O processo de urbanização consiste no crescimento das cidades em comparação com o espaço rural em um determinado território, podendo manifestar-se tanto pelo aumento do espaço físico em si quanto pela elevação e concentração da população. Em algumas abordagens, o conceito de urbanização é entendido como a transformação de um meio rural em um meio urbanizado, que apresenta atividades econômicas e sociais justapostas entre si.
Inicialmente, as cidades que demarcavam o espaço urbano eram predominantemente rurais e dependiam das atividades realizadas no campo para a execução de suas práticas comerciais, em um panorama que ainda pode ser visualizado em países de economia pouco desenvolvida. Com o passar do tempo, sobretudo pelo processo de industrialização das sociedades, as cidades passaram a exercer um papel preponderante sobre o campo, o que contribuiu para o crescimento demográfico no âmbito urbano.
Nesse sentido, o principal fator histórico atrelado ao desenvolvimento da urbanização no mundo foi a Revolução Industrial. A partir de sua realização e de suas posteriores transformações, as sociedades dos diferentes territórios tornaram-se cada vez mais urbanas e menos rurais tanto na economia quanto na demografia. Essa evolução culminou no fato de, em 2010, a população urbana do planeta ter ultrapassado, pela primeira vez na história, a população do campo, segundo dados divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU).
A urbanização opera a partir de fatores repulsivos e fatores atrativos. Os fatores atrativos são os responsáveis por atrair a população do campo para as cidades, principalmente por meio da oferta de empregos nos setores secundário (indústria) e terciário (comércio e serviços). Já os fatores repulsivos operacionalizam a “expulsão” da população rural para as cidades, fenômeno que ocorre a partir da concentração de terras e também da mecanização das atividades agropecuárias, com a substituição dos trabalhadores pelas máquinas no processo produtivo.
A combinação dos fatores atrativos e repulsivos reverbera na concentração da população nas grandes cidades em virtude do êxodo rural, que nada mais é do que a migração em massa da população do campo para o meio urbano, o que ocorre em um tempo relativamente curto (algumas décadas).
Nos países desenvolvidos, pioneiros no processo de industrialização, a urbanização ocorreu primeiro, tendo se manifestado de forma mais intensa a partir do século XVIII e XIX, formando grandes centros econômicos, a exemplo de Londres, Paris e Nova Iorque. Apenas alguns poucos países centrais experimentaram a urbanização tardia, tais como a Alemanha e o Japão. Nesse sentido, os países considerados centrais caracterizavam-se também por apresentar as maiores aglomerações urbanas do planeta.
No entanto, essa dinâmica inverteu-se e, na maioria dos casos, as maiores cidades em números de habitantes passaram a pertencer a países subdesenvolvidos, pois esses se industrializaram a partir de meados do século XX, o que incluiu o Brasil. Nesses casos, as cidades ainda apresentam muitos problemas sociais – alguns deles vivenciados pelos países desenvolvidos anteriormente –, como a formação de favelas e cortiços e a manifestação de problemas de cunho social e ambiental, a exemplo da segregação socioespacial e a formação das ilhas de calor.
Cidade de Buenos Aires, Argentina. A urbanização desse país ocorreu de maneira tardia.
A urbanização é, de toda forma, uma dinâmica mundial da economia capitalista na era moderna e representa, quase sempre, o processo de desenvolvimento econômico das sociedades. Nesse contexto, os principais desafios a serem enfrentados nos espaços urbanos é vencer as contradições sociais geradas pela concentração de renda e democratizar as estruturas para garantir a todos os cidadãos o direito à cidade, conforme já apontara o filósofo Henri Lefebvre.
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