Civilização Egípcia

A Civilização Egípcia antiga foi uma das mais complexas e importantes para o desenvolvimento da humanidade.

A Esfinge, um dos grandes símbolos da civilização egípcia, diante de pirâmide.
A Esfinge, um dos grandes símbolos da civilização egípcia, diante de pirâmide.

A civilização egípcia tem sua história dividida em três períodos principais: o Antigo Império, caracterizado pelas majestosas pirâmides; o Médio Império, marcado por estabilidade política e desenvolvimento cultural; e o Novo Império, destacando-se pela expansão militar e construção de monumentos grandiosos, sobretudo durante o reinado de Ramsés II.

As características distintivas dessa civilização englobam uma religião politeísta complexa, notáveis avanços científicos, como na medicina e na astronomia, cultura complexa com literatura e arte, além de uma política altamente centralizada, em que o faraó era tido como divino e governava com o apoio de escribas e sacerdotes.

Seu auge foi alcançado no Novo Império, mas o declínio começou com invasões estrangeiras, incluindo a dos hicsos, e persistiu sob o domínio persa, grego ptolomaico e, finalmente, com a conquista romana em 30 a.C. Não obstante, o legado da civilização egípcia perdura em sua influência duradoura na arte, arquitetura, religião e na preservação de seus monumentos e hieróglifos, tornando-a uma das civilizações mais fascinantes e estudadas ao longo da história.

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Tópicos deste artigo

Resumo sobre a civilização egípcia

  • A história da civilização egípcia é dividida em três períodos principais: o Antigo Império, que testemunhou a construção das grandes pirâmides; o Médio Império, marcado por estabilidade política e cultural; e o Novo Império, uma época de expansão militar e construção de monumentos impressionantes.
  • As características distintivas da civilização egípcia incluem uma rica religião politeísta centrada na adoração dos deuses, notáveis avanços na ciência, uma cultura complexa, além de uma política altamente centralizada.
  • O auge da civilização egípcia foi alcançado no Novo Império, sob a liderança de faraós como Ramsés II, que expandiram os territórios egípcios e construíram majestosos templos e monumentos, como Abu Simbel e Karnak.
  • O declínio da civilização egípcia começou após o Novo Império, com o domínio estrangeiro, incluindo os persas e os gregos ptolomaicos. A conquista romana em 30 a.C. marcou o fim da autonomia da civilização egípcia.
  • O legado da civilização egípcia é evidente em sua influência duradoura na arte, arquitetura e religião, bem como na preservação de seus monumentos e hieróglifos ao longo dos séculos, tornando-a uma das civilizações mais fascinantes e estudadas da história.

Videoaula sobre a civilização egípcia

História da civilização egípcia

A civilização egípcia antiga foi, nas palavras do historiador Ciro Flamarion Cardoso, a mais longa experiência humana de continuidade política e cultural. Para compreender essa civilização complexa e longeva, é fundamental dividir sua história em várias fases distintas.

  • Antigo Império

O Antigo Império egípcio foi o período de aproximadamente entre 2700 e 2200 a.C. Foi um período de unificação dos reinos egípcios sob uma única monarquia e da notável construção das icônicas pirâmides, incluindo a Pirâmide de Quéops em Gizé.

Sob a liderança de faraós renomados, como Djoser e Snefru, o Egito consolidou-se como um Estado altamente centralizado, caracterizado por uma sociedade estratificada e uma economia agrícola bem desenvolvida. Durante esse período, o poder dos faraós era considerado divino, e a estabilidade política e econômica permitiu a realização de grandes empreendimentos arquitetônicos, como as pirâmides.

  • Médio Império

            O Médio Império, que se estendeu aproximadamente de 2050 a 1650 a.C., marcou uma era de expansão territorial e um aumento ainda maior na centralização do poder. Nesse período, o Egito testemunhou faraós notáveis, como Amenemhat I, que promoveram o desenvolvimento econômico, a arte, a religião e a cultura. Essa fase também viu uma ênfase maior nas artes e na literatura, com a criação de obras como o "Conto de Sinuê" e o "Hino a Aton", que refletem a riqueza cultural do período.

  • Novo Império

O Novo Império, que abrangeu aproximadamente o período entre 1550 e 1070 a.C., foi a época do auge do Egito Antigo. Grandes faraós, como Hatshepsut, Tutancâmon, Amenhotep III e Ramsés II, governaram nesse período. O Egito se tornou uma potência militar e comercial, estabelecendo relações com outras civilizações, como a Mesopotâmia e a Núbia.

