O Museu Nacional surgiu, em 1818, por ordem de d. João VI, rei de Portugal, e seu nome era Museu Real. Em 1892 foi transferido para o local que está atualmente, o Palácio de São Cristóvão, e ficou marcado por possuir uma coleção de 20 milhões de itens. O museu foi destruído por um incêndio de grandes proporções e desde então passa por processo de restauração e reconstrução.
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Resumo sobre a história do Museu Nacional
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Foi fundado, em 6 de junho de 1818, por ordem de d. João VI e se chamava Museu Real.
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Está instalado no Palácio de São Cristóvão desde 1892.
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Uma parte significativa dos seus itens foi obtida por personalidades como d. Maria Leopoldina e os imperadores d. Pedro I e II.
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A partir de 1946, sua gestão passou a ser responsabilidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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Um incêndio de grandes proporções aconteceu em 2018 e o fez perder grande parte de seu acervo.
História do Museu Nacional
A história do Museu Nacional tem relação direta com a vinda da família real portuguesa para o Brasil, em 1808. Lembrando que a mudança da família real portuguesa se deu em fuga das tropas francesas, que haviam invadido o território português por ordem de Napoleão Bonaparte. No Brasil, a família real se estabeleceu no Rio de Janeiro.
Quando a família real chegou ao Brasil, um dos grandes problemas foi o local onde o príncipe regente seria instalado. Isso porque o Rio de Janeiro era uma cidade muito pequena na época e não tinha a mesma estrutura da cidade de Lisboa. A historiadora Lilia Schwarcz, por exemplo, fala que toda a cidade abarcava apenas 46 ruas em 1808.|1|
Logo ficou decidido que d. João ficaria hospedado no Palácio de São Cristóvão, um dos melhores palácios do Rio de Janeiro, localizado em uma região, na época, mais suburbana. Nesse momento, o palácio pertencia a Elias Antônio Lopes, um comerciante que decidiu ceder o edifício em troca de algumas benesses do príncipe regente.
Por ceder o palácio para d. João, o comerciante português recebeu títulos de nobreza e conquistou o direito de ganhar uma pensão vitalícia da Coroa.|1| Assim, o Palácio de São Cristóvão ficou conhecido como o local que abrigou a família real portuguesa de 1808 a 1821, e depois que a independência do Brasil aconteceu, abrigou a família real brasileira até 1889.
A relação do palácio com a vinda da família real portuguesa para o Brasil se dá pelo fato de que a presença de d. João aqui resultou em um grande incentivo para o desenvolvimento científico e cultural de nosso país. Um dos exemplos disso foi a fundação do Museu Real por ele em 6 de junho de 1818.
O Museu Real foi inaugurado com artigos doados pelo próprio rei de Portugal. Segundo Lilia Schwarcz e Heloisa Starling, as peças que formavam o museu nesse momento eram “peças de arte, gravuras, objetos de mineralogia, artefatos indígenas, animais empalhados e produtos naturais”.|2|
A princípio, o Museu Nacional, sob o nome de Museu Real, estava instalado no Campo de Santana, onde atualmente fica a Praça da República. Os artigos que existiam no Brasil e que, com o tempo, foram integrados ao acervo do Museu Nacional começaram a crescer consideravelmente a partir do Primeiro Reinado.
O passo inicial foi dado por d. Maria Leopoldina, que possuía grandes coleções de numismática (moedas antigas), arqueologia e etnografia.|1| Os imperadores d. Pedro I e d. Pedro II também adquiriram diversos artigos que integraram o acervo do museu.
A partir de 1892, o Palácio de São Cristóvão passou a abrigar o Museu Nacional. A isso se atribuiu à estratégia dos gestores da república no Brasil de apagar os símbolos que remetiam ao período da monarquia. Transformar a casa que abrigou a monarquia brasileira em um museu era uma dessas estratégias, e, assim, o Museu Nacional se instalou no local que está até hoje.
Em 1946, ficou decidido que o Museu Nacional passaria a ser gerido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e até hoje essa instituição pública faz a administração dele. Em junho de 2018, o Museu Nacional completou 200 anos, e, entre as comemorações, ressaltava-se o fato de que ele possuía um dos maiores acervos do mundo, contendo cerca de 20 milhões de itens.
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Videoaula sobre chegada da família real ao Brasil
Incêndio de 2018
Infelizmente, o dia 2 de setembro de 2018 ficou marcado como o pior dia da história do Museu Nacional e um dos piores para a preservação da história e cultura no Brasil. Um grande incêndio aconteceu na noite desse dia e se espalhou pelo museu, destruindo grande parte do seu acervo.
Investigações conduzidas pela polícia concluíram que o incêndio não foi criminoso, mas foi causado pelas precárias instalações que o edifício possuía em 2018. Isso se deu por conta do descaso governamental, que fez com que o museu funcionasse, nos últimos anos antes do incêndio, com orçamento reduzido. Melhorias nas instalações vinham sendo adiadas há tempos.
Caso o museu tivesse recebido a manutenção devida, essa tragédia não teria acontecido. De toda forma, a polícia concluiu que o incêndio foi iniciado por causa de um curto que aconteceu em um ar-condicionado de um auditório no museu. Por conta do incêndio, estima-se que mais de 90% dos 20 milhões de itens que o museu abrigava foram destruídos pelo fogo.
Antes do incêndio, havia no Museu Nacional salas que expunham itens de geologia, paleontologia, botânica, zoologia, antropologia, biologia, arqueologia e etnologia. Um dos itens mais importantes do acervo era um fóssil humano, o mais antigo já encontrado em todo o continente americano. Esse fóssil era chamado de Luzia, e o incêndio fragmentou o crânio em diversas partes, encontradas parcialmente pelos pesquisadores.
O trabalho de reconstrução do museu se iniciou ainda em 2018, e espera-se que uma parte dele possa ser aberta ao público em 2022. Entretanto, sua restauração completa pode se estender até 2025.
Notas
|1| A história do Museu Nacional. Para acessar, clique aqui.
|2| SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 184.
Créditos da imagem
[1] Tatiane Silva e Shutterstock