Senzala

A senzala era um alojamento coletivo e com péssimas condições de higiene em que os escravizados eram obrigados a viver. O termo senzala tem origem nas sanzalas africanas.

Casa de taipa, mesmo material de que eram feitas as senzalas no Brasil.
No Brasil, a maioria das senzalas era feita de taipa (barro). As condições de vida nesses locais eram precárias.

Senzalas eram alojamentos que encarceravam os trabalhadores escravizados no Brasil durante o período colonial. Eram uma espécie de dormitório mas também havia nelas intensas atividades do cotidiano de seus moradores. O termo senzala teve origem no idioma quimbundo, falado em Angola.

Não havia padrão nas senzalas construídas no Brasil, embora a maioria delas tenha sido construída de taipa (barro). Os escravizados eram trancados nesses locais durante a noite e intensamente monitorados para evitar fugas. Cada senhor de engenho definia como sua senzala seria organizada.

Leia também: Por que o processo da abolição da escravidão no Brasil foi tão lento?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre senzala

  • As senzalas eram alojamentos que aprisionavam os escravizados durante o Brasil colonial.

  • Os escravizados eram trancafiados nelas durante a noite para que não fugissem.

  • O termo senzala teve origem no quimbundo, idioma falado em Angola.

  • A maioria das senzalas era construída de taipa com telhado de palha.

  • Não existia um padrão para o interior das senzalas no Brasil.

O que é uma senzala?

O termo senzala é usado para se referir aos alojamentos que encarceravam os trabalhadores escravizados durante o período da colonização. Esses alojamentos eram coletivos, abrigando escravizados indígenas e africanos. Apesar disso, são muito associados com a escravidão africana no Brasil porque ela se tornou predominante no país a partir do século XVII.

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O que significa a palavra senzala?

Esses alojamentos receberam o nome de senzala com base em um termo do idioma quimbundo, falado em Angola. Tal termo foi traduzido como “residência de serviçais em propriedades agrícolas” ou “morada separada da casa principal”. O termo original no quimbundo é sanzala, que se refere a habitações coletivas que existiam em partes da África.

A sanzala, no entanto, possuía uma diferença crucial com a sua versão brasileira. Os africanos que residiam na naquela mantinham sua liberdade. No Brasil, as senzalas eram vistas como dormitórios, embora houvesse uma série de atividades praticadas pelos escravos nesses locais, conforme estudos arqueológicos apontam.

Veja também: Como era o trabalho dos escravos nos engenhos de açúcar?

Características das senzalas

Não havia um padrão para as senzalas no Brasil, mas a característica mais básica da estrutura de uma senzala era sua construção feita de taipa, isto é, de barro, com um teto de palha. No geral, as senzalas poderiam abrigar centenas de escravos, mas, em engenhos e fazendas menores, elas abrigavam um número menor deles.

Não havia padrão para a organização interior desses alojamentos, por isso, alguns eram espécies de galpões em que se fazia a separação entre homens e mulheres, enquanto outros possuíam pequenos cômodos, que alojavam casais de escravizados. Em alguns locais, as senzalas se organizavam como pequenos barracos que agrupavam um número menor de pessoas escravizadas.

Algumas senzalas não tinham janelas, havendo apenas frestas no teto ou um grande corredor que permitia a circulação de ar. Essas senzalas sem janelas eram descritas como locais muito escuros em relatos do período colonial. Outros desses locais, por sua vez, tinham grandes janelas, permitindo a entrada de luz e ar.

No geral, as senzalas não ficavam muito próximas da casa grande, onde residia o senhor de engenho e sua família. Essa configuração visava garantir maior segurança à família do senhor de engenho em caso de fugas ou revoltas de escravizados.

Como era a vida nas senzalas?

Tradicionalmente as senzalas eram entendidas como um local de cárcere e para o qual os escravizados se dirigiam para dormir. No entanto, elas têm sido enxergadas também como lugares em que atividades diversas poderiam ser realizadas por seus moradores, ainda que eles recebessem também tratamento desumano.

Muitas dessas pessoas eram obrigadas a dormir acorrentadas ou a dormir no chão ou então em um monte de palha que servia como colchão. Durante a noite, as senzalas eram trancadas e monitoradas de perto por feitores armados para impedir fugas.

Pintura de uma mulher, três homens sentados e uma criança, negros escravizados dentro de uma senzala; à porta, um feitor.
As senzalas eram monitoradas pelos feitores, por isso, além de dormitórios, eram também um lugar de cárcere.[1]

Na frente das senzalas, ficava erguido um pelourinho — tronco de madeira ou de metal usado para os castigos físicos aplicados nos escravizados. Nesses locais, eles eram acorrentados e tinham suas costas açoitadas. O objetivo disso era lembrá-los da punição para um caso de má conduta e também fazer com que todos vissem uma punição ocorrendo.

A refeição dos escravizados era feita na senzala, mas as porções que recebiam dos senhores de engenho nunca eram o suficiente. Por isso, muitos deles podiam dedicar um dia da semana para cuidarem de suas plantações. Os próprios escravizados poderiam cozinhar refeições no interior das senzalas.

Saiba mais: Capoeira — herança cultural deixada por escravos africanos no Brasil

Como eram as condições de higiene nas senzalas?

Os relatos do período colonial mencionam que as senzalas eram construções precárias com condições de higiene muito ruins, recebendo pouca ou nenhuma manutenção dos senhores de engenho. As más condições de higiene e a saúde precária dos seus moradores faziam delas locais perfeitos para disseminação de doenças, e uma das mais comuns foi a cólera.

Créditos da imagem

[1] Johann Moritz Rugendas/ Wikimedia Commons

Por: Daniel Neves Silva

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