A palavra “macrocefalia” advém do grego Makros, que significa “grande”, e Kephale, que significa “cabeça”. Assim sendo, macrocefalia urbana representa a concentração das atividades nas regiões centrais, as “cabeças” das atividades produtivas na divisão territorial do trabalho entre as cidades. Trata-se da concentração urbana e populacional de uma determinada região em uma única capital ou metrópole.
Um exemplo de macrocefalia urbana é o estado de São Paulo, cuja capital e sua região metropolitana concentram mais da metade de seus 40 milhões de habitantes, além de apresentar as principais estruturas sociais e econômicas. Dados do Censo Demográfico do IBGE de 2010 revelam que pouco mais de 20 cidades concentram a maior parte das atividades demográficas e produtivas do país, que conta com mais de 5500 municípios.
A macrocefalia urbana está diretamente vinculada a dois fenômenos geográficos: êxodo rural e metropolização, ambos muito intensos no século XX. O primeiro representa a migração em massa da população do campo para a cidade e manifesta-se em função da industrialização dos centros urbanos e da mecanização do campo. O segundo ocorre com a formação de uma rede de cidades composta por uma metrópole e suas cidades-satélites que formam o seu entorno e elevam a concentração populacional.
Esses fenômenos propiciaram uma urbanização extremamente acelerada tanto no Brasil como nos demais países subdesenvolvidos e emergentes, o que desencadeou uma série de problemas sociais. Isso ocorre em virtude de a instalação de infraestruturas no espaço da cidade não acompanhar a velocidade do crescimento desordenado desta.
Fala-se então da saturação do espaço urbano, pois as cidades são incapazes de absorver, tanto geograficamente quanto economicamente, os quantitativos populacionais que lhe são creditados, o que proporciona o surgimento de favelas, cortiços, habitações precárias e irregulares, além de outros sintomas sociais, como falta de mobilidade, transportes públicos inaptos etc.
Para combater esses problemas, além de um adequado planejamento urbano, é preciso uma maior intervenção pública sobre os fatores de localização industrial e das demais atividades produtivas, promovendo a democratização dos espaços e a expansão dos serviços. Isso até vem acontecendo nos últimos anos, mas não de forma suficiente para melhor estruturar a divisão territorial do trabalho no Brasil.