O conceito de hotspot foi criado pelo ecólogo inglês Norman Myers no ano de 1988 e refere-se aos lugares e regiões de grande diversidade biológica e que se encontram ameaçados de extinção ou de grande destruição em razão do avanço das atividades humanas sobre suas áreas. O Brasil, atualmente, possui duas áreas consideradas como hotspots: o Cerrado e a Mata Atlântica.
Os hotspots ambientais são, portanto, as áreas previamente estudadas e classificadas que possuem, ao mesmo tempo, uma grande riqueza natural e um elevado nível de ameaças, sendo urgente a sua preservação e, em alguns casos, até a sua reconstituição pela intervenção direta. A elaboração desse termo surgiu diante da necessidade de identificar quais são os pontos da Terra cuja preservação biológica faz-se mais urgente.
Uma primordial característica dos hotspots é que eles, em geral, apresentam um elevado grau de endemismo, ou seja, uma grande quantidade de espécies que se encontram apenas em suas áreas. Esse tipo de espécie – vegetal ou animal – é altamente suscetível à extinção, pois sua existência é condicionada à preservação de seu habitat.
Atualmente, é considerado o seguinte critério para definição de uma área como hotspot ou não: possuir um número igual ou superior a 1500 espécies endêmicas e ter perdido pelo menos três quartos de sua vegetação original. Originalmente, os primeiros critérios utilizados foram responsáveis por uma tipologia que abrangeu dez diferentes hotspots ao redor do planeta, dos quais apenas um era brasileiro, a Mata Atlântica.
A floresta localizada no Brasil foi amplamente ocupada ao longo do processo de constituição, colonização e transformação do espaço geográfico do país, de forma que a mata possui, hoje, apenas 7% de sua vegetação original. Essa região abriga a maior parte da população do Brasil, incluindo cidades com acentuadas densidades demográficas, como Rio de Janeiro, São Paulo e muitas outras. Ao todo, existem na Mata Atlântica, ainda, cerca de 8725 espécies endêmicas, sendo 8000 plantas e 725 animais.
Nos anos 1990, Russell Mittermeier aprofundou os estudos sobre as áreas naturais do planeta e conseguiu ampliar o número de hotspots mundiais para vinte e cinco. Na mesma medida, em 2005, a ONG Conservação Internacional ampliou esse número para 34 e, finalmente, incluiu o Cerrado brasileiro nessa lista, atendendo a uma série de apelos de grupos ambientalistas do país.
Mapa dos hotspots internacionais conforme a classificação mais recente
Embora exista certa polêmica no âmbito internacional sobre o conceito de hotspots e, principalmente, os critérios utilizados em sua classificação, é preciso considerar a importância e a urgência de preservar esses espaços, contendo a expansão da ação humana e a produção do espaço geográfico sobre eles. Além de contribuírem com o equilíbrio do clima global, as áreas de preservação são habitat de seres vivos, são fontes de recursos naturais e auxiliam na conservação dos solos e dos recursos hídricos.
* Créditos da imagem: Conservation Internacional / Wikimedia Commons