O marechal Cândido Rondon foi um militar que atuou em expedições a oeste e norte do território brasileiro. Ele foi responsável pela construção de telégrafos para estabelecer a comunicação entra o Rio de Janeiro, antiga capital federal, e as regiões mais distantes do interior do país.
Além disso, Rondon colaborou para a proteção aos índios e se tornou o primeiro diretor do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e um dos principais incentivadores da criação da reserva indígena do Xingu. Como homenagem ao seu trabalho de interligar as regiões mais distantes do Brasil e na defesa do povo indígena, o estado de Rondônia leva o nome do sertanista.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Nascimento e juventude
- 2 - Expedições no interior do Brasil
- 3 - Atuação de Marechal Rondon na proteção dos índios
- 4 - Morte de Marechal Rondon
- 5 - Homenagens a Marechal Rondon
Nascimento e juventude
Cândido Mariano da Silva Rondon nasceu em 5 de maio de 1865, na cidade de Santo Antônio de Leveger, no Mato Grosso. Descendente de três povos indígenas (bororo, terena e guaná), Rondon ficou órfão muito cedo. Seu pai morreu antes do seu nascimento, e sua mãe, quando ele tinha apenas dois anos de idade. Ele ficou sob os cuidados do tio Manoel Rodrigues da Silva Rondon.
Seus primeiros estudos foram feitos em Cuiabá, capital mato-grossense. Aos 16 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro e ingressou na Escola Militar. De lá saiu formado bacharel em Ciências Físicas e Naturais. Com o passar do tempo, ele conseguiu alcançar postos mais altos na hierarquia militar. Durante a campanha pela abolição da escravidão e na crise do Segundo Reinado, Rondon se posicionou favorável à libertação dos negros cativos e à Proclamação da República.
Expedições no interior do Brasil
Após concluir seus estudos na Escola Militar, no Rio de Janeiro, Rondon decidiu trabalhar na construção da linha telegráfica que ligaria Mato Grosso e Goiás ao Rio de Janeiro. Ele se tornou assistente do major Antônio Carneiro e começou seu trabalho de integração das regiões mais distantes do Brasil. Naquela época, final do século XIX e começo do século XX, o litoral era mais populoso e desenvolvido do que o interior, por isso a instalação dessa linha telegráfica permitiria a comunicação no interior do país, auxiliando no seu desenvolvimento.
Além dos telégrafos, as estradas começaram a ser abertas no interior para estabelecer a comunicação entre o oeste e o Rio de Janeiro. Rondon participou da construção da rodovia que ligava o Mato Grosso até a então capital federal. Até o começo do século XX, o deslocamento até Cuiabá só era feito por meio de navegação pelos rios.
Em 1907, Rondon foi convidado pelo governo brasileiro para construir uma linha telegráfica que ligaria o vale amazônico. Para realizar essa tarefa, foi criada a Comissão Rondon, que foi responsável por fazer um estudo técnico do território amazônico. Esse trabalho foi realizado até 1915. Entre 1913 e 1914, Rondon fez parte de outra expedição, formada por brasileiros e norte-americanos — entre eles, o ex-presidente estadunidense Theodore Roosevelt. Essa expedição fez um estudo para analisar as possibilidades de explorar a região do vale dos rios Paraguai e Amazonas.
Na década de 1920, Cândido Rondon participou do movimento tenentista e atuou na Revolução de 1924, em São Paulo, quando se tornou general. No governo de Washington Luís, ele foi enviado para fazer a supervisão das fronteiras brasileiras. Rondon não apoiou a Revolução de 1930 e, por esse motivo, ficou preso por alguns dias, mas logo foi solto. Novamente foi enviado para as fronteiras brasileiras com os demais países.
As experiências nas regiões fronteiriças fizeram de Cândido Rondon o mediador do conflito entre Peru e Colômbia, entre 1934 e 1938. Os colombianos reclamavam da ocupação ilegal de peruanos em uma cidade que ficava na fronteira entre os dois países. Ele conseguiu resolver o conflito e foi homenageado pela sua atuação nessa missão.
Em 1939, com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, Rondon foi contra o nazifascismo e cobrou do governo Getúlio Vargas o apoio aos Aliados durante o conflito. Uma das suas últimas missões em vida foi a criação do Parque Nacional do Xingu, uma reserva indígena.
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Atuação de Marechal Rondon na proteção dos índios
Enquanto participava das várias expedições pelo interior do Brasil para estudos científicos do território a ser explorado ou para a construção de linhas telegráficas, Rondon se aproximou dos índios que habitavam a região. Seu contato com as tribos aconteceu de forma pacífica e ele desejava integrá-las, para que não vivessem isoladas. Além da integração, Rondon defendia que os direitos dos indígenas fossem respeitados.
O bom relacionamento de Rondon com os índios ajudou nas suas expedições pelo território brasileiro. Ele atuou junto ao governo brasileiro para que fossem demarcadas as áreas de proteções indígenas, com o objetivo de defender as tribos contra a violência dos fazendeiros.
Ele, inclusive, chefiou os primeiros órgãos governamentais de proteção ao índio. No Serviço de Proteção ao Índio e no Conselho de Nacional de Proteção ao Índio, Rondon manteve o seu compromisso de buscar a cordialidade com os índios e combater a violência contra eles.
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Morte de Marechal Rondon
Após um longo trabalho nas regiões mais remotas do Brasil, Cândido Rondon dedicou seus últimos anos de vida na defesa das tribos indígenas. Ele mudou sua forma de pensar quanto à integração indígena à sociedade brasileira. Percebendo o tratamento dos governantes com os índios, ele defendeu que as tribos pudessem viver isoladas.
O marechal Cândido Rondon morreu em seu apartamento, em Copacabana, Rio de Janeiro, em 19 de fevereiro de 1958.
Homenagens a Marechal Rondon
Principalmente por sua atuação na proteção aos índios, Cândido Rondon recebeu muitas homenagens ainda em vida, como uma forma de reconhecimento pela sua atuação na integração do Brasil e na forma pacífica com que se relacionou com os indígenas. Várias cidades do norte brasileiro foram batizadas com seu nome, como Rondonópolis, no Mato Grosso, seu estado natal, e Marechal Cândido Rondon, no Paraná. Além disso, várias ruas e praças públicas pelo Brasil receberam o seu nome.
O território de Guaporé teve o nome alterado para Rondônia assim que se transformou em estado. Por conta da sua atuação em defesa da causa indígena e da formação de reservas de proteção a esses povos, o nome de Rondon foi sugerido para ser premiado com o Prêmio Nobel da Paz, mas tal homenagem não lhe foi concedida.