Dom Pedro II foi o governante que mais tempo ficou no poder ao longo de nossa História. Ele assumiu o trono brasileiro em 1840, com apenas 14 anos de idade, e foi deposto pelos militares que lideraram a proclamação da república, em 1889. Dom Pedro II teve uma educação refinada, sabia falar várias línguas e era um grande entusiasta das inovações tecnológicas características da segunda metade do século XIX. Foi no seu reinado que a escravidão foi abolida, em 1888.
Por conta de problemas de saúde, o imperador teve que se ausentar várias vezes do trono. Isso possibilitou o avanço do movimento republicano e a participação mais efetiva de sua filha Princesa Isabel, que, caso tivéssemos um Terceiro Reinado, herdaria o trono do pai. Com a proclamação da república, Dom Pedro II e a família imperial foram exilados do país e viveram seus últimos anos na Europa. O segundo e último imperador brasileiro morreu em Paris, em 1891, sem nunca ter retornado ao Brasil.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Biografia de Dom Pedro II
- 2 - Golpe da maioridade
- 3 - Segundo Reinado
- 4 - Resumo sobre Dom Pedro II
- 5 - Exercícios resolvidos
Biografia de Dom Pedro II
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Nascimento e juventude de Dom Pedro II
Dom Pedro II nasceu no Rio de Janeiro, em 2 de dezembro de 1825. Seu nome de batismo era Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga. Filho de Dom Pedro I e Maria Leopoldina, Pedro de Alcântara tornou-se herdeiro do trono brasileiro. Quando seu pai abdicou do poder, em 1831, ele tinha apenas cinco anos de idade e não tinha condições de assumi-lo. Até que completasse a maioridade, ou seja, os 18 anos, o império brasileiro foi governado por regentes.
Antes de sair do Brasil e retornar para Portugal, Dom Pedro I deixou seu filho herdeiro sob os cuidados de José Bonifácio, antigo amigo que se afastou por conta das diferenças políticas. No entanto, Bonifácio não ficou muito tempo tutelando o futuro imperador brasileiro. Em 1833, ele foi destituído do cargo e quem assumiu a tutela foi Maria Carlota de Verna Magalhães Coutinho. Pedro de Alcântara passou a juventude estudando e lendo livros. Apesar de o poder ser uma rotina em sua vida, ele era uma criança solitária e infeliz. A perda dos pais tão cedo, as disputas de poder que o cercavam e a falta de contato com outras crianças criaram uma sombra em sua vida.
Enquanto vivia praticamente trancado no Palácio da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, o império vivia tempos conturbados com os regentes no poder. De norte a sul, as províncias rebelaram-se contra o governo central. Enquanto a maioridade de Dom Pedro não chegava, foi decretado, em 1834, o Ato Adicional, que garantiu relativa autonomia às províncias.
Isso provocou uma série de revoltas, como a Sabinada, a Cabanagem e a Revolta dos Farrapos. Exigia-se de tudo, desde a proclamação da república até a imediata coroação de Dom Pedro II. Foi preciso antecipar a coroação do imperador menino para garantir a paz entre as províncias e a manutenção do império brasileiro.
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Casamento e filhos
Dom Pedro II foi aclamado imperador em 1940, quando tinha apenas 14 anos de idade. Mesmo com a pouca idade, o jovem monarca mostrava-se atento às ações exigidas pelo cargo, apesar também da timidez característica de sua personalidade. Logo se pensou em fazer o casamento do imperador para que a sua imagem com os súditos fosse a de um homem forte e confiante, apesar da pouca idade.
O Reino das Duas Sicílias, no sul da Península Itálica, ofereceu a mão de Teresa Cristina. Ao ver um retrato de sua futura esposa, Dom Pedro II concordou com o casamento, que aconteceu em Nápoles, por procuração, em 30 de maio de 1843. A nova imperatriz do Brasil desembarcou no Rio de Janeiro, em 3 de setembro do mesmo ano. A real imagem de Teresa Cristina desencantou Dom Pedro II, pois era menos bonita do que no retrato enviado. Apesar da desilusão, o casamento entre os dois aconteceu no dia seguinte ao desembarque da esposa.