O reinado de Hatshepsut, por exemplo, é notável por suas inovações econômicas, diplomáticas e arquitetônicas. Sob Ramsés II, o Egito alcançou seu território máximo, firmou tratados de paz com impérios vizinhos e construiu o Templo de Abu Simbel, um dos mais espetaculares monumentos egípcios.

Nessa época, os túmulos faraônicos deixaram de ser as pirâmides e passaram a ser construídos sob a forma de câmaras subterrâneas ricamente adornadas no chamado Vale dos Reis. Até hoje, arqueólogos pesquisam e encontram novas informações nessa região.

Templo de Nefertari, em Abul Simbel.
Templo de Nefertari, em Abul Simbel.

Características da civilização egípcia

  • Religião da civilização egípcia

A religião desempenhou um papel central na vida dos egípcios, influenciando todos os aspectos de sua sociedade. Os egípcios adoravam uma ampla variedade de deuses e deusas, incluindo Ra, Ísis, Osíris e Hórus, e acreditavam em uma vida após a morte. Isso levou ao desenvolvimento das práticas de mumificação e à construção de túmulos elaborados, como as tumbas do Vale dos Reis.

Também, a religião egípcia era politeísta (cultuava vários deuses), antropozoomórfica (os deuses eram representados por formas humanas com características animais) e funerária (existia a crença na vida após a morte). Com isso, diversos aspectos da vida cotidiana foram influenciados pela preparação religiosa da morte e pelo culto às divindades. Para saber mais sobre a religiosidade dos egípcios antigos, clique aqui.

Máscara com o rosto do deus Anúbis.[1]
Máscara com o rosto do deus Anúbis.[1]
  • Ciência na civilização egípcia

A ciência egípcia antiga era notável por suas contribuições significativas em várias áreas do conhecimento. Na medicina, os egípcios desenvolveram um conhecimento avançado sobre anatomia e tratamentos médicos, registrando suas descobertas em papiros médicos, como o Papiro de Edwin Smith e o Papiro de Ebers, que datam de cerca de 1600 a.C. Esses documentos incluíam informações sobre cirurgias, diagnósticos e tratamentos de diversas doenças.

Na matemática, os egípcios usavam um sistema de numeração hieroglífica e eram proficientes em cálculos para questões de engenharia, impostos e comércio. Além disso, na astronomia, eles observavam os movimentos das estrelas e planetas, contribuindo para o desenvolvimento de calendários precisos. A combinação dessas conquistas científicas desempenhou um papel crucial na construção das pirâmides e na organização da sociedade egípcia, solidificando o legado científico dessa civilização.

  • Cultura na civilização egípcia

A cultura egípcia antiga era rica e diversificada, influenciando profundamente a vida cotidiana e as crenças religiosas do povo. A escrita hieroglífica, um sistema complexo de caracteres pictográficos e simbólicos, desempenhou um papel fundamental na preservação do conhecimento e na comunicação. Além disso, os egípcios desenvolveram sistemas de escrita mais simplificados para fins administrativos e literários.

A literatura era uma parte essencial da cultura egípcia, com obras como o "Livro dos Mortos", um guia espiritual para a vida após a morte, e "Odisseia de Sinuê", um conto de aventuras e exílio.

A arte floresceu com pinturas em tumbas que retratavam cenas do cotidiano e hierarquia social, além de esculturas, relevos e joias elaboradas que celebravam a estética egípcia. A música e a dança eram importantes expressões culturais, e os egípcios criaram uma variedade de instrumentos musicais, como a harpa e o alaúde.

Hieroglifos da tumba de Seti I.
Hieroglifos da tumba de Seti I.
  • Política na civilização egípcia

A política no Antigo Egito era caracterizada por uma forma de governo conhecida como teocracia. Nesse sistema, o poder político e religioso eram entrelaçados, com o faraó desempenhando um papel central na religião e na garantia da estabilidade política. A teocracia egípcia significava que o faraó era considerado uma figura divina, visto como a conexão entre os deuses e o povo. Essa crença na divindade do faraó conferia legitimidade ao seu governo e à sua autoridade sobre todos os aspectos da sociedade.

O papel dos escribas e sacerdotes era fundamental na política egípcia. Os escribas eram altamente educados e treinados na escrita hieroglífica e na simplificada, o que lhes permitia administrar o aparato burocrático do Estado. Eles desempenhavam funções cruciais na coleta de impostos, na manutenção de registros, na gestão de recursos e na organização de obras públicas. Os sacerdotes, por outro lado, eram responsáveis pelos rituais religiosos e pela manutenção dos templos e dos cultos aos deuses. Eles exerciam influência significativa sobre o faraó, frequentemente aconselhando-o em questões religiosas e políticas.

