O Haiti, que possui uma extensão territorial de 27.750 km² e uma população de cerca de 10 milhões de pessoas, é um país da América Central que faz fronteira com a República Dominicana, na ilha Hispaniola, no mar do Caribe. O país foi uma das poucas colônias francesas no continente americano.
Colonização Francesa no Haiti
Apesar de a ilha Hispaniola ter sido descoberta pelo espanhol Cristóvão Colombo em 1492, a colonização espanhola concentrou-se na porção oriental da ilha, com a exploração de minas de ouro. Esse fato permitiu que a França ocupasse a parte ocidental, que hoje corresponde ao Haiti, a partir do final do século XVII.
Em 1968, após várias negociações com a Espanha, os franceses adquiriram o direito de colonizar efetivamente a região, que ficou conhecida como Saint Domingue, por meio da assinatura do Tratado de Ryswick. A colonização francesa dessa parte da ilha baseou-se na produção de tabaco, café, cana-de-açúcar, entre outros. Utilizando mão de obra escrava africana na produção agropecuária, essa parte da ilha tornou-se a colônia francesa mais produtiva do século XVIII.
Processo de Independência do Haiti
A dominação francesa nessa porção territorial prolongou-se até 1791, quando um grupo de mulatos iniciou uma insurgência que ficou conhecida como a Revolta dos Escravos. Como a França estava envolvida em diversos conflitos no continente europeu, não conseguiu reprimir a revolta dos escravos, que era composta por diversos grupos. Em 1804, os líderes da insurgência declararam a independência e passaram a buscar o reconhecimento internacional da soberania do país.
O reconhecimento da independência do país por parte da comunidade internacional demorou a acontecer, já que as potências europeias da época temiam que a independência do Haiti fosse uma espécie de incentivo para as demais colônias da América. Além de não ter sido reconhecido imediatamente, o país ainda teve que enfrentar um boicote econômico dos países europeus que eram as grandes potências econômicas do período. Em 1824, a França aceitou reconhecer o Haiti como um país independente, desde que a nação pagasse um valor de 150 mil francos.
Em virtude do período em que sofreu com o boicote europeu e do valor cobrado pelos franceses para aceitar a independência do país, o Haiti, desde a sua constituição, apresenta uma economia fragilizada e muito dependente. Essa fragilidade também afetou o cenário político do país, já que, embora o movimento de independência tenha contado com a participação dos negros, o recém-formado país passou a ser governado por uma minoria mulata que se concretizou como elite.
Os negros, excluídos do novo governo formado após a independência, ficaram revoltados com a manutenção do modelo colonial, no qual eram explorados e não tinham o direito de participar da vida política do país. Essa insatisfação acarretou diversas disputas internas entre esses dois grupos para ocupar o poder.
Invasão norte-americana e as suas consequências para a situação econômica e política do Haiti
Para conter esses conflitos, em diversas situações, os governos haitianos solicitaram uma intervenção estrangeira para contornar os problemas internos que atravessavam. Em 1915, os Estados Unidos invadiram o Haiti, permanecendo em seu território até 1934. Nesse período, os Estados Unidos adotaram medidas que impactaram toda a organização social do Haiti. Entre as principais medidas, destacaram-se:
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A substituição da agricultura de subsistência pela produção em larga escala para a exportação de borracha, banana e cana-de-açúcar;
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A implantação de grandes corporações e empresas norte-americanas no território haitiano;
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Controle do Banco Nacional da República do Haiti pelo City Bank de Nova York.
Essas medidas agravaram ainda mais a dependência econômica do Haiti, que passou a depender de recursos e de tecnologia estrangeira, bem como do mercado internacional, para conseguir desenvolver a sua economia. Após a saída dos Estados Unidos, o país atravessou uma grande instabilidade política. Esse período foi marcado por intensas disputas pelo poder, regimes impopulares, autoritários e corruptos, além de forte intervenção dos Estados Unidos na política interna.
Situação econômica e política do Haiti
Desde 1994, a Comunidade Internacional, liderada pelo governo estadunidense, tem realizado uma série de intervenções no território haitiano para tentar diminuir os conflitos internos e promover a democratização do país. Entre as principais medidas adotadas com esse objetivo, destaca-se a exigência da saída dos militares do poder, a existência de eleições livres (em 1994) e a realização da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti, a partir de 2004, que conta com tropas francesas, norte-americanas, chilenas, argentinas, uruguaias e brasileiras para garantir a paz e evitar as constantes guerras civis e conflitos que costumam acontecer no Haiti.
Essa situação política instável é a principal causa da extrema pobreza da maior parte da população. O país ocupa o 168º lugar (de 187 países) no ranking que mede o grau de desenvolvimento dos países, segundo o Índice de Desenvolvimento Humano do PNUD de 2013. 80% da população vive abaixo da linha da pobreza. Por essa razão, trata-se do país mais pobre do continente americano.
Para piorar ainda mais a situação, o país é muito suscetível a desastres naturais, causados tanto por eventos climáticos, como furações, quanto por terremotos, visto que o país está localizado na rota de furacões do Hemisfério Norte e na instável placa caribenha. Em 2008, o país foi devastado por furações que mataram mais de mil pessoas e deixaram mais de 800 mil desabrigados. Em 2010, um forte terremoto atingiu o país, provocando uma grande destruição e a morte de mais de 150 mil pessoas.
Dados gerais do Haiti*
Localização: Caribe
Extensão Territorial: 27.750 km²
Capital: Porto Príncipe
Idioma: Francês e Crioulo
População (2015): 10.711.067 habitantes
População rural (2014): 42,56 %
População urbana(2014): 57,44 %
Densidade Demográfica (2015): 388,6 hab/km²
Taxa de natalidade: 26 por mil
Taxa de Mortalidade: 9 por mil
Moeda: Gourde
PIB (2014): 8.599 milhões de dólares.
PIB per capita (2014): 813 de dólares
Gastos públicos com saúde (2010): 1,5 % do PIB
Entrada de turistas (2012): 295.000 turistas
* Esses dados pertencem ao IBGE.
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