Durante a República Oligárquica (1889-1930), além do café, outro produto destinado à exportação fortaleceu a economia nacional: a borracha produzida a partir do látex. A extração desse produto se iniciou em meados do século XIX, ainda durante o segundo reinado, encontrando seu apogeu na primeira década do século XX, formando o que os historiadores chamam de ciclo da borracha.
Os capitais conseguidos com a exportação da borracha serviram ainda para financiar a urbanização de parte de cidades amazônicas, como Manaus e Belém, em um período conhecido como Belle Époque amazônica.
O látex era já utilizado pelos indígenas quando o cientista naturalista francês Charles Marie de La Condomine descobriu o método de transformá-lo em borracha. Em virtude de sua elasticidade, maleabilidade e impermeabilidade, a borracha foi utilizada em alguns processos industriais, como na produção de seringas, galochas e borrachas de apagar. Mas o uso em larga escala só se tornou possível na grande indústria após Charles Goodyear desenvolver o processo de vulcanização da borracha. Com a vulcanização, a borracha adquiria consistência fixa, não derretendo no calor e nem se enrijecendo no frio, possibilitando sua utilização na produção de mangueiras, pneus, sapatos, correias etc. Com a produção em massa de automóveis e bicicletas, a procura pelo produto aumentou drasticamente, impulsionando a extração do produto.
Como a região amazônica era o único local de produção, a economia da região se beneficiou do aumento da demanda. A produção de borracha passou de 156 toneladas em 1830 para 31,1 mil toneladas em 1911. Os recursos financeiros possibilitaram uma transformação urbana em Belém, no Pará, e em Manaus, no Amazonas. Na capital paraense, houve a construção de bulevares, a introdução de bondes elétricos, iluminação pública, energia elétrica, água encanada, bem como a criação do centro comercial e do Mercado Ver-o-Peso. Em Manaus é de se destacar o Porto de Manaus, uma estrutura flutuante construída pelos ingleses para poder acompanhar as cheias periódicas do rio Negro, e também o Teatro Amazonas. Esse processo de urbanização e impulso econômico foi tratado como um processo de modernização da região.
Essa modernização contrastava com a forma de organização da produção da borracha. A coleta do látex era feita pelos seringueiros, compostos por indígenas, pessoas da região ou imigrantes saídos principalmente do Nordeste. Dispersos pelas matas, eles sangravam as seringueiras para extrair o látex, entregando-o posteriormente ao aviador. O aviador era quem comprava dos seringueiros o látex, pagando-os geralmente em artigos de subsistência, a preços mais altos que os de mercado. Em momentos de contestação desse tipo de exploração comercial, utilizavam da violência para intimidar os seringueiros. Como os locais de extração do látex eram distantes de qualquer pequeno centro comercial, os seringueiros ficavam à mercê dos aviadores.
Estes, por sua vez, recorriam a empréstimos bancários para financiar a compra do látex, o que os deixavam muitas vezes endividados. Os maiores beneficiários eram os exportadores do produto, comerciantes geralmente de origem inglesa ou estadunidense. Mas se formou também um grupo social local que conseguiu se aproveitar do crescimento econômico desse setor.
Porém, o ciclo da borracha encontrou seu declínio a partir de 1913. Os ingleses iniciaram a produção do látex na Ásia, principalmente na Malásia, desbancando a produção amazônica. Nesse país, os ingleses passaram a plantar as seringueiras próximas umas às outras, contrariamente à forma dispersa em que elas se encontravam na floresta amazônica. O resultado foi um enorme aumento da produtividade, levando a uma queda drástica no preço. Impossibilitados de competir, os exploradores amazônicos viram sua importância comercial ruir. Além da falta de possibilidades de aumentar a produção, não houve incentivos governamentais como os dispensados ao café, devido ao domínio oligárquico dos cafeicultores paulistas no governo Federal.
Um novo surto de exportação ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial quando as áreas de produção inglesa na Ásia foram bloqueadas pela ação das tropas nazistas. Mas a produção na região jamais conseguiu alcançar os patamares do início do século XX.
Outra consequência importante para a formação territorial brasileira foi a compra do atual estado do Acre. Invadido por seringueiros brasileiros, o então território boliviano foi alvo de disputa entre os exércitos dos dois países. O resultado foi um acordo em que o Brasil compraria a região da Bolívia por 2 milhões de libras esterlinas, em 1903.