A velocidade do crescimento da população frente à disponibilidade de recursos naturais há muito tempo vem sendo motivo de preocupação por parte dos teóricos de muitas áreas do conhecimento humano, tais como geógrafos, economistas, historiadores, sociólogos e muitos outros. As preocupações principais fundamentam-se a partir das consequências socioespaciais realizadas pela industrialização.
Sabe-se que o processo de Revolução Industrial iniciou-se a partir de meados do século XVIII e atingiu inicialmente os centros econômicos da Europa, notadamente a cidade de Londres. Antes, com cinco milhões de habitantes, a população da capital inglesa disparou anos mais tarde, algo que se fez em função da acelerada urbanização da cidade desencadeada pela sua recente modernização industrial.
Esse cenário motivou a produção de teorias para identificar e avaliar os percalços e as consequências do crescimento das populações, dentre as quais se destacaram os postulados de Thomas Roben Malthus, considerado o pai da demografia, em sua obra Ensaio sobre o princípio da população. Com previsões consideradas pessimistas, Malthus afirmava que a disponibilidade de alimentos e recursos naturais básicos para a sobrevivência não seria capaz de crescer com a mesma velocidade do aumento do número de habitantes, o que acarretaria terríveis consequências.
Assim, segundo a teoria malthusiana, as populações humanas tenderiam a crescer em uma velocidade acelerada, seguindo a ordem de uma Progressão Geométrica (2, 4, 8, 16, 32, …), enquanto a produção de alimentos cresceria em uma Progressão Aritmética (2, 4, 6, 8, 10, 12, …), portanto, mais lenta. Dessa forma, a humanidade estaria fadada a sofrer com grandes calamidades sociais caso transformações bruscas no modo de agir da sociedade não ocorressem.
Basicamente, Malthus defendia uma saída sobre um ponto de vista moral e religioso, incluindo a abstinência sexual das populações mais pobres que não teriam condições para sustentar seus filhos, uma vez que ele era totalmente contrário ao uso de métodos contraceptivos. E é nesse ponto a principal diferença entre malthusianos e neomalthusianos.
O Neomalthusianismo, uma perspectiva teórica que surgiu a partir do século XX, em resposta à rápida explosão demográfica que se manifestou em todo o mundo após o término da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), observou que as taxas de natalidade, principalmente nos países subdesenvolvidos, mantinham-se altas, ao contrário das taxas de mortalidade, que se reduziam bruscamente à medida que as economias dos diferentes locais evoluíam e os avanços da medicina ocorriam.
Diante desse novo panorama, retomaram-se os ideais de Malthus, com o diferencial de que os neomalthusianos defendiam o uso de métodos contraceptivos para reduzir os níveis de crescimentos populacionais. Assim, difundiu-se a política do planejamento familiar e o uso de pílulas e outros métodos esterilizantes. Alguns governos e instituições chegaram a adotar práticas como cirurgias em mulheres durante o parto sem autorização para evitar que engravidassem, além de outros tipos de políticas socais.