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Essa combinação de poder teocrático, burocracia eficiente e influência dos escribas e sacerdotes permitia ao Antigo Egito manter uma sociedade organizada e funcional. O faraó, como líder político e religioso, desempenhava o papel central na administração do Estado e na manutenção da ordem, enquanto os escribas e sacerdotes contribuíam para a governança e a coesão do Egito, tornando-a uma civilização bem-organizada.

Leia também: Papiro — a história da folha usada para escrita no Egito na Idade Antiga

Auge da civilização egípcia

O auge da civilização egípcia ocorreu durante o Novo Império. Nesse período, o Egito expandiu seus territórios, acumulando riquezas e poder. A construção de monumentos e a arte atingiram seu ápice, refletindo o esplendor da época. A expansão do império egípcio permitiu o comércio com terras distantes, como a região do Levante, e o Egito tornou-se uma potência militar e diplomática respeitada.

Mapa do auge do território egípcio.[2]
Mapa do auge do território egípcio.[2]

Declínio da civilização egípcia

O declínio da civilização egípcia ocorreu após o Novo Império e foi marcado por uma série de eventos que culminaram na conquista por povos estrangeiros, sobretudo os romanos. Esse período de declínio e domínio estrangeiro é geralmente dividido em duas fases distintas: o Período Tardio e a conquista romana.

  • Período Tardio (c. 1070 a.C. - 332 a.C.):

Após o Novo Império, o Egito entrou em um período de instabilidade política conhecido como o Terceiro Período Intermediário. Durante essa época, o poder central enfraqueceu-se significativamente, resultando em governantes locais poderosos, conhecidos como príncipes líbios, que exerciam influência sobre partes do Egito. As fronteiras do Egito eram frequentemente ameaçadas por invasões de povos estrangeiros, como os líbios e os núbios.

Em 722 a.C., o Egito foi brevemente conquistado pelos assírios, e posteriormente pelos Império Persa, que governaram o Egito por cerca de um século, a partir de 525 a.C. Durante o domínio persa, o Egito permaneceu como uma província, sofrendo sob a tributação pesada e a exploração econômica. No entanto, os persas também trouxeram certa estabilidade ao Egito, mantendo uma administração eficaz.

  • Domínio de Alexandre, o Grande (332-323 a.C.):

Em 332 a.C., Alexandre, o Grande chegou ao Egito após a conquista da cidade de Tiro, no atual Líbano. Ele foi recebido em Alexandria, uma cidade que ele próprio fundou, e foi proclamado faraó pelos egípcios. Alexandre governou o Egito como faraó e estabeleceu políticas para unificar a região, incluindo a introdução da cultura grega e a promoção do sincretismo religioso, combinando tradições egípcias e gregas. No entanto, em 323 a.C., Alexandre faleceu, e o controle do Egito passou para um de seus generais, Ptolemeu I Sóter, que estabeleceu a dinastia ptolemaica.

  • Domínio romano (30 a.C. - 395 d.C.):

Em 30 a.C., após a Batalha de Ácio, Otaviano (posteriormente conhecido como Augusto, o primeiro imperador romano) derrotou Cleópatra VII e Marco Antônio, marcando o fim do período ptolemaico. O Egito passou a ser uma província romana, governada por um governador romano chamado de "prefeito do Egito". Durante o domínio romano, o Egito desempenhou um papel importante como celeiro do Império Romano, fornecendo alimentos para a população de Roma e outras partes do império.

Em 212 d.C., o Imperador Caracala concedeu a cidadania romana a todos os habitantes do Império, incluindo os egípcios, como parte de sua política de unificação. Em 395 d.C., o Império Romano foi dividido em duas partes, o Império Romano do Ocidente e o Império Romano do Oriente (ou Império Bizantino).

Busto de Cleópatra VII.
Busto de Cleópatra VII.

Civilização Egípcia até os dias de hoje

Mesmo que a civilização egípcia tenha deixado de ser autônoma no fim da Idade Antiga por motivo das conquistas estrangeiras, seu legado na história humana é profundo. Durante a Idade Média e Moderna, o Egito foi conquistado sucessivas vezes e sua cultura se fundiu a outros modelos de civilização, como o bizantino e o muçulmano. Dentre os principais acontecimentos desse período, pode-se destacar:

⇒ Período Bizantino (395-641 d.C.)

