A História do Brasil é compreendida desde o Período Pré-Cabralino, ou seja, antes da chegada dos portugueses, até a Nova República. É permeada por revoltas, golpes e outros graves acontecimentos, com breves hiatos democráticos. O país passou por três regimes: colônia, império e república.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre a História do Brasil
- 2 - Pré-Cabralino
- 3 - Período Pré-Colonial (1500-1530)
- 4 - Brasil Colônia (1530-1815)
- 5 - Brasil Império
- 6 - Brasil República
- 7 - Exercícios resolvidos sobre a História do Brasil
Resumo sobre a História do Brasil
- Pré-Cabralino: para estudos do Brasil antes de Cabral, as principais fontes são arqueológicas. São observados diversos povos habitando o Brasil antes dos portugueses, vindos da Oceania, Ásia e África, principalmente.
- Período Pré-Colonial (1500-1530): o Brasil pré-colonial (1500 a 1530) foi marcado pela chegada dos portugueses e uma economia pautada na exploração do pau-brasil, com uso de mão de obra indígena.
- Brasil Colônia (1530-1815): corresponde aos anos de 1500 (chegada de Cabral) a 1822 (independência). Foi marcado pelas capitanias hereditárias, ocupações holandesas e de outras nações estrangeiras. A economia era voltada para a monocultura da cana-de-açúcar e para o ciclo do ouro.
- Brasil Império: Se inicia em 7 de setembro de 1822, com a independência, e acaba em 15 de novembro de 1889. É dividido em Primeiro Reinado, Período Regencial e Segundo Reinado.
- Brasil República: Desde 1889 aos dias atuais, o Brasil vive em um regime republicano, que passou por diversas fases, como República Velha, Era Vargas, Quarta República, Ditadura Militar e Nova República.
Pré-Cabralino
Para estudos do Brasil antes de Cabral, as principais fontes são arqueológicas, que buscam fazer mapeamentos genéticos e datações. Uma das hipóteses para a ocupação do continente americano é a das glaciações, ocorridas há milhares de anos (não há consenso entre pesquisadores sobre uma data específica).
As polêmicas também dizem respeito a rotas de migrações desses primeiros habitantes, já que há uma diversidade de características biológicas nas Américas. Considera-se que o caminho foi feito pelo estreito de Bering e pelo oceano Pacífico, ligado à Austrália. Dessa forma, provavelmente, os primeiros seres humanos chegaram à América do Norte há cerca de 20 mil anos e foram se expandindo para o sul há 10 mil anos.
Para chegar ao Brasil, especificamente, teriam:
1) passado pelo litoral de onde hoje é a Venezuela e a Colômbia para chegarem à Amazônia;
2) atravessado os Andes;
3) vindo pelo oceano Pacífico, pela Patagônia;
4) ou vindo do Caribe, entrando pelo litoral nordestino.
Todas essas teorias existem porque pôde-se verificar, na Arqueologia, dois grandes grupos: um com características negroides (provavelmente vindo da África), que teria chegado antes, e outro que se assemelha a aborígenes da Oceania. Há ainda um terceiro grupo, que chegou bem depois, com aparência asiática, e seria o responsável pelo povoamento de boa parte da América Latina e originário de grupos étnicos atuais.
O fóssil mais antigo descoberto no Brasil é o de Luzia, que data de, possivelmente, 11 mil anos atrás. Foi encontrado na década de 1970, em Minas Gerais. Existem ainda pinturas rupestres de 3 a 10 mil anos localizadas no Rio Grande do Norte e de 12 mil anos no Piauí.
Sabe-se que esses povos foram capazes de desenvolver agricultura, escrita, arte, engenharia e organizações sociais e políticas em toda a América, dividida entre Mesoamérica e região andina. Porém, antes desse desenvolvimento, viviam da subsistência, ou seja, caça, coleta e pesca. Tais coletores-caçadores teriam habitado quase todo o território brasileiro, caçavam grandes animais (de acordo com evidências encontradas de artefatos específicos para a atividade) e viviam em grupos dentro de cavernas.
No entanto, na região Sul, nos estados onde hoje são Rio Grande do Sul e Santa Catarina, foram encontrados vestígios (de cerca de 4 mil anos) de plantações de milho, indicando uma possível sedentarização e organização social. Foram descobertas também marcas de casas subterrâneas e cerâmicas das populações Xokleng.