Dois anos depois do casamento, nasceu o primeiro filho do casal imperial: Afonso. Logo em seguida, nasceram Isabel (1846), Leopoldina (1847) e o caçula, Pedro (1848). Para sua tristeza enquanto pai, os filhos Afonso e Pedro morreram logo após o nascimento. Eram potenciais herdeiros do trono brasileiro e a garantia da continuidade do reinado.
Na linha sucessória entrava Isabel. O imperador mostrava-se descontente com isso, porque não acreditava que a filha tivesse talento político para governar um império do tamanho do Brasil e temia o fim do reinado depois de sua morte. Por não confiar nela como herdeira, Dom Pedro II não a chamava para tomar parte das decisões do governo.
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Últimos anos e morte de Dom Pedro II
Dom Pedro II tinha o hábito de escrever um diário, e, em 1862, anotou “Nasci para consagrar-me às letras e às ciências”. Isso demonstrava o seu desinteresse pela política e pela administração do império. O imperador preferia os livros às disputas políticas entre conservadores e liberais. Se dependesse de sua vontade, abandonaria a coroa e se tornaria professor.
Na década de 1880, o imperador não estava bem de saúde. Constantemente ele subia a serra em direção a Petrópolis (RJ) em busca de refúgio e que o ar fresco das montanhas lhe devolvesse a saúde. As suas ausências na Corte foram substituídas pela princesa Isabel. Apesar da desconfiança na filha, foi ela quem comandou o império durante as viagens do pai. Inclusive, em 13 de maio de 1888, foi Isabel quem entrou para a História como aquela que assinou a Lei Áurea, abolindo a escravidão no Brasil.
Logo após a proclamação da república, em 15 de novembro de 1889, Dom Pedro II e a família imperial saíram em exílio para a Europa. Apesar da reação monarquista, o agora ex-imperador não esboçou nenhuma vontade de liderar algum movimento contrário aos militares que tomaram o poder. A imperatriz Teresa Cristina morreu na cidade do Porto (Portugal), três semanas após o desembarque na Europa. Mais uma perda que desolou Dom Pedro.
Ele passou seus últimos anos de vida em Paris, hospedado no Hotel Belford. Pedro de Alcântara, segundo e último imperador do Brasil, morreu no quarto do hotel, em 5 de dezembro de 1891, sem ver novamente o país que governou por quase 50 anos. Até hoje, na fachada do Hotel Belford, encontra-se uma placa informando que naquele local Dom Pedro II viveu seus últimos dias.
Golpe da maioridade
Com as revoltas ocorridas nas províncias e a instabilidade política durante o Período Regencial, tornou-se urgente apressar a coroação de Dom Pedro II. A espera pela sua maioridade poderia ter consequências graves para a unidade territorial do império, já que várias províncias ameaçavam separar-se do Brasil e transformar-se em repúblicas. As antigas colônias espanholas na América do Sul eram exemplos para os revoltosos brasileiros, pois, logo após a independência, tornaram-se países republicanos.
Em 1840, foi aprovada a Lei de Interpretação do Ato Adicional, que revogou a autonomia das províncias e garantiu mais poderes ao poder central no Rio de Janeiro. Tal medida foi tomada durante a regência do conservador Araújo Lima. No Brasil todo, aumentava-se a pressão pela antecipação da coroação de Dom Pedro, mesmo não tendo ele a idade mínima para ocupar o trono. Em 23 de julho do mesmo ano, o Parlamento declarou formalmente Dom Pedro II como o novo imperador do Brasil, com apenas 14 anos de idade. Era o Golpe da Maioridade.
Segundo Reinado
Dom Pedro II governou o Brasil de 1840 até 1889, quando a república foi proclamada. Durante o Segundo Reinado, o país passou por grandes transformações, como a aprovação das leis que extinguiram a escravidão no Brasil. O café tornou-se o principal produto econômico, sendo exportado para vários países. Com os conflitos sociais arrasando a Europa a partir de 1848, começaram a vir para o Brasil vários imigrantes, principalmente italianos e alemães, para trabalharem nas plantações de café. Aos poucos, o trabalho escravo foi substituído pelo imigrante.
Durante o Segundo Reinado, Dom Pedro II valorizou a educação e a cultura, criando instituições como o Instituto Histórico Geográfico Brasileiro para preservar a memória nacional e as ciências geográficas e sociais. Outras instituições foram o Colégio Pedro II e a Imperial Academia de Música e Ópera Nacional. O maestro Carlos Gomes recebeu apoio do imperador para apresentar-se na Europa, quando seu talento musical foi amplamente reconhecido.
