Alta Idade Média

A Alta Idade Média é o período da História Medieval que corresponde aos séculos V a X e é caracterizado pela formação e consolidação do feudalismo na Europa Ocidental.

A Alta Idade Média foi marcada pela formação e consolidação dos feudos.
A Alta Idade Média foi marcada pela formação e consolidação dos feudos.

A Alta Idade Média foi o período histórico referente à Idade Média que ocorreu entre os séculos V e X, logo após a queda do Império Romano do Ocidente. Nesse contexto, por conta das invasões bárbaras, as cidades se esvaziaram e a Europa se tornou um continente rural, isto é, com a maioria de sua população morando o campo. A forte presença da Igreja Católica no cotidiano medieval influenciou a forma de agir e pensar da sociedade desse período.

Leia também: Desenvolvimento da cidade medieval

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Alta Idade Média

  • A Alta Idade Média é o período que corresponde aos séculos V a X e é marcado pela formação e consolidação do feudalismo na Europa.

  • A Igreja Católica exerceu domínio sobre a sociedade, e o cristianismo se tornou a maior religião da Europa, promovendo a conversão dos povos bárbaros.

  • Economicamente, a Alta Idade Média foi baseada na agricultura.

  • O clero, a nobreza e os servos formavam as classes sociais.

  • A política se caracterizava por ser descentralizada.

  • Enquanto a Europa se ruralizava em sua porção ocidental, o Oriente acompanhava a expansão do Império Bizantino e a rápida expansão do islamismo.

Videoaula sobre a Alta Idade Média

O que foi a Alta Idade Média?

A Alta Idade Média foi o primeiro período da história da Idade Média, correspondendo aos séculos V a X. Sua formação se baseia na fragmentação do Império Romano, quando as cidades se esvaziaram por conta dos conflitos e invasões pelos povos bárbaros e da ruralização europeia.

A presença bárbara no território que antes pertencia aos romanos deu origem ao reino germânico. Nesse primeiro momento da Idade Média, a Igreja Católica se tornou a mais importante instituição e exercia sua influência, além de através da crença, no modo de agir e de pensar das pessoas.

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Divisão da Idade Média

A historiografia divide a Idade Média em dois períodos:

  • Alta Idade Média (século V ao século X): é o período que sucede a queda do Império Romano e consolida o feudalismo na Europa.

  • Baixa Idade Média (século XI ao século XV): as transformações sociopolíticas e econômicas deste período levam a Idade Média à crise.

Para saber mais, leia: Divisões da Idade Média — as fases que marcaram o período medieval.

Início da Alta Idade Média

A Alta Idade Média teve início logo após o fim do Império Romano, no século V. Foi um momento em que os povos bárbaros, como os visigodos, os germanos, os bretões e os ostrogodos, tomaram conta do território que pertencia à Roma e iniciaram a formação dos primeiros reinos.

A Igreja Católica se consolidou como a religião predominante na Europa, e o clero se aproximou dos reis bárbaros, estabelecendo alianças políticas e convertendo seu povo ao cristianismo.

A transição da Antiguidade para a Idade Média foi marcada pelo êxodo urbano, quando as cidades foram esvaziadas por conta das invasões bárbaras. As pessoas que viviam nas cidades procuraram abrigo, segurança e trabalho nos feudos. O escravismo já estava em crise desde a crise romana, e a mão de obra estabelecida no novo tempo que se iniciava foi a servil.

Nesse período inicial da Idade Média, observou-se a junção da cultura bárbara com a romana e, a partir dessa relação, foram determinados costumes, ideologias e práticas sociais ao longo do período medieval.

Principais características da Alta Idade Média

  • Economia da Alta Idade Média

Durante esse período, a principal atividade econômica foi a agricultura. O comércio, tão ativo durante a Antiguidade Clássica, enfraqueceu, e a circulação de moedas diminuiu significativamente. A terra se tornou fonte de riqueza e de poder.

Os servos trabalhavam nas terras pertencentes aos senhores feudais e utilizavam o sistema de rotação para melhor aproveitá-las. Esse sistema se baseava no uso de parte do terreno enquanto outra parte ficava em repouso para que fosse utilizada logo após a colheita. Assim, se preservava a fertilidade do solo. Os excedentes da produção eram trocados entre os feudos.

  • Sociedade da Alta Idade Média

A sociedade da Alta Idade Média era composta pelas seguintes classes sociais:

  • nobreza: senhores feudais e cavaleiros, ou seja, aqueles que tinham o domínio dos feudos;
  • clero: religiosos católicos;
  • servos: trabalhadores dos feudos (maioria da população), obrigados a pagarem impostos como a corveia, a mão-morta e a talha.

As relações sociais se caracterizavam pela fidelidade. Os suseranos eram aqueles que cediam bens para seus vassalos no intuito de obter favores, como apoio em caso de guerras. Esses laços de fidelidade eram feitos mediante uma cerimônia com a presença de um representante do clero, formalizando o reconhecimento da Igreja.

  • Política da Alta Idade Média

Nos primeiros momentos da Alta Idade Média, os bárbaros buscaram construir impérios, na tentativa de manter a unidade dos tempos romanos. Porém, prevaleceu a descentralização do poder, com o fortalecimento dos feudos e o domínio dos senhores feudais sobre suas terras.

Formação do feudalismo

As invasões bárbaras, que colaboraram diretamente para o fim do Império Romano do Ocidente, no século IV, promoveram a fuga das pessoas que moravam nas cidades em direção ao campo, mais especificamente aos feudos, grandes propriedades de terra, em busca de abrigo, segurança e trabalho.