Já os tupis-guaranis têm vestígios arqueológicos registrados de 900 anos atrás. Possivelmente, migraram da Amazônia e se fixaram em regiões banhadas pelo mar.
Na região amazônica, há sinais, de pelo menos 5 mil anos atrás, de objetos feitos de pedra e cerâmica, que deram origem à cultura Santarém e Marajoara (hoje, cidades e regiões do estado do Pará). De São Paulo, Mato Grosso, Goiás, litoral da Bahia até o Rio Grande do Norte, foram descobertos objetos para preparo de alimentos anteriores ao século VIII.
Antes da chegada europeia, os povos tupis-guaranis estavam se expandindo, derrotando os agrupamentos nômades e ocupando quase todo o litoral. Embora ainda mantenham suas tradições e cultura resistentes, boa parte dessas etnias começou a ser dizimada após a chegada dos portugueses.
Período Pré-Colonial (1500-1530)
O Brasil pré-colonial, ou seja, de 1500 a 1530, foi marcado pela chegada dos portugueses e uma economia pautada na exploração do pau-brasil, com uso de mão de obra indígena.
Portugal não tinha, nos primeiros 30 anos, uma política efetiva para a colonização e ocupação brasileira. Foram instaladas feitorias (locais fortificados em portos que serviam como entrepostos comerciais para escoamento do que era retirado nas colônias) apenas em alguns pontos do litoral — onde hoje estão os estados do Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco —, assim como já era feito na África.
Pedro Álvares Cabral chegou aqui com 13 caravelas. Inicialmente, dizia-se que pretendia chegar às Índias, mas desviou, vindo parar no Brasil. Essa hipótese tem sido refutada por muitos historiadores, que afirmam que havia intencionalidade na expedição cabralina, afinal portugueses e espanhóis estavam em plena disputa pelas expansões marítimas no período.
No entanto, os interesses econômicos de Portugal no Brasil não eram grandes. O pau-brasil aqui coletado era utilizado somente para fabricação de tintas e correspondia a menos que 3% de todas as atividades comerciais portuguesas.
Os indígenas retiravam a madeira e levavam até os portos. Em troca, recebiam objetos variados sem muito valor. Essa prática era chamada de escambo.
Apenas a ameaça de invasões de outros países em território brasileiro fez com que Portugal começasse a despender maiores atenções ao Brasil. Assim, em 1534, foram criadas as capitanias hereditárias.
Leia também: “Descobrimento” do Brasil e a estadia de Cabral
Brasil Colônia (1530-1815)
O período colonial brasileiro corresponde aos anos de 1500 (chegada de Cabral) a 1822 (independência) e é o maior da história do país.
A partir de 1534, foram instaladas no Brasil as capitanias hereditárias, porções de terra dadas a nobres portugueses pelo próprio rei Dom João VI. Esse sistema foi implantado por Martim Afonso de Souza, que montou a primeira expedição com esse intuito ao Brasil.
Economicamente, marca-se, também nesta data, o fim do ciclo de exploração do pau-brasil, que foi substituído pela cana-de-açúcar como modelo exploratório da colônia.
As capitanias que prosperaram foram apenas as de Pernambuco e São Vicente (atual São Paulo). As demais não deram certo, o que levou a Coroa portuguesa a pensar em uma nova forma de administração, o Governo-Geral, comandado inicialmente por Tomé de Sousa, depois Duarte da Costa e, por fim, Mém de Sá.
O principal objetivo desse governo era conter as revoltas indígenas, principalmente dos tamoios, que, aliados aos franceses — que não tinham reconhecido o Tratado de Tordesilhas, firmado entre Portugal e Espanha —, promoveram grandes levantes contra o poder colonial. A França, posteriormente, ainda tentou outras ocupações, como a do Maranhão, na década de 1590, da qual saiu derrotada quase um século depois, em 1695.
Houve ainda a ocupação holandesa no território de Olinda, Pernambuco, que gerou batalhas, como a dos Guararapes, e guerras, como a dos Mascates. Essas invasões de outras nações estrangeiras, além das portuguesas, marcaram todo o período colonial, sendo uma de suas principais características.
