Luís Carlos Prestes foi um influente militar, revolucionário e político brasileiro e esteve diretamente envolvido em eventos extremamente importantes da história brasileira ao longo do século XX. Luís Carlos Prestes tomou parte do movimento tenentista, sendo um dos líderes da Coluna Prestes e, além disso, esteve envolvido com a Intentona Comunista de 1935.
Tópicos deste artigo
- 1 - Juventude de Prestes
- 2 - Envolvimento de Prestes com o tenentismo
- 3 - Adesão de Prestes ao comunismo
- 4 - Prestes e a Intentona Comunista
- 5 - Prestes a partir de 1945
Juventude de Prestes
Luís Carlos Prestes nasceu na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, no dia 3 de janeiro de 1898. Era filho de Antônio Pereira Prestes, um engenheiro militar, e de Leocádia Felizardo Prestes, que foi quem criou Prestes e seus irmãos, uma vez que seu marido faleceu ainda jovem. Os historiadores narram que a mãe de Prestes praticou inúmeras atividades para conseguir obter renda para sustentar sua família.
As dificuldades financeiras que sua família enfrentou durante a juventude de Prestes foram muitas, porém, elas não o fizeram desistir dos estudos. Com 22 anos de idade, Prestes formou-se como engenheiro militar após ingressar na Escola Militar do Realengo. A carreira de Prestes no Exército iniciou-se nesse momento.
Dois anos depois de formar-se, portanto em 1922, Prestes foi promovido para o posto de capitão de engenheiros do Exército |1|. Apesar disso, a carreira militar de Luís Carlos Prestes foi muito curta (de 1920 a 1924), pois, a partir de 1924, Prestes abriu mão de seu cargo (o Exército considerou-o um desertor por isso) e ingressou em um movimento conhecido como tenentismo.
Envolvimento de Prestes com o tenentismo
O tenentismo foi um movimento político que surgiu entre os jovens tenentes do Exército brasileiro. Teve forte atuação no Brasil durante o período de 1922 a 1927 e surgiu a partir do processo eleitoral para a escolha do novo presidente do Brasil em 1922. Os candidatos que disputaram aquelas eleições foram Artur Bernardes e Nilo Peçanha.
Durante essa eleição, foram veiculadas cartas supostamente escritas por Artur Bernardes nas quais o político mineiro fazia críticas aos militares. Comprovou-se tempos depois que as cartas eram falsas, no entanto, o estrago já estava feito, e a relação dos militares com Artur Bernardes foi desgastada de maneira definitiva.
A insatisfação militar transformou-se em rebelião quando o presidente vigente – Epitácio Pessoa – ordenou o fechamento do Clube Militar e a prisão de Hermes da Fonseca. Isso deu início ao movimento de rebelião dos tenentes contra os governantes da Primeira República, e a primeira revolta organizada aconteceu no dia 5 de julho de 1922 e ficou conhecida como Revolta do Forte de Copacabana. Essa revolta contaria com a participação de Prestes, no entanto, por estar adoentado de tifo, ele não tomou parte nessa revolta.
Em razão da continuidade de Prestes no movimento tenentista, anos depois, ele atuou como uma das lideranças em um dos movimentos – senão o mais – mais conhecidos do tenentismo: a Coluna Miguel Costa-Prestes. A Coluna surgiu a partir da fusão de dois grupos tenentistas que estavam rebelados: um paulista e outro gaúcho.
O surgimento da Coluna Prestes ocorreu em 1925, e o envolvimento de Prestes nesse grupo fez com que surgisse a imagem de “cavaleiro da esperança”. A Coluna Prestes atuou no Brasil durante o período de 1925 a 1927 e, segundo afirmavam, lutava contra os desmandos dos governos oligárquicos, que eram os grandes responsáveis pela desigualdade social existente no Brasil.
Os membros da Coluna Prestes marcharam por aproximadamente 25 mil quilômetros pelo interior do território brasileiro, invadindo cidades interioranas e promovendo confrontos armados contra as tropas governamentais. Houve, ao todo, 53 combates e nenhuma derrota |2|. O fim do governo de Artur Bernardes e o desgaste de anos de luta causaram o fim do movimento em 1927. Prestes exilou-se na Bolívia.
Adesão de Prestes ao comunismo
Conforme mencionado, a partir de 1927, a Coluna Prestes chegou ao fim e seus membros exilaram-se na Bolívia. Prestes, ao ter reconhecido o pedido de asilo do governo boliviano, instalou-se no país e passou a trabalhar como engenheiro para uma companhia inglesa instalada naquele país com o objetivo de organizar a abertura de estradas, demarcação de terras e perfuração de poços.
