Crises institucionais na República Velha
Com a instalação da República, em 1889, o papel dos militares tornou-se central no modo de se fazer política no Brasil. Os dois primeiros presidentes, Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, foram militares e exerceram ditaduras enquanto estiveram no poder. Com o decorrer dos anos, o sistema de acordos políticos conhecido como “República dos Oligarcas”, ou “República do Café com Leite”, passou a se valer da estrutura institucional republicana para atender a exigências particulares.
Nesse ínterim, outras instituições, como o Exército, passaram a exercer pressão sobre os representantes políticos para que executassem reformas institucionais. A exigência básica dos oficiais do exército era a melhoria de seus planos de carreira. Os primeiros grupos que começaram a expor as suas reivindicações circundavam a figura do presidente Hermes da Fonseca, que governou o Brasil de 1914 a 1918 e que também era militar (marechal). Hermes da Fonseca possuía projetos de reforma institucional, que, em conjunto, ficaram conhecidos como “política salvacionista”, ou Salvacionismo. Foi das raízes do Salvacionismo que teve origem o Tenentismo.
Movimento tenentista
O movimento tenentista, ou Tenentismo, foi herdeiro do projeto salvacionista de Hermes da Fonseca, cuja primeira manifestação mais contundente foi a Revolta dos 18 do Forte, em 1922. Os acontecimentos de 1922, no Forte de Copacabana, foram resultado de uma sucessão de fatores, cujo início esteve na campanha eleitoral de 1921 para presidência da República.
Na campanha de 1921, algumas cartas ofensivas dirigidas ao Exército e ao ex-presidente Hermes da Fonseca vieram a público. Tais cartas teriam a assinatura do então candidato governista, Arthur Bernardes, cuja pauta política desdenhava dos interesses reformistas dos oficiais, conhecidos como tenentes. Em 02 de julho de 1922, após Arthur Bernardes, em uma eleição com suspeitas de fraude, ter sido eleito presidente, Hermes da Fonseca foi preso e o Clube Militar, fechado. Essas ações geraram uma revolta sem precedentes por parte dos oficiais. A insatisfação ocorreu não apenas no Rio de Janeiro, capital do país à época, mas também em outras regiões; mas foi unicamente no Rio que ocorreram as ações mais extremas.
Revolta no Forte de Copacabana
A insurgência do Forte de Copacabana ocorreu em 05 de abril de 1922. O presidente ainda em exercício era Epitácio Pessoa, que ordenou a retaliação imediata dos revoltosos. Havia 301 pessoas amotinadas no Forte, tanto militares como civis. Inicialmente, o Forte de Copacabana foi bombardeado pela Fortaleza de Santa Cruz da Barra, mas os revoltosos resistiram todo o dia, liderados por Siqueira Campos e Euclides Hermes da Fonseca, filho do marechal.
No dia 06, as lideranças deixaram que os demais revoltosos escolhessem entre permanecer na resistência ou abandonar o Forte. Apenas 28 pessoas restaram e foi decidida a saída do Forte e marcha pela avenida Atlântida. Na marcha, mais dez pessoas dissiparam-se ou foram presas, restando apenas 18: 17 oficiais e um civil. Do combate travado contra as autoridades da República, apenas dois oficiais sobreviveram, Siqueira Campos e Eduardo Gomes.