O Governo-Geral, que tinha como alvo o controle das insurreições internas e externas, contou, para tal missão, com o apoio da Companhia de Jesus, grupos de religiosos conhecidos como jesuítas que vinham para catequizar indígenas, tornando-os mais adaptados à cultura e ao trabalho imposto por Portugal. Essa forma de governo durou até 1808, com a vinda da família real para o Brasil.
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Ciclo do açúcar
Embora politicamente a forma administrativa tenha se mantido (mesmo com dificuldades de comunicação e transportes), a atividade econômica mudou, e, na metade do século XVI, a cana-de-açúcar tomou o lugar do pau-brasil, transformando-se na principal riqueza para os portugueses explorarem no país, com grande produção, monocultura e mão de obra escravizada, conjunto de práticas denominado plantation, sistema agrícola utilizado pela maioria das nações europeias em suas colônias.
A cana-de-açúcar entrou no Brasil por meio do expedicionário Martim Afonso de Souza, em São Vicente, mas acabou dando mais certo no Nordeste do país (capitanias de Pernambuco e Baía de Todos os Santos, hoje Bahia). Pelo sistema de monocultura, foi favorecido o surgimento de grandes propriedades; com isso, já constituídos como latifundiários os senhores de engenho.
Durante esse ciclo econômico, os holandeses tiveram papel importante, à medida que ocuparam territórios no Pernambuco e investiram nessas lavouras junto aos senhores de engenho, que tiveram bons subsídios da Holanda durante algum tempo. Todavia, como dito, foram expulsos do Brasil em sangrentos conflitos (de 1648 a 1711), instalando-se, na sequência, nas Antilhas, o que fez com que o açúcar brasileiro perdesse espaço no mercado internacional.
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Ciclo do açúcar
No final do século XVII, com a crise açucareira, os portugueses se viram diante da situação de ter que procurar novas fontes de exploração na colônia. Para isso, foram inauguradas as entradas e bandeiras, estimulando a ocupação territorial. Entradas eram organizadas pelo governo, e bandeiras, por particulares. Porém, ambas eram incentivadas pela Coroa em busca de ouro e índios, que seriam escravizados. Essa dimensão do trabalho compulsório indígena foi originária de uma série de revoltas de diversas etnias, as quais foram, em sua maioria, exterminadas pelos bandeirantes no interior do Brasil.
Todo o ouro encontrado deveria ser enviado às casas de fundição portuguesas, que, mais tarde, passaram a cobrar grandes impostos, gerando também revoltas. Foram encontradas minas em Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. É importante lembrar que, nesse período, o Brasil já utilizava a mão de obra africana, escravizada por meio do tráfico negreiro desde o advento das grandes plantações de cana. No ciclo do ouro foram essenciais, pois dominavam técnicas de mineração as quais os portugueses não conheciam.
O ciclo do ouro, iniciado nas entradas e bandeiras, correspondia à necessidade da Coroa portuguesa em financiar toda a administração de seus vastos territórios coloniais. A partir do momento em que o ouro era encontrado, formavam-se vilas, importantes no processo de interiorização do país e que hoje são cidades que conhecemos, como Ouro Preto e Mariana, por exemplo.
Na metade do século XVIII, diversos países colonizados nas Américas começaram a lutar por independência, e essa influência chegou até aqui. As minas de ouro começaram a se esgotar de vez no final do século, momento em que o Brasil migrou mais uma vez de sistema econômico principal, passando para o café, que atendia aos interesses industriais ingleses e demais países já industrializados, enquanto aqui continuava-se com a monocultura exportadora e dependente.
Após muitos confrontos — como Guerra dos Mascates, Inconfidência Mineira, Conjuração Baiana, Guerra dos Emboabas, Rebelião de Vila Rica, entre outras que aconteceram no final do Brasil Colônia —, chamados de Revoltas Coloniais, Dom Pedro I declarou a independência brasileira.
Brasil Império
O período imperial do Brasil começou em 7 de setembro de 1822, com a independência, e acabou em 15 de novembro de 1889. Durante esses 67 anos, o país foi governado por Dom Pedro I e Dom Pedro II, conforme veremos a seguir.
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Primeiro Reinado
Após a Independência do Brasil (1822), Dom Pedro I, que a declarou, foi o primeiro imperador e manteve-se no reinado até 1831, quando renunciou.
A independência tem raízes na vinda da família real, em 1808, quando uma série de mudanças começaram a acontecer, entre elas a condição política brasileira, que passou a ser parte do reino português, não mais colônia de Portugal.