Pouco tempo depois, mudou-se para a Argentina, local onde prosseguiu com os estudos. Foi a partir desse período, entre 1927 e 1928, sob a influência do secretário-geral do Partido Comunista do Brasil (PCB), chamado Astrojildo Pereira, que Luís Carlos Prestes foi introduzido aos estudos da teoria marxista, o que, tempos depois, fez com que Prestes aderisse à ideologia comunista.
Em todo esse período, Prestes recebeu convites do PCB para que ele ingressasse aos quadros do partido, o que foi prontamente rejeitado por Prestes. Outro convite importante foi realizado pelos membros da Aliança Liberal, a chapa eleitoral que lançou Vargas para concorrer a presidência do Brasil nas eleições de 1930. O convite foi para que Prestes aderisse à Aliança Liberal, mas Prestes alegava não acreditar que a simples troca de governantes fosse o suficiente para promover as mudanças que acreditava ser necessárias. Assim, o convite foi rejeitado.
Em 1931, convidado pelo governo soviético, Prestes mudou-se para Moscou e lá ingressou em novos estudos sobre a teoria marxista e sobre o marxismo-leninismo. Em Moscou, Prestes continuou exercendo o seu ofício de formação – a engenharia. Durante o período de 1930 a 1934, Prestes tentou ingressar no Partido Comunista tanto da União Soviética quanto do Brasil, no entanto, sem sucesso. Seu ingresso ao PCB só foi oficializado a partir de 1934.
Prestes e a Intentona Comunista
Na virada de 1934 para 1935, Prestes regressou ao Brasil com a missão de liderar a realização de uma revolução comunista. A Internacional Comunista (organização da URSS que planejava a expansão do comunismo pelo mundo) enviou também a revolucionária alemã, Olga Benário, com a missão de proteger o comunista brasileiro.
Prestes havia retornado ao Brasil clandestinamente, pois, o governo de Vargas havia iniciado seu processo de expulsão do exército por deserção e, caso fosse localizado pelas autoridades, seria imediatamente preso. A organização desse levante comunista no Brasil foi uma realização da Aliança Nacional Libertadora (ANL) em parceria com o PCB.
A importância de Vargas para a realização do levante comunista foi evidenciada pelo fato de ter sido aclamado presidente de honra da ANL durante a sua cerimônia de fundação. A organização do levante comunista também contou com o envolvimento de uma série de revolucionários estrangeiros enviados por Moscou para o Brasil.
O movimento organizado por Prestes ficou conhecido como Intentona Comunista e foi organizado em novembro de 1935. Esse movimento, no entanto, foi um grande fracasso e resumiu-se a levantes de militares de esquerda em três cidades do Brasil: Natal, Recife e Rio de Janeiro. Todas as três cidades foram rapidamente colocadas sob controle pelas tropas governamentais.
Depois do fracasso da Intentona Comunista, foi iniciada uma caçada a Luís Carlos Prestes. Essa caçada por Prestes resultou na sua prisão em março de 1936. Junto de Prestes, foi presa Olga Benário, que estava grávida e que havia se tornado sua esposa. Olga Benário foi deportada pelo governo brasileiro para a Alemanha. Comunista e judia, Olga foi colocada em um campo de concentração, local onde sua filha, Anita Leocádia Benário Prestes, nasceu.
A filha de Prestes e Olga foi entregue para a mãe de Prestes após uma campanha internacional que pressionou a Alemanha para a libertação de Anita.
Prestes a partir de 1945
Prestes foi solto pelo governo de Vargas no começo de 1945, após o governo decretar a anistia e libertar todos os presos políticos do regime varguista. Somente após a soltura de Prestes, Vargas ficou sabendo da morte de sua esposa, Olga Benário (ela foi morta em um campo de concentração nazista em 1942).
Para a surpresa de muitos na época, Prestes aderiu à campanha queremista, que exigia a continuidade de Getúlio Vargas na presidência do Brasil. A adesão de Prestes ao queremismo foi resultado de determinação de Moscou, que mantinha uma política de apoio a todos os governos que faziam parte da coalização contra o nazifascismo na Europa.
Na Quarta República, foi eleito senador pelo PCB, mas logo teve seu mandato político cassado por ordem do governo Dutra. Durante a Ditadura Militar, também foi perseguido em razão de sua orientação política e, por isso, foi forçado a exilar-se. Entre 1971 e 1979, residiu novamente em Moscou e só retornou após a Lei da Anistia de 1979. Prestes faleceu no Rio de Janeiro, no dia 7 de março de 1990.
|1| PRESTES, Anita Leocádia. Luiz Carlos Prestes: patriota, revolucionário, comunista. São Paulo: Expressão, 2006, p. 12.
|2| Idem, p. 24.
*Créditos da imagem: Alexandre Rotenberg e Shutterstock