De 1865 até 1870, o Brasil lutou, na Guerra do Paraguai, contra o ditador Solano López. Os brasileiros atuaram ao lado do Uruguai e da Argentina. Apesar da vitória brasileira na guerra, Dom Pedro II não pôde colher os louros dela por causa da crise financeira e dos militares, que voltaram do campo de batalha fortalecidos pela vitória, benquistos pela população e desejosos de participar das decisões do império. O Clube Militar foi criado para discutir política e divulgar as ideias do positivismo, principalmente no Exército.
Com a pressão inglesa e a vinda dos imigrantes europeus, a abolição da escravidão avançou logo após o Parlamento aprovar as leis:
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Eusébio de Queirós (acabou com o tráfico negreiro);
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Lei do Ventre Livre (filhos recém-nascidos de mães escravizadas seriam livres);
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Lei do Sexagenário (escravizados que alcançassem 60 anos de idade seriam libertos);
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Lei Áurea (abolição da escravidão).
O fim da escravidão foi uma das causas do enfraquecimento do Segundo Reinado. Os cafeicultores romperam com Dom Pedro II porque a abolição foi feita sem nenhuma indenização a eles.
Além disso, a crise do Segundo Reinado envolveu a religião. Como a religião oficial do Brasil era o catolicismo, havia o choque de decisões tomadas pelo imperador e pelo papa. A proibição dos maçons participarem das irmandades religiosas provocou atritos entre aliados do imperador que também eram maçons e religiosos que decidiram colocar em prática as ordens vindas do Vaticano. A prisão de bispos em Olinda por ato de rebeldia afastou a Igreja Católica de Dom Pedro II.
Os militares mantiveram suas discussões políticas, apesar das proibições do imperador. Influenciados pelos ideais positivistas e com o crescimento do movimento republicano, em 15 de novembro de 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca liderou as tropas que saíram no Campo de Santana, no Rio de Janeiro, para depor Dom Pedro II, finalizando mais de 60 anos de império no Brasil e instalando a república. O Brasil foi o último país das Américas a tornar-se republicano.
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Resumo sobre Dom Pedro II
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Dom Pedro II foi o segundo e último imperador do Brasil, sendo o governante que mais tempo ficou no poder, quase 50 anos.
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Durante o Segundo Reinado, o Brasil passou por várias transformações sociais, como a vinda de imigrantes europeus e a abolição da escravidão.
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Logo após a proclamação da república, Dom Pedro II e a família imperial foram morar na Europa. O imperador morreu em Paris, sem ver novamente o Brasil.
Exercícios resolvidos
Questão 1 – O Período Regencial foi marcado por revoltas nas províncias de norte a sul do Brasil. A solução para pacificar o império foi:
A) proclamar a república e convocar eleições presidenciais.
B) aumentar o poder dos regentes, já que o Poder Moderador não era suficiente para conter as revoltas provinciais.
C) libertar os escravos e escravizar os imigrantes.
D) antecipar a coroação de Dom Pedro II mediante o Golpe da Maioridade.
Resolução
Alternativa D. Os conflitos nas províncias durante o Período Regencial fizeram com que se decretasse o Golpe da Maioridade, antecipando a coroação de Dom Pedro II, com o objetivo de pacificar o império e garantir sua unidade
Questão 2 – A partir de 1880, o Segundo Reinado atravessou uma grave crise que culminou na proclamação da república. Leia as alternativas seguintes e assinale a que corretamente aponta uma das causas da queda do reinado de Dom Pedro II, em 1889:
A) afastamento dos cafeicultores por não receberem indenização após a abolição da escravidão.
B) invasão das tropas paraguaias para vingar a derrota na guerra de 1865.
C) rebelião dos militares com a ameaça de derrubar Dom Pedro II mediante as armas.
D) manutenção da escravidão.
Resolução
Alternativa A. Um dos pilares de apoio que garantiam a sustentação do Segundo Reinado eram os cafeicultores. Com a abolição da escravidão, em 1888, eles se afastaram de Dom Pedro II e aproximaram-se dos republicanos, por conta do não pagamento de indenização.