após o cerco das maiores unidades inimigas, a infantaria ocupava o território e os Panzers e outros veículos motorizados continuavam a penetrá-lo.

Por fim, era realizada a ocupação com tropas da infantaria, que ocupavam lugares estratégicos das cidades dominadas, como prefeituras, quartéis da polícia, centrais telefônicas, estações ferroviárias, aeroportos, entre outros.

A imagem abaixo ilustra o ataque: em azul, tropas alemãs penetram as defesas soviéticas (vermelho) em três Schwerpunkt, pontos focais. Tropas soviéticas foram cercadas em dois locais, 1 e 2 em vermelho.

Etapas de um ataque alemão em uma Blitzkrieg.
Etapas de um ataque alemão em uma Blitzkrieg.[2]

Usos da Blitzkrieg pelos alemães

Blitzkrieg na invasão à Polônia

A Segunda Guerra Mundial se iniciou na madrugada de 1º de setembro de 1939, quando tropas da Alemanha iniciaram sua Blitzkrieg sobre o território polonês. Poucos dias antes, Hitler e Stalin haviam assinado o Pacto de Não Agressão, em que, além de se comprometerem a não se atacarem, os dois ditadores dividiriam a Polônia.

Os alemães atacaram com 2750 tanques, 2315 aviões, nove mil canhões e cerca de 1,5 milhão de soldados.|1| Liderados por Guderian, os tanques nazistas penetraram rapidamente as linhas polonesas, recebendo apoio aéreo da Luftwaffe, e fazendo com que os poloneses recuassem para o leste, onde também enfrentavam as tropas soviéticas.

Os poloneses, com forças militares muito inferiores às dos alemães e soviéticos, resistiram até 6 de outubro, quando os últimos territórios poloneses foram tomados pelos dois países invasores.

Uso de metanfetaminas durante a Blitzkrieg

Além dos Panzers e de seus aviões Stuka, os alemães também utilizaram metanfetaminas durante as Blitzkrieg. Durante a invasão da Polônia, por exemplo, algumas tripulações de tanque trabalharam incessantemente por mais de cinco dias, isso só foi possível graças às metanfetaminas desenvolvidas pelas farmacêuticas alemãs.

Frasco de Pervitin, droga usada pelos nazistas durante a Blitzkrieg.
A Pervitin mantinha os soldados alemães em um estado de euforia durante a Blitzkrieg.[3]

A mais usada durante a guerra foi a Pervetin, considerada uma espécie de poção mágica pelos nazistas. Além de inibir o sono, a Pervetin provocava euforia nos soldados e diminuía a fome. Contudo, o uso contínuo da droga se mostrou desastroso para as tropas, aumentando o número de doentes, surtos psicóticos e casos de violência entre os soldados.

Outras vezes em que os alemães usaram a Blitzkrieg

Após conquistar o leste, as tropas nazistas e a Blitzkrieg rumaram para o oeste, para a França. Um exército alemão atacou a Bélgica, fazendo com que tropas belgas, britânicas e francesas se deslocassem para a região. Pelas Ardenas, ponto fraco da Linha Maginot, tropas alemãs se deslocaram, completando a Kesselschlacht e cercando as tropas britânicas, francesas e belgas, forçando a retirada de Dunquerque. Mais uma vez, a Blitzkrieg se mostrou eficaz no campo de batalha.

Em 1941, quebrando o pacto germânico-soviético, os alemães invadiram a União Soviética, iniciando a Operação Barbarossa. Mais uma vez, a Blitzkrieg foi utilizada, pegando desprevenidas as tropas defensoras. Os nazistas obtiveram grandes vitorias nos meses iniciais da Operação Barbarossa, cercando e capturando milhões de soviéticos, mas os invasores não conseguiram mais avançar e estagnaram nas três frentes de batalha, Stalingrado, Leningrado e na direção de Moscou.

O vasto território soviético, as péssimas condições de suas estradas e seu rigoroso inverno impossibilitaram a Blitzkrieg. A partir de 1942, os nazistas passaram a sofrer sucessivas derrotas na União Soviética, passando de atacantes a defensores. Stalin conseguiu reorganizar seu exército, que avançou sobre o território do Reich. Esse avanço só terminou, em 1945, com a conquista de Berlim, o suicídio de Hitler e a rendição da Alemanha.

→ Videoaula sobre Blitzkrieg alemã na Segunda Guerra Mundial

A popularização da Blitzkrieg

Durante a guerra, os exércitos aliados também passaram a utilizar a Blitzkrieg como estratégia de combate, valorizando a surpresa nos ataques, o ataque em ponto focal e o cerco das tropas inimigas. Os Aliados também desenvolveram defesas contra a Blitzkrieg, como o uso de dentes de dragão e campos minados.

A partir da Tempestade do Deserto, as forças armadas dos Estados Unidos passaram a adotar uma espécie de Blitzkrieg contemporânea, baseada na rapidez do ataque e com concentração de poder de fogo em pontos focais.

Nota

|1|RICHIE, A. The Invasion of Poland. The National WWII Museum, 17 out. 2023. Disponível em: https://www.nationalww2museum.org/war/articles/invasion-poland-september-1939

Créditos das imagens

[1]Maurizio Fabbroni/ Shutterstock

[2]Wikimedia Commons (adaptado)

[3]Karolis Kavolelis/ Shutterstock

Fontes

BEEVOR, A. A Segunda Guerra Mundial. Editora Record, São Paulo, 2015.

FERRAZ, F. C. A Segunda Guerra Mundial. Editora Contexto, São Paulo, 2022.

JUDT, T. Pós-guerra: uma história da Europa desde 1945. Editora Objetiva, São Paulo, 2008.

MASSON, P. A Segunda Guerra Mundial: História e estratégias. Editora Contexto, São Paulo, 2010.

RICHIE, A. The Invasion of Poland. The National WWII Museum, 17 out. 2023. Disponível em: https://www.nationalww2museum.org/war/articles/invasion-poland-september-1939

Por: Jair Messias Ferreira Junior

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