Dez meses após o ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo (que ocorreu em 07 de janeiro de 2015 e vitimou 12 pessoas), Paris, em 13 de novembro de 2015, foi palco de um novo atentado terrorista, mas, dessa vez, de proporções bem maiores, porém, movido pelas mesmas concepções do atentado de 07 de janeiro: o fundamentalismo islâmico, que produz a aversão que diversas organizações terroristas nutrem contra a cultura ocidental.
Ao contrário dos terroristas que perpetraram o ataque ao jornal Charlie Hebdo, os oito terroristas que mataram 129 pessoas e feriram cerca de 350 não pertenciam à Al-Qaeda, mas sim ao Estado Islâmico – organização terrorista que atua desde a época da Guerra do Iraque, entre os estados da Síria e do Iraque, e que se tornou notária pela crueldade e barbárie que impingem contra as populações que controlam. O atentado de Paris, em termos de vítimas fatais, só é superado no mundo ocidental pelo atentado de 11 de setembro de 2001.
No total, foram seis locais da cidade de Paris que sofreram os ataques no dia 13 de novembro. Entre esses locais, estavam quatro restaurantes, uma casa de espetáculos e um estádio de futebol – que não foi atingido por dentro, mas houve a ocorrência de três explosões de homens-bomba em suas proximidades. Esse estádio era o Stade de France, que ficou famoso por ter sediado o primeiro e o último jogo da Copa do Mundo de 1998. Próximo à sua entrada principal, ocorreu o primeiro ataque a bomba, às 21:16, na noite do dia 13. No interior do estádio, entre os milhares de espectadores, estava o presidente francês, François Holland, que assistia a uma partida entre as seleções francesa e alemã.
Quatro minutos depois da primeira explosão, dois restaurantes, o Le Carillon e o Le Petit Cambodge, foram alvos de terroristas armados com fuzis AK-47 e metralhadoras. Dezenas de pessoas morreram nesse ataque. Mas o terror não parou por aí. Por volta das 21:30, mais uma explosão ocorreu nas imediações do Stade de France. Já havia a certeza que Paris estava sob ataque terrorista. O presidente francês foi retirado do estádio e os espectadores tiveram que se resguardar no centro do campo para se protegerem e saber mais informações sobre o que ocorria na cidade.
Ao mesmo tempo em que a segunda explosão causava mais pânico nas ruas de Paris, mais dois restaurantes foram alvos dos terroristas armados, o La Casa Nostra e o La Belle Équipe. Os terroristas fugiram em um carro cuja placa era da Bélgica, segundo testemunhas, e rumaram em direção à casa de shows Bataclan, onde se apresentava uma banda de rock dos Estados Unidos. Quatro sujeitos armados e encapuzados adentraram a casa de shows, atirando indiscriminadamente em quem viam pela frente. Muitos dos presentes conseguiram escapar, mas os terroristas ainda conseguiram fazer 80 reféns.
No momento em que os terroristas faziam os reféns no Bataclan, ocorria a terceira explosão próximo aos Stade de France. A polícia francesa dirigiu-se à casa de shows e tentou invadi-la a fim de conter a ação dos terroristas, que lá ficaram até depois de 00h00. No momento em que os policiais tentaram a invasão, os terroristas detonaram os seus cintos de explosivos e mataram todos que haviam sido feitos reféns.
As investigações da polícia parisiense sobre a elaboração e coordenação dos atentados de 13 de novembro apontam para um reduto de terroristas de origem europeia, que atuam em um bairro de Bruxelas (capital da Bélgica), chamado Molenbeek. Dois dos terroristas viviam nesse bairro, além do acusado de planejar os ataques, Abdelhamid Abaaoud, antes de ir para a Síria lutar com os jihadistas do Estado Islâmico.