Algumas pessoas no Brasil não queriam a independência. E outras queriam-na há muito tempo, mas por outros motivos, como os das revoltas citadas no tópico anterior. Por isso, não se pode dizer que o processo de independência brasileira foi pacífico, como algumas correntes de historiadores promulgaram durante décadas.
O Brasil independente se tornou uma monarquia, fato inédito nas independências nas Américas. Isso porque o modelo republicano trazia o receio de que o território fosse fragmentado. É importante lembrar que os nobres foram parte importante desse processo, portanto, para eles, a monarquia nunca tinha sido um problema, pois já estavam acostumados com os costumes e educação portugueses. Além disso, em uma monarquia há menos chance de mobilidade social, o que lhes favorecia.
A independência visou também ao controle das revoltas em diversos pontos do mapa, portanto era tarefa de D. Pedro I, agora imperador, apaziguar os ânimos, bem como instituir regramentos próprios para o novo império e obter reconhecimento de outros países, o que não foi fácil, devido ao modelo monárquico mantido. Até mesmo os portugueses não o reconheciam.
Desse modo, para que tal aclamação se tornasse consenso, foram necessárias mediações, realizadas principalmente por EUA e Inglaterra. Assim, o antigo colonizador, Portugal, em 1825, reconheceu sua antiga colônia, Brasil, como um novo império, mas não sem antes cobrar por isso: foi estipulada uma indenização e firmado um compromisso de não haver influência em outros processos de independência, sobretudo nos países africanos colonizados.
O conjunto de leis necessárias para o novo império do Brasil foi organizado na Constituição de 1824. Essa Carta Magna foi elaborada em meio a disputas entre a Assembleia Constituinte, que a princípio a faria, e D. Pedro I, que queria poderes ilimitados. Sua sanha era tamanha que ele não assinou o documento para promulgá-la, além de ter enviado tropas para fazer cerco e dissolvê-la, prendendo alguns constituintes, em novembro de 1823, apenas sete meses após instaurada.
A Constituição de 1824 aprovada foi elaborada por uma comissão escolhida a dedo pelo imperador.
Em 1831, depois de tantos desgastes, entre eles grandes revoltas, principalmente no Nordeste, Dom Pedro I renunciou para que seu filho assumisse, porém ele não tinha ainda 18 anos para assumir o trono. Desse modo, foi iniciado o Período Regencial.
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Período Regencial
O Período Regencial aconteceu de 1831 a 1840, enquanto se aguardava que Dom Pedro II fizesse 18 anos para assumir o poder.
Como consequência direta do Primeiro Reinado, com o autoritarismo de D. Pedro I, como vimos, e diferentes conflitos entre portugueses e brasileiros, o Período Regencial foi necessário depois de o imperador abdicar o trono no Brasil diante de tamanhas tensões, em 1831. Quando isso aconteceu, seu sucessor natural era seu filho, porém ele tinha apenas cinco anos de idade, não podendo receber a coroa até que completasse 18 anos. A saída encontrada foi legal do ponto de vista da Constituição de 1824: um governo de transição. Ou seja, o país seria governado por regentes até 1844. No entanto, em 1840, por meio de um golpe, o reinado de D. Pedro II foi antecipado.
Apesar de ter durado apenas nove anos, o Período Regencial teve quatro fases:
- Regência Trina Provisória (1831);
- Regência Trina Permanente (1831-1834);
- Regência Una de Feijó (1835-1837);
- Regência Una de Araújo Lima (1837-1840).
As tensões e revoltas continuaram no período. Foram elas:
- Cabanagem — insurreição no Grão-Pará, entre 1835-1840, constituída por disputas locais contra a pobreza e a desigualdade;
- Balaiada — ocorrida no Maranhão, entre 1838-1841;
- Sabinada — luta de caráter separatista para implementar uma república na Bahia, entre 1837 e 1838;
- Revolta dos Malês — revolta de escravos em Salvador, em 1835;
- Revolta dos Farrapos — insatisfações da elite local com o governo por questões políticas e econômicas, de 1835 a 1845.
