O Brasil conheceu o seu primeiro grande surto industrial já durante o Segundo Reinado, muito em função das ações do Barão de Mauá e outros investidores da época. No entanto, podemos dizer que o país se industrializou de maneira mais sólida somente na primeira metade do século XX.
O crescimento industrial brasileiro surgiu como uma resposta ao contexto econômico e político da época. Com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, o Brasil sofreu gravemente os efeitos da crise econômica que passou a assolar o mundo capitalista, uma vez que sua estruturação de divisas era basicamente pautada na exportação de café, cujo preço entrou em declínio.
Graças a essa conjuntura, bem como ao elevado grau de insatisfação política de algumas frentes de poder no Brasil nessa época, Getúlio Vargas assumiu o poder por meio de um golpe de Estado e passou a tomar uma série de ações para desestruturar a economia cafeeira no país, no sentido de estimular a industrialização nacional.
Posteriormente, já no governo de Juscelino Kubitschek, esse processo de industrialização foi intensificado com a abertura econômica para a entrada de empresas estrangeiras multinacionais. Porém, em termos geográficos, essa industrialização não ocorreu de forma homogênea sobre o território nacional, sendo majoritariamente direcionada para a região Sudeste do país, com destaque para a cidade de São Paulo e seu entorno. A esse fenômeno deu-se o nome de concentração industrial.
Essa aglomeração de indústrias ocorreu por uma série de motivos, com destaque para a localização industrial da capital paulista e, principalmente, para a infraestrutura privilegiada que a cidade sustentava em função de seus crescimentos oriundos da economia cafeeira. Além desses fatores, São Paulo oferecia mão de obra abundante e barata, além de um amplo mercado consumidor. Graças a essas condições, a industrialização predominante em São Paulo propiciou também o crescimento elevado da população dessa cidade, em função das migrações referentes ao êxodo rural e, ao longo de todo o século XX, da chegada de migrantes oriundos de outras regiões do país.
Porém, a partir de 1970, essa concentração industrial foi sendo gradativamente diminuída até iniciar um processo inverso de desconcentração industrial, também conhecido como deseconomia de aglomeração ou deseconomia de escala. Assim, regiões como o Centro-Oeste e o Nordeste brasileiro iniciaram as suas respectivas condições de estruturação industrial, que tiveram como causas principais a instalação de uma infraestrutura que permitisse esse processo e, principalmente, a chamada Guerra Fiscal, em que os estados passaram a competir pela presença de indústrias em seus territórios através da concessão de incentivos fiscais.
Vale lembrar que o processo de industrialização do Brasil foi tardio, ou seja, iniciou-se com certo atraso em comparação com os países considerados desenvolvidos. Em função disso, as etapas de evolução industrial também tardaram em acontecer. Estima-se que a Primeira Revolução Industrial tenha chegado ao país com um atraso de 100 anos e que a Segunda Revolução Industrial tenha demorado mais 50 anos. Atualmente, o grande desafio do país é inserir o processo produtivo nacional na Terceira Revolução Industrial, que é globalmente comandada por empresas estrangeiras, cujas sedes encontram-se em países centrais.