Uma ordem geopolítica mundial é um termo utilizado para representar as relações de poder e equilíbrio de forças que marcam uma determinada época. Dessa forma, por extensão, quando falamos de uma “Nova Ordem Mundial”, estamos nos referindo ao atual momento dessa configuração, que, no caso, é marcada pela configuração política ocorrida após a Guerra Fria.
Portanto, as ordens geopolíticas mundiais representam uma leitura sobre as relações de poder entre os países, além dos fatores necessários para designar o que, exatamente, representa o poder. Seria o número de territórios conquistados? O poderio industrial? A capacidade bélica ou espacial? O regime econômico adotado? O grau de desenvolvimento? Todas essas são questões que definem as ordens mundiais e que se transformam ao longo da história.
A título de exemplificação, escolhemos a seguir a mais recente “Velha Ordem Mundial” e a Nova Ordem Mundial a fim de comparar as relações geopolíticas intrínsecas a essas dinâmicas.
A “velha ordem mundial”, a Ordem Bipolar
Após o término da Segunda Guerra Mundial, a configuração geopolítica do mundo foi redefinida. Em resumo, após o conflito, os países europeus viram-se muito abalados estrutural e politicamente, pois a maior parte desse conflito ocorreu nesse continente. Além disso, duas grandes potências saíram fortalecidas: os Estados Unidos e a União Soviética. Essa última apresentava-se como uma ameaça à hegemonia capitalista por representar um modelo alternativo dito socialista (embora existam controvérsias sobre essa questão).
Com isso, estabeleceu-se uma rivalidade entre duas grandes potências internacionais, configurando aquilo que ficou conhecido como Ordem Bipolar. De um lado, os EUA e os países capitalistas alinhados; do outro, a URSS e os países socialistas. Nesse contexto, o principal foco eram as disputas indiretas de poder (sobretudo no Oriente Médio, na Europa e em algumas áreas da Ásia); a corrida armamentista, para se ter um maior poderio bélico; e a corrida espacial.
O sociólogo francês Raymond Aron definiu a Guerra Fria com a célebre frase: “guerra improvável, paz impossível”. A partir dessa ideia, podemos entender esse conflito como um período em que o predomínio era a disputa por uma hegemonia mundial que não se representaria por uma guerra propriamente dita, mas tampouco garantiria a paz no sentido da ausência de conflitos e disputas bélicas.
Com a crise do mundo socialista, a queda do Muro de Berlim e o fim da União Soviético, o bloco capitalista foi considerado o grande “vencedor” dessa disputa, o que passou a representar o fim da ordem geopolítica bipolar, marcando, então, um novo começo nas configurações internacionais.
A “Nova Ordem Mundial” - a ordem (uni)multipolar
Os Estados Unidos consolidaram-se, a partir de então, como a principal potência militar do planeta. Embora a Rússia tenha herdado a maior parte do arsenal da União Soviética, os russos não conseguiram manter boa parte de sua tecnologia, principalmente pelos altos custos necessários e pelas crises econômicas que castigaram o país nos anos 1990.
Com isso, um novo cenário internacional estabeleceu-se: uma única grande potência militar e espacial se colocava perante o mundo, mas acompanhada pelas potências europeias que recuperavam suas economias, sobretudo com o auxílio norte-americano durante a Guerra Fria e com a formação do bloco europeu, que passou a ser representado pela União Europeia. Colocava-se diante desse cenário o Japão, que depois foi gradativamente se enfraquecendo e dando lugar à China, que, consigo, elevou também a importância dos países emergentes, notadamente os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Nesse contexto, o poderio militar, embora ainda muito importante, passou para um segundo plano, pois a disputa principal passou a ocorrer no plano econômico e principalmente político. Embora os EUA continuem dando as cartas no cenário internacional – com destaque para as ações bélicas no Afeganistão, Iraque e Líbia –, o mundo passou a conhecer um maior acirramento nas relações internacionais.
Há, inclusive, cientistas políticos que afirmam que o mundo, atualmente, passa pelo estabelecimento de mais uma ordem geopolítica mundial. O principal acontecimento seria a emergência da Rússia como potência imperialista, em virtude da atuação desse país ao evitar a invasão dos EUA na Síria em 2013 e pelas disputas contra os norte-americanos e a União Europeia pela hegemonia política da Ucrânia.
Representação da disputa entre Rússia e UE pela Ucrânia, em que está escrito “não toque”
Portanto, se considerarmos a evolução na política internacional, as ordens mundiais revelam a dinâmica internacional pelo poder territorial e também ideológico, em que as diferentes nações buscam uma maior notoriedade e poderio no plano das relações geopolíticas.