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O que foi a Revolução de 1930?
A Revolução de 1930 foi um golpe de Estado empreendido por um movimento político civil-militar que pôs fim à chamada República Velha, iniciada em 1889 com a Proclamação da República. O principal líder desse movimento foi o gaúcho Getúlio Dorneles Vargas, que assumiria o posto de chefe de Estado após a queda do presidente Washington Luís e governaria o Brasil por 15 anos seguidos.
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Aliança Liberal e as eleições de 1930
Durante a vigência da República Velha, as eleições eram realizadas sempre no dia 1º de março e o novo presidente eleito assumia o posto em 15 de novembro, e isso de quatro em quatro anos. Para as eleições de março de 1930, havia um cenário bem diverso das eleições anteriores, pautadas pelos acordos entre os partidos republicanos regionais, que se alternavam no poder – notadamente o de São Paulo (PRP) e o de Minas Gerais (PRM).
O presidente em exercício, Washington Luís, era paulista, portanto, pertencente ao PRP. Em 1930, seguindo a política oligárquica de alternância do poder, o próximo presidente eleito deveria ser de Minas Gerais. O acordo previa o apoio de Washington Luís ao candidato mineiro, qualquer que fosse. Entretanto, o presidente rompeu o pacto e indicou como candidato à presidência outro paulista, o advogado Júlio Prestes.
Os líderes de Minas não aceitaram a manobra paulista e decidiram dar apoio aos partidos contrários à política oligárquica de alternância do poder, formando uma só frente contra o candidato do governo. Essa frente ficou conhecida como Aliança Liberal e foi formalizada no dia 20 de setembro de 1929. A chapa da Aliança Liberal foi formada por Getúlio Vargas e João Pessoa, presidentes (o título de governador não exista na época) dos estados do Rio Grande do Sul e da Paraíba, respectivamente.
Quando a eleição finalmente ocorreu, Júlio Prestes venceu o pleito. Como o voto era aberto e a pressão dos coronéis sobre os eleitores fazia com que o resultado fosse facilmente manipulado, houve uma intensa revolta da Aliança Liberal. Nos meses que se seguiram a março de 1930, os líderes da Aliança Liberal formularam diversas acusações contra Washington Luís e Júlio Prestes.
Uma dessas acusações dizia respeito à tentativa de derrubar do poder o presidente da Paraíba e candidato a vice de Vargas, João Pessoa. Washington Luís estaria por trás da chamada “República da Princesa”, uma conspiração política realizada na cidade Princesa Isabel, no interior da Paraíba, liderada por José Pereira Lima. Tal conspiração não teve muito sucesso e logo foi desarticulada em agosto de 1930.
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Assassinato de João Pessoa e início da revolução
As acusações de fraude das eleições e a agitação política no estado da Paraíba tinham criado um clima de tensão na República. Esse clima tornou-se propício para a revolução quando João Pessoa foi assassinado por um adversário político chamado João Duarte Dantas. Os motivos de Duarte Dantas eram antes pessoais do que políticos – Pessoa foi por ele acusado de divulgar fotos íntimas dele com uma atriz da época. Todavia, mesmo assim, o cadáver do líder paraibano aliado de Vargas motivou o início da tomada do poder.
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Deposição de Washington Luís e ascensão de Vargas
Os membros da Aliança Liberal tramavam, antes mesmo da morte de João Pessoa, a deposição de Washington Luís e o consequente impedimento da posse de Júlio Prestes. Para tanto, os revolucionários buscavam o apoio dos oficiais de baixa patente do Exército (sargentos e tenentes). Morto o presidente da Paraíba, as ações tornaram-se aceleradas e, em 3 de outubro, começou, de fato, a Revolução.
Inicialmente, os revolucionários conseguiram conquistar os estados da região Nordeste. O Sul ainda conseguiu resistir. Vargas ficou instalado em Curitiba, supervisionando as ações. Em Minas Gerais, a tensão ficou maior, pois as tropas da Aliança Liberal pretendiam enfrentar o Exército e seguir rumo ao Rio de Janeiro, onde estava a sede do poder.
Contudo, para evitar grande derramamento de sangue, os próprios dirigentes do Exército propuseram ao presidente Washington Luís que renunciasse ao cargo e fosse para o exílio, como afirma o historiador José Murilo de Carvalho.
“[...] detinha a superioridade militar sobre os revoltosos, mas faltava ao alto-comando vontade para defender a legalidade. Os chefes militares sabiam que as simpatias da jovem oficialidade e da população estavam com os rebeldes. Uma junta formada por dois generais e um almirante decidiu depor o presidente da República e passar o governo ao chefe do movimento revoltoso, o candidato derrotado da Aliança Liberal. Sem grandes batalhas, caiu a Primeira República, aos 41 anos de vida.” (Carvalho, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015. p. 100).
O afastamento oficial do então presidente ocorreu em 24 de outubro de 1930. Getúlio Vargas assumiu o posto de chefe de Estado, no qual permaneceu até 1945.
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