O fenômeno do El Niño é uma anomalia climática cíclica resultante do aquecimento das águas do Oceano Pacífico nas proximidades da costa oeste do Peru. Ele costuma ocorrer em intervalos irregulares, que variam de dois a sete anos, e apresenta-se com intensidades muito variadas, com efeitos amenos ou transformações muito intensas.
O El Niño ocorre diante do enfraquecimento dos ventos alísios, que, no hemisfério sul, sopram de leste para oeste. Essa redução de suas forças provoca um maior acúmulo das águas nas áreas do Pacífico próximas à América do Sul, o que ocasiona um aumento das temperaturas em função de sua menor movimentação.
Em geral, as temperaturas das águas oceânicas locais ficam, em média, de 3ºC a 7ºC maiores em relação ao seu estado normal, ocorrência que exerce influência sobre a atividade pesqueira e, principalmente, sobre o clima. Essas mudanças ocorrem, principalmente, porque o aumento das temperaturas das águas proporciona alterações nos índices de umidade e nas massas de ar.
Os efeitos do El Niño no Brasil variam conforme a região do país atingida pelo fenômeno e também pela intensidade com que ele ocorre. Seus impactos mais notórios foram sentidos no ano de 1998, cujo transtorno mais grave foi a forte seca da região Nordeste do país.
Em resumo, os impactos do El Niño no Brasil são:
– redução das chuvas em algumas áreas da Floresta Amazônica, sobretudo aquelas localizadas mais ao norte e também a leste. Nesse caso, abre-se um precedente para o aumento das queimadas na região;
– aumento relativo do índice de chuvas na região Centro-Oeste, embora esse aumento seja mais perceptível somente nos anos em que o El Niño se manifesta de forma mais intensa. Além disso, essa elevação nos índices de pluviosidade somente ocorre durante a estação mais chuvosa do ano nessa região, o verão.
– fortes secas e estiagens na região Sudeste e em algumas áreas da região Norte, muito em função da maior parte das massas de ar úmido perder força ou se precipitar totalmente antes de sua chegada nessa área do país.
– redução dos efeitos do inverno na região Sudeste, ou seja, uma pequena elevação das temperaturas durante essa estação do ano, fazendo menos frio.
– elevação severa nos índices de pluviosidade e também nas temperaturas da região Sul, sobretudo no estado de Santa Catarina, que passa a sofrer com as chuvas torrenciais, o que costuma desencadear problemas ambientais urbanos, como os deslizamentos e as enchentes.
Mesmo com muitos estudos científicos realizados na área de climatologia, não são totalmente claras as características do El Niño e também os seus efeitos nas diversas áreas. Vale lembrar que as consequências acima citadas foram enumeradas a partir de análises feitas em uma escala pequena, ou seja, em grandes áreas. Em regiões menores ou mais específicas, os efeitos podem ser diferentemente sentidos, de modo a não ser totalmente precisa qualquer previsão sobre as reais consequências do El Niño no Brasil.