Houve, ainda, no Período Regencial, uma disputa política entre conservadores e liberais. Os últimos lideraram um movimento para antecipar a maioridade de Pedro de Alcântara, com apoio de parlamentares, no que ficou conhecido como o Golpe da Maioridade. Aos 14 anos, D. Pedro II tornou-se imperador do Brasil. Esperava-se que isso conseguisse dar conta das revoltas locais, retirando do poder regentes conservadores.
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Segundo Reinado
Após o Golpe da Maioridade, D. Pedro II assumiu o trono aos 14 anos e permaneceu nesse posto por 49 anos. Durante essas quase cinco décadas, muita coisa aconteceu no Brasil, como a Guerra do Paraguai e a abolição da escravatura. O reinado acabou com a Proclamação da República, em 1889.
Nos dez primeiros anos, D. Pedro II consolidou seu reinado e abafou as rebeliões. De 1850 a 1865, foi considerado seu auge, pois seu poder era amplo e estava consolidado. O período de 1865 até 1889 marcou o seu declínio, pois a economia não estava bem e novas revoltas voltavam a acontecer.
Vindos do Período Regencial, atuaram no país dois partidos: conservador e liberal, em constantes disputas que geravam instabilidade ao imperador. D. Pedro II, então, propôs um revezamento entre eles na liderança do gabinete ministerial. As diferenças entre eles eram mínimas. Eram ambos da mesma classe social (elite) e só diferiam em relação à centralização do poder (conservadores) e autonomia das províncias (liberais).
Durante o período, o país viveu o que foi conceituado como parlamentarismo às avessas, ou seja, o país funcionava como uma monarquia parlamentarista, porém o imperador sempre intervinha para garantir seus interesses.
O fim do Segundo Reinado teve início após a Guerra do Paraguai, pois os militares que voltaram se sentiram pouco reconhecidos pela sociedade e descontentes com a monarquia. Com a abolição da escravidão, em 1888, antigos donos de escravos também não estavam satisfeitos. Ideologicamente, muitos defendiam o positivismo e o federalismo, ou seja, uma forma de gestão mais racional, planejada por especialistas. Tais ideais eram bem difundidos por meio de jornais e começavam a ganhar as ruas, porém encontravam empecilhos na monarquia e partidos reais.
Para tomarem o poder, esquematizaram, então, um golpe militar, já que o ideário também tinha ganhado força nas corporações, especialmente entre os mais jovens. O marechal Deodoro da Fonseca foi central nessas conjecturas. Saiu de sua casa a decisão pelo golpe em reunião realizada apenas cinco dias antes de efetivá-lo, em novembro de 1889. Algumas artimanhas ainda foram tentadas, mas o alto escalão do exército conseguiu instaurar a república no Brasil, dando a D. Pedro II 24 horas para deixar o país. Não houve apelo ou participação popular. Muitos, a princípio, nem ficaram sabendo disso.
Leia também: O lento processo da abolição da escravidão no Brasil
Brasil República
Desde 1889 aos dias atuais, o Brasil vive em um regime republicano, que passou por diversas fases, como República Velha, Era Vargas, Quarta República, Ditadura Militar e Nova República, como veremos a seguir.
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Primeira República (República Velha)
República Velha é como foi chamado o período de 1889 a 1930 no Brasil. Como marcos inicial e final temos: o golpe que acabou com o reinado de D. Pedro II, dado por Deodoro da Fonseca, primeiro presidente do país, e a Revolução de 1930. Esse período é ainda subdividido em dois:
- República da Espada;
- República Oligárquica (fase pela qual o período ficou mais conhecido).
Os militares estiveram no poder nos governos de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto (República da Espada). O período foi marcado por muita instabilidade política e econômica. Para consolidar a república, foram criados os símbolos republicanos, como hino, bandeira, monumentos e histórias de “heróis” da nação.
O marechal Deodoro da Fonseca como primeiro presidente aboliu o Poder Moderador do império e governou com autoritarismo, o que não foi suficiente para reprimir a Revolta da Armada, movimento da marinha exigindo maior participação dos marinheiros no governo. Aconteceu entre 1891 e 1894, tanto nos governos de Deodoro quanto de seu sucessor, Floriano Peixoto, que entrou na administração pública prometendo resolver as inúmeras crises que assolavam o país.
