D. Pedro I foi imperador do Brasil de 1822 a 1831 e o responsável por declarar a independência brasileira, em 7 de setembro de 1822. Coroado imperador no fim de 1822, d. Pedro I teve um reinado caótico, marcado por brigas políticas, revoltas, guerras, problemas econômicos e autoritarismo.
O imperador teve o primeiro casamento marcado por brigas e desentendimentos com sua esposa, a imperatriz d. Maria Leopoldina. Essas brigas eram decorrentes do seu caso extraconjugal com a marquesa de Santos. Em 1831, d. Pedro I abdicou do trono e foi para Portugal lutar na Guerra Civil Portuguesa, conflito em que ele adquiriu uma tuberculose que lhe foi fatal em 1834.
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Nascimento e juventude
D. Pedro (tornou-se d. Pedro I apenas em 1822) nasceu em 12 de outubro de 1798, na cidade de Lisboa. Seus pais eram d. João (tornou-se d. Joao VI em 1816) e Carlota Joaquina. Seu nome completo era Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon.
D. Pedro foi o quarto filho, mas tornou-se herdeiro direto do trono depois que Francisco (também conhecido como d. Antônio de Bragança), o filho mais velho do casal, faleceu em 1801. Nos primeiros anos de sua vida, d. Pedro viveu em Lisboa, mas logo ele veio ao Brasil porque seu pai, o regente de Portugal, decidiu transferir a corte para o Rio de Janeiro.
A transferência da corte foi um desdobramento da disputa entre França e Inglaterra durante o período napoleônico. Portugal recusou-se a aderir ao Bloqueio Continental imposto pelos franceses, então o país foi invadido por tropas franceses. Para evitar ser capturado e para resguardar a dinastia Bragança, d. João decidiu abandonar Portugal.
No Rio de Janeiro, d. Pedro residiu no Palácio de São Cristóvão, conhecido por abrigar atualmente o Museu Nacional. Os biógrafos de d. Pedro apontam que ele teve uma boa educação, mas que não gostava de estudar. Além disso, ele era agitado, e os relatos de sua saúde revelam que ele sofria de ataques parecidos com os de epilepsia.
Vida pessoal
D. Pedro era conhecido por ser mulherengo. Registros da época apontam diversos casos que ele teve ao longo de sua vida, e um desses marcou sua biografia e abalou um de seus casamentos. O primeiro casamento de d. Pedro foi com a princesa austríaca Maria Leopoldina e aconteceu no dia 13 de maio de 1817.
Essa união foi útil para as coroas portuguesa e austríaca, pois, para Portugal, representava a possibilidade de estreitar laços com uma das monarquias mais influentes da Europa e que tinha papel relevante na Santa Aliança. Para os austríacos, era um acordo que abria possibilidades para desenvolvimento comercial com Portugal e Brasil.
O casamento dos dois aconteceu por procuração, e d. Pedro só conheceu sua esposa em novembro de 1817, quando ela se mudou para o Brasil. Ao longo desse matrimônio, Maria Leopoldina e d. Pedro tiveram sete filhos: Maria, Miguel, João Carlos, Januária, Paula, Francisca e Pedro. Apesar de prolífico em herdeiros, o casamento não foi feliz.
Isso se deveu, principalmente, ao caso extraconjugal de d. Pedro com Domitila de Castro Canto e Melo, conhecida também como marquesa de Santos. D. Pedro conheceu-a em viagem para São Paulo, em 1822, e, durante sete anos, manteve-a como amante. Essa relação deu a Domitila títulos e riqueza.
Existem relatos de que d. Leopoldina manifestou a sua insatisfação e vergonha com a situação, e, sobre os últimos anos de vida da imperatriz, existem passagens que mencionam brigas sérias entre imperador e ela. Há até mesmo suspeitas de que d. Pedro teria a agredido em uma discussão.
Em 1826, d. Maria Leopoldina faleceu em decorrência de um aborto que pode ter sido causado por agressões de d. Pedro. Ele ficou viúvo durante três anos, e, só em 1829, casou-se novamente, dessa vez com d. Amélia de Leuchtenberg, princesa da Baviera. D. Pedro teve dificuldades para obter um segundo casamento por conta de sua má fama como marido e imperador.
O caso extraconjugal de d. Pedro com Domitila Castro foi mantido até 1829, quando ele colocou fim na relação para conseguir seu segundo matrimônio.
