Regência Una de Diogo Feijó (1835-1837)

A Regência Una de Feijó foi marcada pela eclosão de diversas rebeliões separatistas e pela ameaça à integridade do território brasileiro.

Diogo Feijó em tela de Oscar Pereira da Silva (1865-1939).*
Diogo Feijó em tela de Oscar Pereira da Silva (1865-1939).*

Após a elaboração do Ato Adicional de 1834 foi estabelecida a constituição de uma Regência Una, em substituição à Regência Trina dos anos anteriores. A Regência Una de Diogo Feijó, exercida entre 1835-1837, foi a primeira das duas Regências Unas que ocorreram no período regencial.

O mandatário para a Regência Una foi escolhido através de eleição direta. Naquela época apenas 1,5% da população pôde votar na escolha do regente. Tal situação era decorrente do caráter extremamente excludente do sistema político que vigorou no início do Estado independente brasileiro. O padre Diogo Feijó foi eleito com o apoio dos liberais, superando o conservador Holanda Cavalcanti, mas recebeu apenas um quarto dos votos.

O governo de Feijó teve duas características principais. A primeira foi a eclosão de diversas rebeliões separatistas pelo país. A Revolta Farroupilha, no Sul, a Revolta dos Cabanos, no Pará, a Balaiada, no Maranhão, a Revolta dos Malês e a Sabinada, na Bahia, colocaram em risco a integridade do território nacional.

No aspecto dos grupamentos políticos institucionais, destacou-se a formação de dois campos entre o grupo dos políticos moderados, que havia surgido após a abdicação de D. Pedro I. Os progressistas eram um grupo formado por membros das classes médias urbanas, clérigos e proprietários rurais do Sudeste e Sul do país. Eles apoiavam as medidas descentralizadoras presentes no Ato Adicional de 1834 e o regente Feijó.

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De outro lado, estavam os regressistas, grupo composto por grandes proprietários rurais, comerciantes, burocratas do Estado e magistrados, que defendiam uma maior centralização política, utilizando como argumento de seu posicionamento as diversas rebeliões que ocorreram no país, apontando a causa na descentralização do poder estatal.

Durante o Segundo Reinado, os progressistas dariam origem ao Partido Liberal, e os regressistas seriam a base do Partido Conservador.

A defesa do Estado centralizado tinha o objetivo de garantir a permanência da escravidão no país em um momento em que a principal potência mundial, a Inglaterra, forçava pelo fim do tráfico negreiro no oceano Atlântico. Por outro lado, o início do crescimento do café como produto de exportação colocava a necessidade de utilização da força de trabalho africana para essa lavoura.

Os conflitos enfraqueceram os progressistas e o próprio Feijó. Em 1836, ele dissolveu a Câmara dos Deputados após uma divergência política. Frente a isso, os regressistas iniciaram uma forte oposição, que resultou na renúncia de Diogo Feijó e na subida ao poder do conservador Araújo Lima.

* Imagem retirada do endereço: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Diogo-feij%C3%B3.jpg

Por: Tales Pinto

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