Getúlio Dornelles Vargas (1882-1954) foi um dos mais importantes políticos brasileiros e o que teve a personalidade mais acentuadamente idolatrada ou detestada. O período conhecido como Era Vargas, iniciado em 1930 com a revolução política que mudou os rumos da República no Brasil e que teve seu fim em 1945 com o fim da Segunda Guerra Mundial e o afastamento de Vargas do poder pelas Forças Armadas, contribuiu para que a imagem de Vargas e o seu estilo habilidoso de governo se tornassem quase que folclóricos.
De forma geral, historiadores, jornalistas e cientistas políticos denominaram esse estilo de Vargas como getulismo ou varguismo. O sufixo “ismo” indica, ao mesmo tempo, um modo exclusivo de governar e uma aclamação por parte de pessoas que cultuavam sua personalidade – os getulistas.
Não era incomum, na época em que Vargas governava, o culto à personalidade do político, sobretudo de lideranças autoritárias, como foi o seu caso – principalmente no período do chamado Estado Novo (que vigorou de 1937 a 1945) –, que se inspirou em personagens históricos como o fascista Benito Mussolini e o fundador do nazismo, Adolf Hitler. Tanto o fascismo quanto o nazismo, o stalinismo ou o getulismo, guardadas as devidas proporções, incutiam na consciência das massas, por meio de propaganda ostensiva, a figura de seus líderes, que se formaram em seus governos.
Instrumentos como o rádio e o cinema (dispositivos típicos da comunicação de massa) foram essenciais para o desenvolvimento dessa adoração do líder. No caso específico de Vargas, até mesmo a cultura popular, como o samba, foi usada para “louvar” os feitos de seu governo e as características de sua personalidade.
Vargas voltaria ao poder pelas vias democráticas, mas se suicidaria, produzindo uma onda ainda mais forte de culto à sua personalidade **
Quando foi afastado do poder em 1945, Vargas tentou valer-se do “clamor popular” para permanecer ainda no governo, incitando as massas a irem para as ruas reclamarem sua permanência. Esse movimento orquestrado por Vargas ficou conhecido como “queremismo”, em razão do grito que as massas proferiam: “queremos Vargas”.
Em 1950, Vargas voltou ao poder pela via democrática e suicidou-se em 1954 sem ceder às pressões que se formaram na época contra a sua nova forma de governo. Nessa fase, a política populista que Getúlio desenvolveu e sua “retirada” trágica da cena política contribuíram ainda mais para o fomento do getulismo.
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