No século XI a Europa viveu um período de calmaria. Cessadas as invasões, o número de mortos caiu e, consequentemente, houve um crescimento na economia. Por conta dessa demanda, surgiu uma nova prática comercial que era a venda do excedente feudal. Tal atividade entrou em choque com o senhorio, que a cada dia via seus subordinados mais distantes de seu domínio. Como o pequeno mercado começava a se fortalecer, as relações servis começaram a ruir. Os senhores feudais, prejudicados, adotaram políticas mais severas a fim de amenizar seus prejuízos. Aumentaram a jornada de trabalho e as funções serviçais. Dos servos que não fugiram dos feudos, muitos foram expulsos.
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Como o número de subordinados passou a decrescer a cada dia, o senhor feudal foi aos poucos perdendo o poder. Uma medida adotada para manter sua soberania foi o direito de primogenitura: os feudos seriam herdados apenas pelo primogênito. Os demais filhos deveriam procurar outros afazeres para sobreviver. Esse fato desencadeou uma onda de sequestros, pilhagens e outros crimes, já que alguns jovens deserdados encontravam na prática criminal, uma forma de sustento. A Igreja, poderosa entidade medieval, interveio. Com o intuito de erradicar a crescente marginalização, financiou exércitos que tinham como meta principal a retomada e defesa de territórios outrora apossados pelos árabes, entre eles Jerusalém, a Terra Santa. Esses exércitos enfrentavam muçulmanos em expedições conhecidas como Cruzadas.
Entre os séculos XI e XII foram organizadas oito cruzadas. Além da conquista territorial, as cruzadas também disseminavam as ideias cristãs, pilhavam especiarias, saqueavam mercados e dominavam povos. Tudo em nome da fé. A primeira cruzada (1096 – 1099) teve como maior êxito a retomada de Jerusalém, que estava sob o domínio dos árabes. Para proteger a Terra Santa foi criada a Ordem dos Templários.
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Os templários firmaram morada em Jerusalém. O nome deriva de “Templo de Salomão”, em referência à ala que tomaram como sede, localizada no palácio do profeta. Também eram conhecidos como “Cavaleiros Pobres de Cristo e do Templo de Salomão”, pois fizeram votos de pobreza e de castidade. Usavam túnicas brancas com uma cruz no peito. Adotaram como símbolo dois cavaleiros montados em um cavalo. Reza a lenda que, no início da ocupação, os templários se dedicaram a escavações onde encontraram documentos importantes e tesouros preciosos. Começava ali sua riqueza.
Como eram muito hábeis na arte da defesa e proteção, a população confiou neles. E além da confiança, começaram a depositar também moedas de valor, inaugurando na sede um verdadeiro banco. Acumularam fortunas e atraíram o interesse de outrem. Um deles foi Felipe IV, o Belo (1285 – 1314). Rei da França, Felipe tomou de empréstimo grandes quantias para o financiamento de suas guerras. E quando a cobiça gritou, acusou a ordem de heresia (por conta de suas práticas exotéricas), a fim de se apossar de suas fortunas. Os templários foram perseguidos e condenados pela Santa Inquisição. Os que escaparam da fogueira se refugiaram na Escócia, Inglaterra e Portugal. Dizem que se juntaram à maçonaria. Em 1312, o papa Clemente V dissolveu a ordem.
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