A escravidão foi uma das mais importantes e significativas experiências históricas desenvolvidas ao longo do Brasil Colonial. Nesse tempo, o colonialismo e a economia mercantil propiciaram a busca de atividades econômicas capazes de render grandes lucros às nações europeias envolvidas nesse processo. No caso de Portugal, o Brasil era uma colônia com uma grande extensão de terras e capaz de promover a organização de rentáveis atividades agrícolas.
Para que isso fosse possível, era necessário um grande contingente de trabalhadores capaz de satisfazer tal demanda. No caso português, isso era praticamente impossível. Afinal, a população portuguesa era muito pequena e a extensão territorial brasileira era gigantesca. Foi nesse contexto que a escravidão se tornou em uma interessante alternativa para que a exploração agrícola brasileira se viabilizasse. Desse modo, surgia a nova questão: quem seriam os povos utilizados para o trabalho compulsório?
Em um primeiro momento, os portugueses acreditavam que a escravização dos índios brasileiros seria uma das alternativas mais viáveis e acessíveis. Contudo, tal prática entrava em choque com os interesses da Igreja Católica. Representados pelas ordens religiosas, com especial destaque à Ordem de Jesus, os clérigos católicos tinham interesses em promover a conversão das populações nativas. Desse modo, a escravização indígena seria um empecilho à cristianização.
Além disso, a resistência dos indígenas era um grande obstáculo a ser enfrentado. O conhecimento do território e a articulação das comunidades tornavam a escravização um grande problema. Desse modo, o Império Português resolveu empregar a escravidão de povos africanos nas regiões onde os lusitanos já desenvolviam colonização desde o século XV. Começava assim a organização do tráfico negreiro – uma das lucrativas atividades desse período.
Entre os séculos XVI e XIX, milhares de africanos foram retirados de seus locais de origem para serem sistematicamente explorados em terras brasileiras. No processo de transporte, que acontecia através de embarcações que ganhavam o nome de “tumbeiros”, vários africanos capturados morriam antes de chegar ao Brasil. Aqueles que sobreviviam eram comercializados para ocuparem os postos de trabalho existentes, na maioria das vezes, em grandes propriedades de terra.
Além da escravidão rural, o trabalho escravo também se desdobrou em diferentes modalidades ao longo de todo esse tempo. Os escravos domésticos eram empregados para servir os senhores e cuidar das crianças, aparecendo tanto no meio rural quanto nas cidades. Além disso, os escravos de ganho apareciam nas cidades prestando serviços e tocando pequenos negócios de seus donos.
Mesmo com a exploração sistemática dos negros, percebemos que a escravidão dos nativos continuou a existir em nossas terras. Em termos históricos, percebemos que a escravidão foi uma experiência central para estabelecermos sentido a vários elementos de nosso desenvolvimento econômico, da nossa cultura, da política, e das relações sociais que marcam nossa identidade histórica.
Por Rainer Gonçalves Sousa
Mestre em História pela Universidade Federal de Goiás - UFG
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