Para a crise econômica, Rui Barbosa, enquanto ministro da fazenda de Deodoro, implementou medidas que geraram o encilhamento, com emissão de moeda sem lastro, inflação, desvalorização monetária e até indústrias fantasmas. Em 1891, foi promulgada uma nova Constituição no Brasil, a primeira republicana, que estipulava o Estado laico e o voto aberto e universal.
A partir de 1894, o país teve seu primeiro governante civil na república: Prudente de Morais. Deu-se início, assim, à república oligárquica, cujas principais características são: processos eleitorais manipulados pelas oligarquias, instabilidade, coronelismo e voto de cabresto.
Foi nesse período também que ficou conhecida a política do café com leite, entre São Paulo e Minas Gerais, em que um tinha dinheiro e o outro tinha força eleitoral. Com isso, revezavam-se no poder. Campos Sales, terceiro presidente, implementou a política dos governadores, com clientelismo, ou seja, troca de favores entre a presidência e os governadores, que eram coronéis.
Durante a República Velha, aconteceram diversas revoltas:
- Guerra de Canudos (1896-1897, BA);
- Contestado (1912-1916, onde hoje é parte do Paraná e Santa Catarina);
- Revolta da Vacina (1904, RJ);
- Greve Geral (1917, SP);
- Revolta da Chibata (1910, RJ);
- Movimento Tenentista (a partir de 1920).
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Era Vargas
Washington Luís foi o último presidente da República Velha, deposto na Revolução de 1930, que também impediu a posse de Júlio Prestes, que tinha sido eleito. A Revolução de 1930 foi apoiada por oligarquias dissidentes da política do café com leite com o movimento tenentista. Washington Luís negou-se a indicar um mineiro.
Vargas disputou aquela eleição pela Aliança Liberal e perdeu, mas movimentos conspiratórios continuaram. Assim, houve o início da Era Vargas, que durou até 1945. Durante esses 15 anos, o Brasil foi comandado por um único presidente: Getúlio Vargas, centralizador.
A Era Vargas é dividida em dois períodos: de 1930 a 1937 e após 1937, período conhecido como Estado Novo, uma ditadura varguista que só acabou em 1945 porque Getúlio foi forçado, por militares, a renunciar.
Vargas enfraqueceu os Poderes Legislativos, centralizando o poder no Executivo, sobretudo no Estado Novo. Implementou uma política trabalhista, que ampliou direitos a trabalhadores, como, por exemplo, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Tais medidas aproximaram-no do povo, o que é também uma característica dessa fase: o paternalismo. Ele também investiu em propagandas que falavam bem do governo. Para isso, criou um departamento especial, o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).
Getúlio foi considerado um grande conciliador de interesses opostos na sociedade civil e política. Essa é uma qualidade típica do populismo por ele praticado, um líder carismático alicerçado nas massas e em um sistema político frágil.
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Quarta República
A Quarta República no Brasil teve início em 1946, com o fim do Estado Novo, e fim em 1964, com o Golpe Militar. É chamada também de República Populista, pelo caráter das governanças, ou ainda hiato democrático, pois aconteceu entre duas ditaduras (a de Vargas e a dos militares). Foram presidentes neste período:
- Eurico Gaspar Dutra (1946-1951);
- Getúlio Vargas (novamente, agora eleito, de 1951-1954);
- Café Filho (1954-1955);
- Carlos Luz (1955);
- Nereu Ramos (1955-1956);
- Juscelino Kubitschek (1956-1961);
- Jânio Quadros (1961);
- Ranieri Mazzilli (1961);
- João Goulart (1961-1964).
Em 1965, quando teríamos novas eleições, com JK e Carlos Lacerda como futuros concorrentes, foi dado o Golpe Militar, em março de 1964.
De um modo geral, a Quarta República foi marcada por: urbanização, democratização (descontinuada pelo Golpe de 1964) e industrialização, principalmente no governo de JK, que também construiu Brasília e investiu em transporte rodoviário, gerando demanda por carros, que passaram a ser produzidos em fábricas multinacionais com sede no Brasil.
Em 1946, foi elaborada uma nova Constituição, sob o governo Gaspar Dutra. Esta teve perfil liberal, como era a maioria dos políticos da época. Eles se dividiam, basicamente, em alguns partidos: Vargas e Jango no PTB, baseando-se no trabalhismo; JK no Partido Social Democrático (PSD), de orientação centrista, ou seja, moderada; e Carlos Lacerda na União Democrática Nacional (UDN), conservadora. Além desses, tinham destaque na política institucional o Partido Social Progressista (PSP), o Partido Democrata Cristão (PDC) e o Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Economicamente, o país registrou altas taxas de crescimento, porém com endividamento internacional.
