A Distribuição Industrial do Brasil é historicamente caracterizada pela elevada concentração de indústrias na região Sudeste do país, apesar do processo de desconcentração produtiva que o país vem passando nas últimas décadas.
A industrialização brasileira iniciou o seu processo após a crise de 1929, quando a economia do país foi profundamente afetada pela dependência na exportação de matérias-primas. Com isso, durante a Era Vargas, os primeiros esforços de industrializar o país foram estabelecidos. No entanto, foi somente a partir da segunda metade do século XX que esse processo foi efetivamente consolidado.
Como a concentração das obras e bens em infraestrutura estavam situados na região Sudeste, com destaque para as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, a industrialização do país ocorreu nessas localidades, estendendo-se também a Minas Gerais. Além da infraestrutura, essa região contava com a maior parte da massa de trabalhadores no país em razão da prática da cafeicultura, a principal atividade econômica do país até então.
Assim, a partir da década de 1950, com a ampliação do sistema rodoviário – que em um curto período de tempo conseguiu, finalmente, superar o sistema ferroviário –, foi possível iniciar o processo de industrialização no restante do território nacional, porém, de forma tímida e lenta.
Ao longo da década de 1970, dados estatísticos chegaram a registrar uma concentração industrial de 45%, do total de fábricas instaladas no país, somente na Grande São Paulo. Tal processo motivou um sistema de migração em massa da população de outras regiões para essa área do território, contribuindo para ocorrência do fenômeno da macrocefalia urbana que, além da capital paulista, afetou também as cidades do Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Com a promulgação da Constituição de 1988, as Unidades Federativas ganharam uma maior autonomia por parte do Governo Federal para gerirem a política de incentivos fiscais para indústrias em seus territórios. Isso acarretou o surgimento da chamada Guerra Fiscal, em que os estados disputavam a presença das empresas – principalmente as multinacionais – em seus territórios através de redução ou isenção de impostos, entre outros benefícios.
A partir de então, o Brasil assistiu ao seu processo de desconcentração industrial, o que contribuiu para frear, ao menos em partes, o processo de intenso fluxo migratório em direção ao Sudeste do país. No entanto, essa desconcentração foi responsável pela perda na arrecadação de impostos e pelo aumento da exploração da força de trabalho, visto que para receber as grandes empresas em seus territórios, muitos governos locais faziam (e ainda fazem) concessões e “vistas grossas” para determinadas práticas, tanto no âmbito trabalhista quanto no quesito ambiental.
Além disso, essa desconcentração foi responsável para a expansão do êxodo rural (migração em massa da população do campo para a cidade), que fez com que as problemáticas urbanas deixassem de ser uma exclusividade das grandes metrópoles do Sudeste brasileiro.