A Europa Ocidental se ruralizava, e os senhores feudais começaram a ganhar poder e influência. Os feudos se tornaram o principal lugar onde o mundo medieval organizava sua política, sociedade, economia, religião e cultura.

O feudalismo foi uma prática social, econômica e política característica da Idade Média. A economia era agrária, portanto a terra se tornou fonte de poder e de riqueza. A mão de obra predominante era a servil, sendo que o poder se descentralizou nas mãos dos senhores feudais. Além disso, a Igreja Católica exerceu importante influência nas práticas sociais dentro dos feudos.

Leia também: Relações de servidão no mundo feudal

Acontecimentos da Alta Idade Média

  • Formação do Império Carolíngio

Ilustração retrata coroação de Carlos Magno
A coroação de Carlos Magno representou o auge do domínio carolíngio sobre a Europa.

Dentre os povos germânicos que se estabeleceram na Europa Ocidental, o que mais se desenvolveu foi o Reino dos Francos, principalmente no século XVIII, quando a dinastia carolíngia assumiu o reinado. Em 751, Pepino, o Breve, foi coroado rei dos francos e se aproximou da Igreja Católica. O novo rei foi importante aliado do papa Estevão III e concedeu inúmeras terras na Península Itálica para o clero católico.

Os carolíngios atingiram o ápice do poder entre 768 e 814, quando Carlos Magno assumiu o trono, sucedendo seu pai, Pepino, o Breve. Ele expandiu o domínio do seu reino e construiu um grande império. Carlos Magno também se manteve próximo da Igreja Católica e levou o cristianismo para outras regiões europeias. Apesar disso, o Império Carolíngio entrou em crise e se desintegrou logo após a morte de Carlos Magno.

  • Expansão do Império Bizantino

O Império Bizantino teve suas origens no Império Romano do Oriente. Em 330, os romanos fundaram a cidade de Constantinopla, no lugar de Bizâncio, que foi construída pelos gregos. Enquanto o lado ocidental do Império Romano estava em crise e era invadido pelos povos bárbaros, o Oriente se mantinha consistente, sendo que no século VI, com a chegada de Justiniano ao poder, ele chegou a seu ápice.

Durante o reinado de Justiniano, o Império Bizantino ampliou seus domínios e conseguiu retomar algumas terras que pertenciam ao Império Romano do Ocidente que estavam nas mãos dos bárbaros. Outro feito de Justiniano foi a construção da Hagia Sofia, uma basílica eregida em Constantinopla. Logo após a chegada dos otomanos, no século XV, a basílica se transformou em uma mesquita (atualmente, um museu). Após a morte de Justiniano, muitas conquistas empreendias por ele foram perdidas.

  • Origem do islamismo

O islamismo teve suas origens no século VII, na Península Arábica, a partir das revelações que Alá apresentou, acredita-se, para o profeta Maomé. Ao lado do cristianismo e do judaísmo, o islamismo surgia como mais uma religião monoteísta no Oriente.

Relata-se que em 610 Alá apareceu pela primeira vez para Maomé, e, dois anos depois, o profeta começou a fazer pregações em Meca. As perseguições religiosas fizeram com que Maomé saísse de Meca e se deslocasse para Medina, onde organizou um exército para reconquistar Meca. A guerra foi exitosa e Maomé voltou para sua cidade natal expandindo a mensagem islâmica para toda a Península Arábica.

Os sucessores de Maomé mantiveram a expansão do islamismo e, no século VIII, conseguiram difundir a religião na Europa e no litoral africano.

Fim da Alta Idade Média

O fim da Alta Idade Média ocorreu no ano 1000, também conhecido como o “ano da paz de Deus”. Esse contexto é caracterizado pelo fim das guerras entre os povos bárbaros e a pacificação da Europa.

Leia também: Idade Média no Enem — como esse tema é cobrado?

Exercícios resolvidos sobre Alta Idade Média

Questão 1

(UFJF) O islamismo, religião fundada por Maomé e de grande importância na unidade árabe, tem como fundamento

a) o monoteísmo, influência do cristianismo e do judaísmo, observado por Maomé entre povos que seguiam essas religiões.

b) o culto dos santos e profetas através de imagens e ídolos.

c) o politeísmo, isto é, a crença em muitos deuses, dos quais o principal é Alá.

d) o princípio da aceitação dos desígnios de Alá em vida e a negação de uma vida pós-morte.

e) a concepção do islamismo vinculado exclusivamente aos árabes, não podendo ser professado pelos povos inferiores.

Gabarito: Letra A

O islamismo se tornou a terceira religião monoteísta do mundo, ou seja, com a crença em um único Deus. As influências do cristianismo e do judaísmo sustentaram os dogmas dessa religião, que tinha em Maomé seu maior profeta.

Questão 2

(Vunesp)

Na sociedade feudal, o vínculo humano característico foi o elo entre subordinado e chefe mais próximo. De escalão em escalão, os nós assim formados uniam, tal como se se tratasse de cadeias infinitamente ramificadas, os menores e os maiores. A própria terra só parecia ser uma riqueza tão preciosa por permitir obter “homens”, remunerando-os.

Marc Bloch. A sociedade feudal.

O texto descreve a

a) hierarquia eclesiástica da Igreja Católica.

b) relação de tipo comunitário dos camponeses.

c) relação de suserania e vassalagem.

d) hierarquia nas corporações de ofício.

e) organização política das cidades medievais.

Gabarito: Letra C

As relações de suserania e vassalagem se caracterizavam pela fidelidade. O suserano concedia favores aos vassalos, que deveriam retribuir o bem concedido por meio da prestação de serviços.

Por: Carlos César Higa

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