O Chile vem sendo um frequente alvo das transformações abruptas na composição da estrutura da litosfera terrestre. Entre os dez mais fortes abalos sísmicos já registrados pelo homem em toda a história, dois deles foram terremotos no Chile, incluindo o primeiro colocado no ranking mundial, ocorrido na cidade de Valdívia, no ano de 1960, atingindo incríveis 9,5º na Escala Richter, que vai de 1 a 10. Esse episódio provocou mais de duas mil mortes e está no hall das maiores catástrofes naturais da humanidade.
O ano de 2010 também marcou o país com um forte tremor que atingiu 8,2º Richter, um dos maiores já registrados no país. Nessa ocasião, o número de mortes chegou a quase mil pessoas. Não obstante, recentemente, em 2014, na cidade de Iquique, novos dois terremotos aconteceram, atingindo, respectivamente, 8,2º e 7,8º Richter, além de provocar alertas de tsunamis.
Mas por que há tantos terremotos no Chile?
O território chileno encontra-se em uma zona de elevada instabilidade geológica, posicionado-se em um dos pontos de encontro entre duas placas tectônicas: a Placa de Nazca e a Placa Sul-Americana. Mas não é só isso, outra questão é o fato de o país estar localizado naquilo que se acostumou denominar de Círculo de Fogo do Pacífico, uma região marcada pelos efeitos das atividades do tectonismo e que abrange boa parte das regiões litorâneas do Oceano Pacífico na Ásia e nas Américas. Confira o mapa a seguir:
Posição do Chile no Círculo de Fogo do Pacífico
Os terremotos surgem quando há uma reacomodação entre duas placas tectônicas. Isso ocorre porque elas ficam muito tempo com uma tensão acumulada, uma vez que, nesse caso, ambas estão se movimentando em sentidos opostos, havendo o choque. Assim, o tempo é responsável pelo acúmulo constante de energia que, quando liberada, provoca os tremores. Quanto maior for esse acúmulo, maior os terremotos. No caso do terremoto de Iquique em 2014, o ponto de tensão acumulava energia há cerca de 137 anos, segundo especialistas.
Apesar de mais frequentes nos últimos anos, os terremotos na região não possuem relações diretas com as atividades humanas. Embora existam, no meio científico, algumas hipóteses de que poderia haver uma relação entre as transformações ocasionadas pelo homem e os abalos símicos, não há comprovação de tal tese.
O aumento do número de tremores registrados deve-se, principalmente, à melhoria nos sistemas de diagnóstico dos tremores, uma vez que muitos deles acontecem em zonas onde não há moradias e, consequentemente, não possuíam relatos anteriores de seus comportamentos. Para se ter uma ideia, em 1931, existiam pouco mais de trezentas estações sismográficas em todo o mundo. Hoje, esse número subiu para mais de oito mil.