O êxodo rural nada mais é do que o deslocamento definitivo da população que habitava a zona rural – o campo – para a cidade – a zona urbana. Nos países desenvolvidos, esse processo foi mais gradual, levou várias décadas ou, em alguns casos, alguns séculos. Já nos países subdesenvolvidos, como o Brasil, esse processo foi bem mais acelerado. Em poucos anos, um volume populacional gigantesco abandonou a zona rural para residir nas cidades.
Êxodo rural no Brasil
O acelerado deslocamento da população rural foi motivado especialmente pela industrialização do país, que ocorreu a partir da década de 1950, principalmente nos estados da região Sudeste do Brasil, como São Paulo e Rio de Janeiro. A esperança de conseguir trabalho nas fábricas atraiu pessoas dos quatro cantos do país, que buscavam melhorias na qualidade de vida de suas famílias.
Outro fator importante no êxodo rural brasileiro foi a mecanização do campo. Nesse caso, a migração involuntária de trabalhadores rurais que perderam seus empregos para as máquinas foi um agravador dos efeitos da migração campo-cidade.
O enorme volume de pessoas que as cidades receberam, em períodos curtos de tempo, não foi acompanhado por adaptações e melhorias nas estruturas urbanas e sociais. A desigualdade social foi intensificada e a ausência de planejamento do Estado agravou os efeitos de uma situação já complicada.
Vejamos a seguir alguns efeitos do êxodo rural nos países subdesenvolvidos, como o Brasil:
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Favelização e segregação urbana – A construção e ocupação de habitações em áreas irregulares e de risco é uma consequência direta do êxodo rural. Em razão do deficit habitacional, da especulação imobiliária e das políticas ineficientes de promoção de moradia, a ampliação do tamanho e número de favelas e ocupações irregulares tornou-se um grave problema em muitas metrópoles.
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Desemprego – O mercado de trabalho nas cidades não consegue absorver toda a mão de obra disponível. Além disso, a população que migrou das áreas rurais, em sua maioria, não possui especialização, escolaridade ou formação profissional específica, o que dificulta ainda mais conseguir um novo emprego. O desemprego é a mola propulsora de uma série de outras questões sociais decorrentes da ausência de renda familiar.
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Subemprego – Para garantir a sobrevivência, a grande massa de pessoas que migraram do campo para as cidades e não conseguiram colocação no mercado de trabalho sujeita-se a subempregos. Realizam atividades em condições degradantes, com ausência de segurança e sem a garantia de direitos trabalhistas mínimos, como carga horária fixa, descanso semanal remunerado e férias. Além disso, esses trabalhadores entram cada vez mais para o mercado de trabalho informal. Um número significativo de famílias tem apenas essas alternativas para garantir a subsistência de seus agregados.
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Mobilidade urbana e transporte público prejudicados – À medida que a população urbana foi aumentando, questões como a mobilidade urbana passaram a surgir no cotidiano de trabalhadores e estudantes. As falhas na adaptação das estruturas de transporte público ao aumento da demanda são nítidas nas grandes cidades. O transporte público é alvo cotidiano de reclamações e, em algumas cidades, o sistema chega a ser caótico. Além disso, muitos têm optado pelo transporte individual de passageiros – carro ou moto – como forma de escapar da estrutura defeituosa do transporte coletivo, agravando o inchaço e o problema do trânsito de veículos nas grandes e médias cidades.
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Desigualdade social – as consequências descritas não resultam unicamente do êxodo rural, no entanto, o deslocamento em massa de pessoas do campo para a cidade agravou e criou problemas sociais. A desigualdade social resultante da ineficiência do Estado em gerir essa modificação na estrutura populacional acentuou problemas relacionados à saúde, oferta e qualidade de escolas e instituições de educação, política de moradia, segurança pública e estrutura urbana mínima, como iluminação pública, asfaltamento das ruas, equipamentos de lazer etc.