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Papel na independência
D. Pedro I envolveu-se na política somente em 1821, na ocasião do retorno de d. João VI para Portugal (por pressão da Corte portuguesa). D. João VI retornou, mas deixou d. Pedro como regente do Brasil. Aconselhado por José Bonifácio e d. Maria Leopoldina e apoiado pelas elites residentes aqui, d. Pedro assumiu posição de protagonista.
Ele se tornou regente em 7 de março de 1821, e a data da virada de suas ações é o 9 de janeiro de 1822, conhecido como Dia do Fico. Nesse dia, impulsionado pelas elites locais que o apoiavam, d. Pedro desobedeceu a uma ordem da Corte portuguesa e anunciou que não retornaria para Portugal.
A partir daí, as ações de d. Pedro são entendidas como de ruptura. Essa ruptura aconteceu porque os interesses das elites de Portugal eram contrários aos das elites do Brasil. Esse desencontro acirrou os ânimos entre as duas partes, e o apoio a d. Pedro tornou-se uma possibilidade de romper com Portugal sem que mudanças drásticas no status quo do Brasil acontecessem.
Em 7 de setembro de 1822, novas notícias vindas de Portugal e a influência de José Bonifácio e d. Maria Leopoldina fizeram o regente declarar a independência do Brasil às margens do riacho do Ipiranga, em São Paulo. Entretanto, o anúncio de independência já tinha sido feito por Bonifácio e Maria Leopoldina, em uma reunião emergencial no Rio de Janeiro.
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Primeiro Reinado
Uma vez a independência proclamada, d. Pedro foi aclamado imperador em outubro e coroado em dezembro de 1822, tornando-se d. Pedro I. Seu governo ficou conhecido como Primeiro Reinado e estendeu-se até 1831. Suas ações no trono brasileiro rapidamente cansaram as elites, que com ele romperam, fazendo-o abdicar do trono em 1831.
D. Pedro demonstrou ser um monarca despótico, isto é, autoritário, e seu governo prejudicou a economia brasileira e contribuiu para acirrar os ânimos entre brasileiros (defensores da monarquia constitucional com poderes limitados ao imperador) e portugueses (apoiadores de d. Pedro I e de uma monarquia absolutista no Brasil).
Entre os principais eventos do seu reinado, estão:
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Constituição de 1824: outorgada em 25 de março de 1824, após d. Pedro I ter rejeitado a primeira proposta apresentada em 1823. Para isso, o imperador autorizou o fechamento da Constituinte.
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Confederação do Equador: revolta separatista e de caráter republicano que se iniciou no Nordeste, em 1824.
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Guerra da Cisplatina: conflito entre Brasil e Províncias Unidas (atual Argentina) causado por uma revolta separatista que eclodiu na Cisplatina em 1825. A guerra contra as Províncias Unidas estendeu-se até 1828 e resultou na independência da Cisplatina como Uruguai.
Outras questões somaram-se às insatisfações contra o imperador, como seu envolvimento na sucessão do trono português, o assassinato do jornalista Líbero Badaró e a continuidade do caso com a marquesa de Santos. Isso contribuiu para o desentendimento entre brasileiros e portugueses e resultou em confronto físico.
Em março de 1831, os dois lados dessa disputa política entraram às vias de fato, e confrontos violentos (conhecidos como Noite das Garrafadas) foram registrados no Rio de Janeiro por dias. Isso aumentou a pressão sobre d. Pedro I, e ele abdicou do trono em benefício de seu filho, Pedro de Alcântara, em 7 de abril de 1831. Para saber mais sobre esse período turbulento da história brasileira, leia: Primeiro Reinado.
Morte
Depois que abdicou o trono, d. Pedro I voltou para Portugal e lá participou da Guerra Civil Portuguesa, conflito motivado pela disputa de poder entre liberais, defensores da monarquia constitucional, e absolutistas, defensores da monarquia absolutista. D. Pedro I lutou no lado dos liberais e esteve na defesa para que sua filha, d. Maria II, assumisse o trono português.
D. Pedro I e os liberais conseguiram derrotar os absolutistas, e o adversário de d. Maria II, d. Miguel, foi expulso de Portugal. Meses depois de finalizada a guerra civil, d. Pedro I ficou com sua saúde debilitada por conta de uma tuberculose não tratada. Em setembro de 1834, sua situação de saúde piorou e, no dia 24 do mesmo mês, ele faleceu.
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