Sabe-se que o Império Otomano, criado a partir do sultanato de Osman de Sogut, em 1299, tornou-se um dos mais poderosos do mundo a partir do século XV. Isso ocorreu porque o então Sultão Mehmed II, no ano de 1453, conseguiu romper as defesas da cidade de Constantinopla – sede do Império Bizantino –, conquistando-a definitivamente. A partir de então, Constantinopla seria a sede do Império Otomano e passaria a se chamar Istambul. Da segunda metade do século XV até o fim do século XVII, os otomanos viveram um momento de crescente expansão em três continentes: o Asiático, o Europeu e o Africano, chegando, assim, ao seu apogeu econômico, cultural e militar.
A robustez do Império Otomano começou a ser atestada quando seus sultões, a partir de Selim I, que governou de 1512 a 1520, começaram a submeter outros reinados muçulmanos e a confrontar as principais potências cristãs da época, como os reinos ibéricos de Portugal e Espanha e, a leste, a Áustria e a Hungria. Os otomanos estiveram presentes nas principais batalhas desse período, como a Batalha de Lepanto (1570), que ocorreu no Mediterrâneo em virtude da invasão otomana da ilha de Chipre, e o Cerco de Viena (1683), que deixou a capital austríaca sitiada, mas não conseguiu submetê-la ao jugo otomano.
Um dos sultões mais poderosos desse período foi Solimão, o Magnífico, conhecido também como Suleiman, que governou de 1520 a 1566. Solimão concentrou a expansão muçulmana em direção ao leste europeu, sobretudo à Hungria e à Áustria, tendo conquistado também a região da Transilvânia, na Romênia. Foi ele que comandou pessoalmente o cerco à capital austríaca, como explica o historiador Alan Palmer:
Em 1529, o Sultão Suleiman I comandara pessoalmente o cerco de Viena, quando, pela primeira vez em dezessete anos de guerra nos três continentes, as forças otomanas foram detidas às margens do Danúbio. Não se tratava de uma derrota de Suleiman, pois ele apenas fracassou na tentativa de tomar uma cidade que parecia naturalmente menos defendida do que tantas outras cidadelas já vencidas no curso médio do Danúbio. [1]
No século XVII, o grande destaque ficou com Mehmed IV, cujo longo governo efetivou-se entre os anos de 1648 e 1687. Esse sultão aglutinou aos domínios otomanos boa parte das ilhas do Mar Egeu, a República de Veneza e, a leste, a Polônia, tendo chegado até a região da Ucrânia. Ficou conhecido também por ter como braço-direito o comandante militar e grão-vizir Kara Mustafa (1634-1683), um dos mais cruéis líderes militares muçulmanos da modernidade, que se tornou famoso por sua perseguição implacável contra cristãos. Conta o historiador Alan Palmer que:
Nenhum comandante otomano possuía mais experiência militar que Kara Mustafa. Em 1672, no rio Dniester, ele venceu o notável soldado polonês Jan Sobieski, ao comandar os turcos e seus vassalos tártaros na tomada da fortaleza de Kamenets Podolsky. Dois anos mais tarde, conquistou a cidade de Uman e escalpelou seus prisioneiros cristãos, enviando os couros cabeludos empalhados como presente para o Sultão. [2].
Apesar da ligação estreita que havia entre Mehmed IV e Mustafa, uma falha militar que esse último cometeu em 1683, rendeu-lhe a perda de posição hierárquica e a morte por enforcamento. Depois do enforcamento, a cabeça de Mustafa foi separada do corpo e enviada para o sultão dentro de um saco de veludo.
NOTAS
[1] PALMER, Alan. Declínio e queda do Império Otomano. São Paulo: Globo, 2013. p. 10.
[2] Idem. p. 10.