  • Após a divisão do Império Romano, o Egito tornou-se parte do Império Bizantino, também conhecido como Império Romano do Oriente.
  • Durante esse período, o cristianismo ganhou força e se tornou a religião dominante no Egito.
  • O Egito desempenhou um papel significativo na controvérsia monofisita, que afetou a relação entre a Igreja Egípcia e a Igreja Ortodoxa de Constantinopla.

⇒ Domínio árabe-islâmico (641-1250 d.C.)

  • Em 641 d.C., o Egito foi conquistado pelos árabes muçulmanos, liderados pelo general Amr ibn al-As.
  • O Egito passou a fazer parte do Califado Islâmico e, mais tarde, do Califado Abássida e do Califado Fatímida.
  • Durante esse período, o Islã se espalhou e se tornou a religião dominante no Egito, coexistindo com as comunidades cristãs coptas.

⇒ Domínio turco e mongol (1250-1517 d.C.)

  • Em 1250 d.C., os mamelucos, uma dinastia militar de origem turca, tomaram o controle do Egito e estabeleceram um governo que duraria até o domínio otomano.
  • O domínio mameluco foi marcado por conflitos internos e pela resistência às invasões mongóis.
  • Em 1517, o Egito foi conquistado pelo Império Otomano, sob o sultão Selim I, estabelecendo o domínio otomano sobre o país.

⇒ Domínio otomano (1517-1882 d.C.)

  • Durante a era otomana, o Egito era administrado por uma série de governadores e paxás otomanos.
  • O Egito tornou-se uma província importante do Império Otomano e uma região estratégica devido à sua localização geográfica e à sua riqueza agrícola.
  • No século XIX, o Egito enfrentou uma série de reformas administrativas e modernizações sob a liderança de líderes como Mehmet Ali Pasha, que buscaram modernizar o país.

⇒ Domínio britânico (1882-1952 d.C.)

  • Em 1882, as forças britânicas ocuparam o Egito após a revolta contra o domínio otomano.
  • O Egito tornou-se um protetorado britânico em 1914, durante a Primeira Guerra Mundial, e permaneceu sob controle britânico até a Revolução Egípcia de 1952.

⇒ República do Egito (1952 até os dias de hoje)

  • A Revolução Egípcia de 1952 liderada por Gamal Abdel Nasser derrubou o rei Farouk e estabeleceu uma república.
  • O Egito passou por períodos de liderança de líderes como Nasser, Anwar Sadat e Hosni Mubarak.
  • Em 2011, a Revolução Egípcia derrubou Mubarak e levou a um período de instabilidade política.
  • O Egito é atualmente uma república presidencialista, com uma história rica e complexa que abrange séculos de mudanças políticas, sociais e culturais.

Legado da civilização egípcia

O legado da civilização egípcia é vasto e duradouro. Suas contribuições à religião, ciência e cultura influenciaram muitas outras sociedades ao longo da história. As inovações em arquitetura, como a construção de pirâmides e templos, continuam a ser estudadas e admiradas até os dias de hoje. Além disso, a escrita hieroglífica, os papiros e os textos religiosos, como o "Livro dos Mortos", são fontes importantes de conhecimento sobre sua cultura e a espiritualidade. A crença egípcia na vida após a morte deixou um impacto duradouro nas concepções posteriores sobre espiritualidade.

Saiba mais: Arte egípcia — características e história

Exercícios resolvidos sobre a civilização egípcia

1. Durante qual dos períodos a seguir a construção das grandes pirâmides no Egito Antigo ocorreu?

a) Antigo Império

b) Médio Império

c) Novo Império

d) Período Bizantino

e) Domínio Otomano

Resposta correta: a) As grandes pirâmides, como as de Gizé, foram construídas durante o Antigo Império, destacando-se como um dos marcos arquitetônicos mais icônicos da civilização egípcia.

2. Qual das seguintes características não faz parte da civilização egípcia antiga?

a) Religião politeísta

b) Ciência avançada, incluindo a medicina

c) Uso de caracteres cuneiformes na escrita

d) Cultura rica, incluindo literatura e arte

e) Política centralizada com o faraó como líder divino

Resposta correta: c) Os egípcios usavam hieróglifos e outras formas de escrita, mas não utilizavam caracteres cuneiformes. Os caracteres cuneiformes eram usados na Mesopotâmia, não no Egito.

Créditos da imagem

[1] Wikimedia Commons

[2] Wikimedia Commons

Fontes:

CARDOSO, Ciro. O Antigo Egito. São Paulo: Brasiliense, 1989.

PINSKI, Jaime. As Primeiras Civilizações. São Paulo: Contexto, 1995.

Por: Tiago Soares Campos

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