A ditadura civil-militar que vigorou no Brasil entre 1964 e 1985 teve como uma das formas de oposição a luta armada contra o regime. Os grupos intensificaram os debates e sua formação principalmente a partir de 1967, com a escalada de movimentações nas zonas urbanas e a intensificação da repressão.
Entretanto, antes disso, em 1964, Leonel Brizola já havia indicado o interesse em resistir com grupos armados ao golpe que depôs João Goulart. Foi criado o Movimento Nacionalista Revolucionário e iniciaram-se contatos com guerrilheiros cubanos. A partir do movimento, formou-se uma guerrilha para atuar na Serra do Caparaó em Minas Gerais, entre 1966 e 1967. O objetivo era estreitar os laços com os camponeses, nos moldes do que havia sido feito na Sierra Maestra, Cuba. Não obteve sucesso a ação na Serra do Caparaó, sendo que os cerca de 20 guerrilheiros renderam-se sem que nenhum tiro houvesse sido disparado.
A perspectiva da luta armada contra a ditadura civil-militar espelhava-se em exemplos que haviam ocorrido em outros países latino-americanos como Guatemala, Colômbia, Venezuela e Peru, além de Cuba, claro. Um dos pontos do debate dos grupos de esquerda organizada era o livro do francês Régys Debray, Revolução na Revolução. Nele, fazia-se a defesa de criação de focus guerrilheiros em pontos específicos dos países, pretendendo irradiar-se a partir desses pontos e alcançar uma escala mais ampla da sociedade. Era uma visão que apontava uma nova forma de enfrentar o capitalismo, distinta das formas experimentadas anteriormente.
Assim se formou uma dissidência do Partido Comunista Brasileiro (PCB): a Aliança Libertadora Nacional. A dissidência ocorreu porque a direção do PCB defendia a manutenção de uma frente ampla de organizações políticas para enfrentar o regime, em detrimento da luta armada. Para superar essa política, Carlos Marighella e Joaquim Câmara Ferreira criaram a Dissidência Comunista, que daria origem à ALN. Assaltos a bancos foram realizados para financiar as ações, sendo assaltado inclusive um trem pagador da ferrovia Santos-Jundiaí.
Um dos principais feitos da ALN, em conjunto ao Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8), foi o sequestro do embaixador estadunidense Charles Ewbrick, em 1969. Em nenhum lugar do mundo um embaixador dos EUA havia sido sequestrado. Essa façanha possibilitou aos guerrilheiros negociar a libertação de quinze prisioneiros políticos. Outro embaixador sequestrado foi o alemão-ocidental Ehrefried Von Hollebem, que resultou na soltura de quarenta presos.
A luta armada intensificou o argumento de aumento da repressão. As torturas aumentaram e a perseguição aos opositores também. Em 1969, Carlos Marighella foi morto por forças policiais na cidade de São Paulo. As informações sobre seu paradeiro foram conseguidas também através de torturas.
Outros grupos armados também ganharam destaque, como a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), cujo principal nome foi o de Carlos Lamarca. O VPR realizou ações no Vale do Ribeira, em São Paulo, mas teve que enfrentar a perseguição militar na região. Lamarca conseguiu fugir para o Nordeste, mas acabou morto na Bahia, em 1971.
A escalada repressiva passava a dar resultados. O último foco a ser desmantelado foi a Guerrilha do Araguaia. Desde 1967, militantes do PCdoB (Partido Comunista do Brasil) dirigiram-se para região do Bico do Papagaio, entre os rios Araguaia e Tocantins, onde passaram a travar contato com os camponeses da região, ensinando a eles cuidados médicos e auxiliando-os na lavoura.
As Forças Armadas passaram a perseguir os guerrilheiros do Araguaia em 1972, quando descobriu a ação do grupo. O desmantelamento ocorreria apenas em 1975, quando uma força especial de paraquedistas foi enviada à região, acabando com a Guerrilha do Araguaia.
No Brasil, as ações guerrilheiras não conseguiram um amplo apoio da população, levando os grupos a se isolarem, facilitando a ação repressiva. Após 1975, as guerrilhas praticamente desapareceram, e os corpos dos guerrilheiros do Araguaia também. À época, a ditadura civil-militar proibiu a divulgação de informações sobre a guerrilha, e até o início da década de 2010 o exército não havia divulgado informação sobre o paradeiro dos corpos.