Anúbis

Anúbis foi o primeiro deus dos mortos na religiosidade egípcia. Era considerado protetor dos cemitérios e guia dos mortos na vida após a morte.

Os egípcios representavam Anúbis com a cabeça de chacal.[1]
Os egípcios representavam Anúbis com a cabeça de chacal.[1]

Anúbis era um importante deus da religiosidade egípcia, sendo a primeira divindade relacionada com os mortos e com a mumificação. Os egípcios o representavam como um chacal da cor preta e o consideravam protetor dos cemitérios e guia das almas dos mortos na vida após a morte.

Leia mais: Esfinge — criatura mitológica encontrada em diferentes povos da Antiguidade, como os egípcios

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Anúbis

  • Foi o primeiro deus da religiosidade egípcia associado com a morte e com a mumificação.
  • Com o tempo, Osíris foi assimilando seus atributos.
  • Era representado com o corpo humano, mas com cabeça de chacal.
  • Passou a ser visto como protetor dos cemitérios e guia das almas na vida após a morte.
  • Seu culto centralizava-se em Saka, e ele era patrono da necrópole de Mênfis.

Anúbis, deus dos mortos

Anúbis foi um dos deuses presentes na religiosidade dos egípcios antigos. Foi a primeira divindade destinada aos mortos e à mumificação. Com o tempo, Osíris assumiu esse posto e Anúbis passou a ser um guia dos mortos na vida após a morte e protetor das tumbas e dos cemitérios.

Os egípcios o representavam com o corpo humano, mas com a cabeça de um chacal, retratado com a cor preta. Essa interpretação de Anúbis fazia menção a dois significados:

  1. A sua relação com a morte, uma vez que o preto se manifestava com a decomposição dos corpos.
  2. A ideia de renascimento da vida, uma vez que preto era a cor do solo fértil às margens do rio Nilo.

As primeiras representações de Anúbis encontradas pelos arqueólogos remontam à Primeira Dinastia, portanto, correspondem a um período que se estendeu de 3150 a.C. a 2890 a.C. Entretanto, os historiadores acreditam que o culto a Anúbis era bem mais antigo que isso, tendo surgido no período Pré-Dinástico, de 6000 a.C. a 3150 a.C.

A partir do Médio Império, os atributos de Anúbis passaram a ser relacionados com outro deus egípcio, Osíris. Este trouxe algumas alterações para o culto de Anúbis e modificou, até mesmo, alguns dos mitos em que ele aparecia. Um exemplo se deu com seus pais, pois, anteriormente, Anúbis era filho de Rá e Hesat, mas passou a ser filho de Osíris e Néftis.

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A ascensão de Osíris como deus dos mortos não fez com que a relação de Anúbis com os mortos deixasse de existir. Este, na religiosidade egípcia, ainda tinha uma forte relação com os mortos, com a mumificação e com a vida após a morte. Anúbis também tinha lugar no Tribunal de Osíris.

Esse tribunal julgava as obras das pessoas depois de mortas. Anúbis as guiava até o salão do julgamento, sendo ainda um dos 42 juízes presentes na ocasião. O morto teria o seu coração pesado contra uma pena, metaforicamente, para definir se ele gozaria da vida após a morte ou se teria sua alma destruída.

Os egípcios, que chamavam Anúbis de Inpu ou Anpu, acreditavam que ele punia todos os que violassem cemitérios e tumbas. Além disso, existia um mito egípcio que narrava que Anúbis havia sido o responsável pela mumificação de Osíris, quando este fora assassinado por Set.

  • Como Anúbis nasceu?

Ilustração de Anúbis
Anúbis era filho de Osíris e Néftis.

O nascimento de Anúbis foi resultado de uma relação extraconjugal. Essa história se iniciou com Néftis, esposa de Set, interessando-se por Osíris, devido à beleza desse deus. Néftis se disfarçou de Ísis, esposa de Osíris, e o seduziu. Eles se relacionaram e Néftis engravidou, gerando Anúbis. Temendo a reação de seu marido, Néftis abandonou o filho.

Ísis soube do acontecido, foi atrás de Anúbis, encontrando-o e criando-o como se fosse seu próprio filho. Posteriormente, Set também soube da traição de sua esposa e decidiu assassinar Osíris, que era seu próprio irmão. Osíris foi morto por Set e, como vimos, o seu processo de mumificação foi feito por Anúbis.

Acesse também: Deuses do Egito — as divindades da religiosidade egípcia na Antiguidade

Anúbis na religião egípcia

Enquanto divindade, Anúbis recebia o devido culto dos egípcios. Existiam santuários dedicados a ele construídos em diferentes partes do Egito Antigo. O local que centralizava seu culto era uma cidade no Alto Egito chamada Saka e conhecida pelos gregos como Cinópolis. Um dos templos mais importantes dedicados a esse deus ficava em Deir el-Bahri.

O mito em que Anúbis mumifica Osíris reforçou consideravelmente a imagem dele como patrono desse ritual na necrópole de Mênfis, uma das cidades mais importantes do Egito Antigo. O culto a Anúbis também incluía a produção de amuletos e a reprodução de desenhos dele em túmulos.

Anúbis esteve na religiosidade de outros povos, como os cuxitas, que habitavam a região ao sul do Egito, chamada Núbia. Por fim, o deus recebeu epítetos que reforçavam sua ligação com a morte, com a vida após a morte e com a mumificação.

Um exemplo é o epíteto “o primeiro dos ocidentais”, sendo o termo ocidental uma referência ao além, onde os mortos viveriam. Com o tempo, esse epíteto foi sendo usado também com Osíris, deus que, como visto, assumiu a posição de deus dos mortos.

  • Videoaula sobre Egito Antigo: religião

 

Créditos da imagem

[1] Jakub Kyncl e Shutterstock

Por: Daniel Neves Silva

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