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Ditadura Militar no Brasil
Ditadura Militar é o período da história do Brasil, de 1964 a 1985, marcado pelo autoritarismo que praticava tortura, prisões e até assassinato de quem era da oposição. O saldo é de centenas de mortos. O Golpe de 1964 depôs o presidente João Goulart e só foi encerrado 21 anos depois, com uma abertura lenta e gradual iniciada no final da década de 1970 e concluída com a eleição de Tancredo Neves, que morreu antes de tomar posse, assumindo seu vice, José Sarney.
Leia também: O AI-5 e a intensificação da repressão no Brasil durante a Ditadura Militar
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Nova República
Nova República é o nome dado ao período desde a redemocratização pós-ditadura aos dias atuais. Durante esse tempo (1988-), tivemos como presidentes:
- José Sarney;
- Fernando Collor de Melo (renunciou para não sofrer impeachment);
- Itamar Franco;
- Fernando Henrique Cardoso (reeleito);
- Luís Inácio Lula da Silva (reeleito);
- Dilma Rousseff (reeleita e impeachmada);
- Michel Temer;
- Jair Bolsonaro.
Exercícios resolvidos sobre a História do Brasil
Questão 1
(Enem 2014) A transferência da Corte trouxe para a América portuguesa a família real e o governo da Metrópole. Trouxe também, e sobretudo, boa parte do aparato administrativo português. Personalidades diversas e funcionários régios continuaram embarcando para o Brasil atrás da corte, dos seus empregos e dos seus parentes após o ano de 1808.
(NOVAIS, F. A.; ALENCASTRO, L. F. (Org.). História da vida privada no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1997).
Os fatos apresentados se relacionam ao processo de independência da América portuguesa por terem
a) incentivado o clamor popular por liberdade.
b) enfraquecido o pacto de dominação metropolitana.
c) motivado as revoltas escravas contra a elite colonial.
d) obtido o apoio do grupo constitucionalista português.
e) provocado os movimentos separatistas das províncias.
Resolução:
Letra B
A vinda da família real para o Brasil fez com que a elite colonial observasse que era plausível gerir o Estado e despedir portugueses da administração. Colaborou a igualdade jurídica do Brasil a Portugal em 1815. Somente a transferência da Corte não entusiasmou a luta por liberdade de Portugal. Também não existiram rebelas de escravos acirradas pela transferência da Corte. Os constitucionalistas portugueses não queriam a independência.
Questão 2
(Enem 2006) A moderna democracia brasileira foi construída entre saltos e sobressaltos. Em 1954, a crise culminou no suicídio do presidente Vargas. No ano seguinte, outra crise quase impediu a posse do presidente eleito, Juscelino Kubitschek. Em 1961, o Brasil quase chegou à guerra civil depois da inesperada renúncia do presidente Jânio Quadros. Três anos mais tarde, um golpe militar depôs o presidente João Goulart, e o país viveu durante 20 anos em regime autoritário.
Por meio dessas informações, relativas à história republicana brasileira, assinale a opção correta:
a) Ao término do governo João Goulart, Juscelino Kubitschek foi eleito presidente da república.
b) A renúncia de Jânio Quadros representou a primeira grande crise do regime republicano brasileiro.
c) Após duas décadas de governos militares, Getúlio Vargas foi eleito presidente em eleições diretas.
d) A trágica morte de Vargas determinou o fim da carreira política de João Goulart.
e) No período republicano citado, sucessivamente, um presidente morreu, um teve sua posse contestada, um renunciou e outro foi deposto.
Resolução:
Letra E
No período republicano citado, sucessivamente, um presidente morreu, um teve sua posse contestada, um renunciou e outro foi deposto. Getúlio Vargas suicidou-se em 1954, JK encarou uma insurreição antes de tormar posse, Jânio renunciou e Jango foi deposto pelos militares, que iniciaram uma ditadura. As demais letras estão incorretas, pois Jango não acabou o mandato porque houve golpe militar; já Vargas foi eleito depois do mandato de Eurico Gaspar Dutra, e sua morte abriu espaço para o crescimento de Goulart.
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