Toda cidade tem um espaço urbano fragmentado e com diferenciação em sua forma e função. Em muitas cidades, principalmente os grandes centros urbanos, existem diversos “centros” dentro de um mesmo espaço urbano: comerciais, industriais, de lazer, de moradia, etc. Dessa maneira, o espaço urbano vai se fragmentando cada vez mais.
Mas não só no aspecto econômico a cidade vai se fragmentando. No aspecto social também. Na verdade, o social e o econômico estarão sempre unidos. O poder público tem grande responsabilidade por essa fragmentação urbana. Em vez de buscar manter certa homogeneidade entre os espaços da cidade, ele faz o contrário.
Assim, determinados espaços da cidade possuem melhores condições de infraestrutura e outros não. Algumas partes da cidade recebem bom tratamento de esgoto, rede de água, iluminação pública e transporte coletivo de qualidade. Em outras partes, a população residente não tem asfalto, coleta de lixo, tratamento de esgoto, água encanada, etc.
Logicamente, os bairros e os lugares com melhores condições de infraestrutura serão mais valorizados economicamente e se localizarão próximos ao centro da cidade. A população mais pobre não consegue residir nesses locais por não conseguir comprar ou mesmo alugar uma casa nesse bairro valorizado. Espacialmente, os bairros menos valorizados estão localizados na periferia da cidade, lugares distantes do centro (onde se encontra a maior parte dos serviços e comércio).
Ocorre ainda outro processo complementar: além de ser obrigada a morar em lugares distantes, a população ainda sofre com a dificuldade de acesso a equipamentos públicos de lazer ou administrativos, tais como parques ou áreas verdes, hospitais, escolas, creches, praças, etc.
Esse conjunto de fatores é denominado segregação socioespacial. Ou seja, camadas de população são levadas a morar em lugares distantes, com dificuldades de deslocamento a lugares centrais, seja comércio ou local de trabalho, além de serem desprovidas de equipamentos públicos.
A segregação vai estar ligada, portanto, ao uso e ao preço do solo urbano, fazendo com que a população de camadas sociais mais baixas more em lugares longínquos do centro. Assim, existe a dificuldade de acesso aos bens e serviços do espaço urbano.
Esse fenômeno é facilmente perceptível na paisagem urbana. Olhe para sua cidade e veja como está ocorrendo a segregação socioespacial.
Uma forma de combater essa segregação é a sociedade civil se organizar e reivindicar seus direitos, previstos na Constituição Federal. Do contrário, esse processo só tende a se agravar.